Em pouco mais de 33 anos, a Ovos Mantiqueira alcançou o posto de maior produtora de ovos da América do Sul e 12ª do mundo. Suas 11,5 milhões de galinhas correspondem a pouco mais de 10% a população total de poedeiras do Brasil. São mais galinhas do que habitantes na Bolívia, que poderia vir seguido ainda por mais 116 países.
A Ovos Mantiqueira oferece ao consumidor mais de uma dezena de opções de linhas de ovos, que variam entre plant based, orgânico, gourmet, solidário, ômega 3, happy egg, do sítio, de codorna, caipira, além do ovo líquido.
A empresa também oferece o maior clube de ovos, por assinatura, da América do Sul, com opções de 5 kits diferentes.
À frente deste negócio tão bem-sucedido está o empresário Leandro Pinto, que trabalha com avicultura desde 1987, quando iniciou as atividades da Granja Mantiqueira com 30 mil aves, no município de Itanhandu (MG). Ele diversificou seu negócio ampliando para os setores da pecuária e agricultura e hoje gera mais de 2.200 empregos diretos.
A aviNews Brasil conversou com Leandro Pinto e com o médico veterinário, Guilherme Moreira, que desde 2008 atua como Gerente Executivo de Avicultura do Grupo Mantiqueira.
Acompanhe a seguir o resultado da nossa conversa.
aviNews Brasil – Quais ingredientes básicos do êxito da Ovos Mantiqueira são possíveis de serem utilizados por qualquer produtor de ovos do Brasil e da América Latina?
Leandro Pinto – Desde o início nosso foco nunca foi sermos o maior. Mas, desde sempre, nos esforçamos e trabalhamos para sermos os melhores. Buscamos inovar. Nos antecipamos em importar a mais alta tecnologia para oferecer qualidade diferenciada nos nossos produtos, levando o melhor e mais completo alimento aos consumidores. Essa cultura é o que move a Mantiqueira desde sua fundação e acredito que são os elementos fundamentais para empresas e empreendedores de qualquer segmento buscarem o sucesso.
AN – E quais os ingredientes, que não são básicos, mas são essenciais / obrigatórios para o sucesso de uma produção de ovos?
Leandro Pinto – Estar atento ao setor e antecipar os desejos do consumidor e do mercado com produtos diferenciados. Isto, somado a trabalho duro, persistência e foco na busca de soluções diante das dificuldades.
AN – Escuta-se produtores ponderando sobre a impossibilidade de atender a demanda mundial por ovos a partir de um sistema de aves livres, por falta de espaço suficiente. Ao mesmo tempo, assistimos experiências como a da Ovos Mantiqueira, que instalou um aviário de aves livres num supermercado do Rio de Janeiro. Para que lugar o setor vai caminhar?
AN – Em março de 2019, um ano antes desta entrevista, a Ovos Mantiqueira lançou o N. Ovo, que é o ovo a base de vegetais. O N. Ovo é ovo? Ou é um ovo, que não é ovo? E qual o balanço em termos de vendas e aceitação do produto, após esse um ano de lançamento?
AN – Qual o espaço da automação na Mantiqueira e quais os critérios adotados para esse investimento em tecnologia?
Leandro Pinto – A Mantiqueira foi a primeira granja a investir em automação no Brasil. No nosso setor, fomos pioneiros em acreditar nestes sistemas que otimizam a produção e elevam a qualidade do alimento. Hoje é inevitável não contar com a tecnologia na Mantiqueira. Nosso investimento é constante e estamos sempre importando as últimas novidades mundiais do setor.
Guilherme Moreira – Vejo que a busca por automação e tecnologia é constante em nossos processos produtivos, logísticos e comerciais. Seja por meio de automação, otimizando os custos de produção e dando maior confiabilidade aos processos. Seja também por meio de adoção de tecnologia para melhorar controles e monitoramentos com foco em aumentar a eficiência produtiva e reduzir perdas. Ainda temos, no Brasil, um custo alto na tecnologia já utilizada em países da Europa e EUA, que dificulta o payback. Acredito que espaço para isso se constrói. Fomos pioneiros nos galpões verticais e estamos sempre abertos e buscando a otimização que a automação e a tecnologia pode trazer.
AN – Do ponto de vista da Mantiqueira, qual foi a invenção / descoberta mais importante dos últimos anos para a avicultura de postura em termos de: genética; nutrição; manejo; equipamentos; saúde.
Guilherme Moreira – Pessoalmente, vejo que a avicultura de postura não cresceu devido a uma dessas áreas isolada. O crescimento da avicultura de postura no Brasil se deve justamente à evolução conjunta dessas áreas, que nos permite produzir tão eficazmente.
Em genética, as aves estão cada vez mais produtivas, convertendo tão bem ração em ovo, com grande persistência de postura. Ao mesmo tempo, ficaram mais exigentes em relação a uma nutrição de qualidade e de precisão. Empresas de nutrição têm desenvolvido bons aditivos, que também auxiliam a digestibilidade e favorecem as aves para que expressem todo o potencial que têm. A tecnologia também tem favorecido o desenvolvimento de vacinas recombinantes e autógenas, que têm sido boas ferramentas no controle das doenças emergentes e reemergentes na avicultura.
E, por último, temos passado por uma grande revolução em equipamentos, favorecendo o bem-estar animal e o aumento da eficiência produtiva. Destaco os avanços nos equipamentos para ambiência e na automação para coleta de ovos, esterco e distribuição de ração. Estamos vivendo uma grande mudança com a integração de sensores e controladores, ou seja, a inteligência artificial a serviço das aves.