As demandas pelo bem-estar dos animais e aves de produção continuam a crescer em todo o mundo. O bem-estar das aves de produção recebe a atenção de grupos de interesse, empresas avícolas multinacionais, consumidores locais, comerciantes varejistas, empresas da cadeia alimentar, restaurantes e governos.
Nos últimos dois anos, os países da América do Sul e Ásia, ou implementaram regulações, ou estabeleceram planos para adotar padrões internacionais de bem-estar animal.
A produção de poedeiras recebe muita consideração por parte dos grupos interessados no bem-estar animal devido aos sistemas de gaiolas, a alta produtividade destas aves e outras práticas de manejo que, por não serem bem compreendidas, não são aceitas.
- Os produtores de ovos têm sido muito proativos na hora de responder às inquietudes e se adaptar às sugestões dos clientes, assim como à nova legislação governamental.
- Foram criadas muitas certificações de bem-estar, com sólidos programas de capacitação e auditoria.
INÍCIO NO INCUBATÓRIO
A produção de poedeiras está sob fiscalização desde o incubatório até o final do ciclo de vida. O sacrifício de machos de um dia por parte das empresas de produção de poedeiras foi um dos temas mais controversos.
- Notícias recentes indicam que esta prática estará proibido na Alemanha a partir de janeiro de 2022, tornando-se o primeiro país a fazê-lo.
- Existe a possibilidade de que uma legislação similar se estenda pela Europa e outros países, como já ocorreu com os sistemas de gaiolas.
As soluções já estão em implementação:
- O mercado de criação de pintinhos machos de poedeiras para produção de carne está crescendo, especialmente na Europa Ocidental.
- Por outro lado, os sistemas de sexagem in ovo nas últimas fases de desenvolvimento deverão começar a ser testados comercialmente muito em breve.
- Por exemplo, a Agri Advanced Technologies GmbH anunciou uma aplicação de sucesso da sua máquina sexadora in ovo Cheggy na HyLine Itália há algumas semanas.
Várias empresas estão desenvolvendo tecnologias de sexagem in ovo em todo o mundo. Os enfoques variam na metodologia para obter os dados necessários para classificar os ovos por sexo.
Algumas tecnologias exigem a abertura de um orifício no ovo, enquanto outras não e algumas podem diferenciar o gênero antes que outras. A detecção pode ser realizada a partir de espectroscopia.
- Geralmente, a precisão da sexagem em alguns destes sistemas é superior a 98,5%, a taxas superiores a 30.000 ovos por hora.
- O sexo pode ser determinado a partir do quarto dia de incubação, porém, o mais comum é o nono.
- Todas as máquinas utilizam sistemas de eliminação de embriões aprovados por muitas agências científicas e de bem-estar.
Com base nesta precisão, rendimento, tamanho aceitável dos protótipos e muitas empresas oferecendo inovações, poderia-se esperar que este problema de bem-estar estivesse resolvido. |
Porém, existe a preocupação de que nem todos os mercados adotarão a tecnologia de sexagem in ovo, já que alguns podem enfrentar grupos de ativistas do bem-estar que consideram que a vida ainda está alterada. No entanto, a seleção por sexo será realizada em um invertebrado que, provavelmente, poderia ser mais aceitável ao público.
SISTEMAS DE ALOJAMENTO
Existe uma tendência significativa e, às vezes, até o compromisso dos produtores de ovos de mesa de por fim a qualquer sistema de gaiolas em quase todos os países.
O problema comum a ser resolvido na transformação dos sistemas de produção é como fazê-lo para realmente melhorar o bem-estar das aves e, consequentemente, a sustentabilidade da indústria. Passar de gaiolas convencionais ou enriquecidas para qualquer sistema livre de gaiolas pode levar vários anos, ou décadas em toda a indústria.
A pressão social é tão intensa que forçará algumas modificações no alojamento. Muito em breve, todos os sistemas de gaiolas convencionais deverão permitir mais espaço por galinha.
A maioria dos estudos demonstram que os amplos sistemas de alojamento das galinhas não superam as gaiolas enriquecidas em todos os aspectos possíveis avaliados. Os sistemas de produção de ovos livres de gaiolas, ou em galinheiros também têm um impacto ambiental mais considerável.
No entanto, os promotores dos sistemas livres de gaiolas focam em proporcionar o que percebem como condições de alojamento que permitam a expressão dos comportamentos esperados e proporcionem ausência de desconforto, medo, angústia, dor, lesões e enfermidades. Vem-se promovendo que o uso livre de gaiolas é a solução para estes possíveis problemas. |
Apesar da evidência, a maioria das pesquisas e avaliações comerciais do bem-estar das poedeiras continua focando em medir o comportamento, bicagem de penas, canibalismo, uma multiplicidade de indicadores de saúde e mortalidade.
As principais prioridades do comportamento são aninhar, empoleirar, banhar-se na areia e buscar alimentos. Em consequência, os sistemas de alojamento que não proporcionam material, espaço ou equipamento para realizar estes comportamentos não são bem aceitos.
Os ninhos e poleiros geralmente não são um problema, já que tanto os sistemas de gaiolas enriquecidas como os de funcionamento livre oferecem os equipamentos e espaço necessários. Porém, o banho de areia e a busca por alimentos se tornam um desafio contínuo, porque as galinhas esgotam rapidamente os materiais necessários em qualquer sistema.
- Nos comportamentos, as interações agressivas aumentam em grupos maiores de 100 galinhas devido às interações para estabelecer uma ordem hierárquica.
- O dano às penas causado pela bicagem é maior nos sistemas livres de gaiolas, ao contrário do que é esperado pelos grupos de bem-estar. Podemos observar alguns dos dados na Tabela 1.
A razão é que uma vez que se aprende o comportamento de bicagem, se transmite mais rápido e permanece durante um tempo mais prolongado quando os lotes são grandes.
Os sistemas livres de gaiolas têm alguns benefícios como a melhoria da força esquelética, especialmente nos ossos das patas, principalmente devido ao aumento da atividade na maioria do lote. Porém, como consequência das constantes quedas e colisões, as galinhas em sistemas livres de gaiolas também apresentam fraturas.
- As fraturas do osso da quilha nos sistemas free range oscilam entre 48% e 90%, enquanto as galinhas alojadas em gaiolas enriquecidas apenas entre 25% e 54%.
- Além disso, as galinhas em gaiolas enriquecidas sofrem, principalmente, lesões por compressão que têm menor probabilidade de produzir dor.
- Pelo contrário, os desvios do osso da quilha observados nos sistemas com acesso ao piquete são de moderados a graves, o que provoca dor mais aguda e crônica.
As galinhas em sistema livre como aviários e galpões têm mais contato com as fezes. |
- É possível que desenvolvam dermatite do coxim plantar e pé torcido que, por vezes, podem afetar a locomoção.
- A mesma situação aumenta a incidência de enfermidades parasitárias, que não são observadas nos sistemas de gaiolas.
- Existe uma tendência de aumentar a produção de ovos de galinhas caipiras, porém, a maioria dos lotes é encontrada em locais fechados devido a intempéries, o que faz com que quase todas as instalações se transformem em aviários durante parte do tempo.
Nos galpões, a poeira é pelo menos seis vezes maior que nas gaiolas.
- Consequentemente, os patógenos transportados pelo ar, as pequenas partículas de poeira e o aminoácido são de cinco a sete vezes mais altos que nos sistemas de gaiolas.
- É mais provável que ocorram enfermidades respiratórias nestas condições de qualidade do ar. As infecções causadas por bactérias, vírus e ácaros vermelhos são mais comuns nos sistemas de alojamento baseados em cama (Tabela 2).
- Estas razões explicam parcialmente porque os sistemas livres de gaiolas sempre tiveram maios mortalidade, comparados aos sistemas de gaiolas enriquecidas.
- Em muitos estudos, os predadores se tornaram a principal causa de mortalidade para os sistemas livres de gaiolas.
Concluindo, apesar de os que promovem o bem-estar das poedeiras preferirem os sistemas livres de gaiolas, os desafios para manter a saúde e evitar a mortalidade são maiores.
Entre as ferramentas exploradas, a corticosterona nas fezes ou a polpa das penas tiveram um grande potencial porque são consideradas não invasivas e não disruptivas.
- A corticosterona das penas só refletem a exposição hormonal durante o crescimento das mesmas e, quando se recolhe amostras durante a muda, os títulos de corticosterona podem não ser representativos.
- Há grandes variações intra e interindividuais.
- Os valores médios observados são 75,2 pg / mg ± 38,58 pg / mg.
- A variação intraindividual se deve ao tipo de penas que são avaliadas.
Ainda existe a preocupação de que a corticosterona nas penas, ou nas fezes, não esteja bem correlacionada com os transtornos do comportamento das galinhas.
Consequentemente, técnicas moleculares baseadas em PCR também estão sendo desenvolvidas para medir o bem-estar.
As aplicações comerciais podem demorar mais, a menos que técnicas inovadoras resolvam as dificuldades com contaminantes, equipamentos e tempo de processamento. No entanto, existem biomarcadores que poderiam ser usados mais em relação aos mecanismos de estresse e dor.
O monitoramento do comportamento é uma metodologia crescente nas avaliações de bem-estar das aves de produção.
- O monitoramento visual é um desafio devido à quantidade de aves que devem ser observadas simultaneamente e no tempo exigido para avaliar múltiplos comportamentos.
- Então, os dados sólidos estão se transformando em um dado melhor para detectar pequenas modificações no comportamento, que podem proporcionar sinais iniciais de problemas de bem-estar.
Existe um software especializado para filtrar o som compilado e eliminar os ruídos de fundo.
- Os sinais acústicos obtidos podem ser transformados em dados utilizados por redes neuronais artificiais.
- Estes modelos matemáticos utilizam uma técnica chamada deep machine learning, que pode detectar mudanças de comportamento com uma precisão geral de 97%.
- No futuro, o monitoramento eletrônico provavelmente possa ajudar os produtores de ovos a detectar a bicagem e o canibalismo suficientemente cedo, assim como para fazer correções ambientais, ou de manejo que previnam a propagação desses comportamentos negativos em todos os rebanhos.
A direção do bem-estar das poedeiras nos leva a aplicar mais tecnologia nas condições das instalações antigas.
O movimento de bem-estar animal está criando novos desafios para os produtores de ovos de mesa em matéria de alojamento, genética, nutrição, medicina veterinária e manejo. |