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Em 3 anos, ovos orgânicos deverão ser 50% da produção da Korin

Escrito por: Priscila Beck
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Reginaldo Morikawa Korin ovos orgânicos

Nos próximos três anos os ovos orgânicos deverão compor 50% da produção de ovos da empresa paulista Korin. A informação foi passada ao aviNews Brasil por Reginaldo Morikawa, Diretor Superintendente da empresa.

Na entrevista, Morikawa fala sobre a nova linha de ovos orgânicos provenientes de galinhas de linhagens vermelhas. Também explica como acontece a composição dos preços dos ovos orgânicos, os desafios da produção no Brasil e as diferenças nutricionais do ovo orgânico.

Fundada em 1994, a Korin baseia toda a sua produção na filosofia do pensador japonês Mokiti Okada (1882-1955), que preconizou a Agricultura Natural, método agrícola sustentável que respeita o agricultor, vivifica o solo e não utiliza adubos químicos ou agrotóxicos.

Confira a seguir a entrevista de Reginaldo Morikawa, Diretor Superintendente da Korin, ao aviNews Brasil.

 

aviNews Brasil – A Korin está lançando ovos orgânicos provenientes de galinhas de linhagens vermelhas. Qual a diferença desses, para os ovos orgânicos produzidos pela Korin até então? O que levou a Korin à produção dessa nova linha de ovos orgânicos?

Reginaldo Morikawa A Korin é pioneira no Brasil na produção de ovos sem o uso de antibióticos na criação das galinhas e a receber a certificação de bem-estar animal pela Humane Farm Animal Care. Todas as aves da empresa, tanto as de corte quanto as poedeiras, seguem este processo produtivo com certificações independentes.

A empresa tem como missão produzir e comercializar alimentos que promovam a saúde e o bem-estar do consumidor, assim como a prosperidade do produtor, utilizando métodos produtivos que gradativamente concretizem a Agricultura Natural preconizada por Mokiti Okada, através de um modelo social, ambiental e economicamente sustentável.

Desta forma, a evolução dos produtos da Linha Sustentável para a Linha Orgânica é uma tendência natural na empresa, pois é o caminho para a Agricultura Natural de Mokiti Okada.

Os ovos da Linha Sustentável da Korin (brancos e vermelhos) diferenciam-se de ovos convencionais pois são produzidos no sistema Antibiotic Free (Livre de antibióticos), onde as aves não recebem nenhum tipo de antibióticos (quimioterápicos ou como promotores de crescimento), anticoccidianos e a ração é isenta de ingredientes de origem animal.  As aves possuem liberdade para expressar seu comportamento natural como: bater asas, coçar, tomar banho de areia, correr e empoleirar. São criadas soltas, dentro do galpão, livre de confinamento em gaiolas, possuem ninhos para realização da postura, poleiros e acesso à área de piquetes ao ar livre.

Os Ovos Orgânicos (vermelhos) seguem o mesmo sistema de produção da Linha Sustentável, com o diferencial das aves somente consumirem ração de origem orgânica certificada, como exige a Lei de Orgânicos do Brasil ( lei de nº 10831 de 23 de dezembro de 2003).

AN – Em que escala a Korin pretende produzir essa nova linha de ovos e onde ela poderá ser encontrada? Ao todo, qual a demanda mensal de ovos orgânicos da Korin e a que mercados atende?

RM – Os ovos orgânicos estão ainda em lançamento e já atingiram um patamar de 10% dos 2,4 milhões de ovos produzidos mensalmente. A empresa, em 3 anos, tem interesse em dobrar o número de ovos caipiras vermelhos da Linha Sustentável (Antibiotic Free), passando a atender também as linhas de FI-Food Ingredient e de Fast Food que cada vez mais preferem os ovos livres de gaiolas e com bem-estar animal na composição de seus pratos e produtos.

Os ovos orgânicos devem, neste período, passar a ser 50% do total a ser produzido. Todas as grandes praças no Brasil já estão recebendo os ovos da Linha Orgânica, que possuem uma embalagem de polpa de papel que, além de biodegradável, é mais adequada para que o ovo possa suportar ser transportado a regiões mais distantes.

 

AN – A Korin tem capacidade para ampliar a produção de ovos orgânicos?

 

RM – A expansão dos ovos orgânicos é muito simples de ser realizada. Eles têm condições de serem produzidos em pequenos lotes, o que facilita em muito o seu crescimento. Hoje os fatores que mais influenciam este desenvolvimento são dois: a escassez de insumos orgânicos como o milho e a soja que, em sua maioria, são exportados, e a capacidade e o interesse dos consumidores de passarem a comprar os ovos orgânicos que têm 70% de seu custo de produção advindo dos altos preços que estes grãos orgânicos atingem.

AN – Em que percentual se encontra hoje a diferença de preços entre os ovos produzidos em sistema orgânico, dos produzidos de forma convencional? Que elementos têm peso sobre essa diferença de preços?

RM – Importante destacar que todos os ovos produzidos pela Korin, tanto da Linha Sustentável quanto da Linha Orgânica, seguem as normas de produção de Frango Caipira (ABNT NBR 16389:2015), que dentre outros quesitos são livres de gaiolas.

A diferença que estamos observando, no ponto de venda, do preço do ovo orgânico em relação ao ovo convencional é superior a 100%, chegando, em alguns casos (depende da margem de lucro da loja), a 150%.

A principal diferença que impacta no preço encontra-se no sistema produtivo, no qual as galinhas ocupam áreas muito maiores que nos sistemas confinados devido a muito menor densidade. Um galpão que abriga 10 mil galinhas soltas, abrigaria algo como 70 mil galinhas confinadas. Este sistema aumenta a necessidade de mão-de-obra, uma vez que os ovos devem ser recolhidos com maior frequência.

Além disso, a nutrição exerce um peso muito grande nos custos de produção. A ausência do uso de antibióticos faz com que os cuidados na seleção de grãos e na qualidade microbiológica da ração sejam um fator essencial para o sucesso da atividade. Claro que quando estamos falando de ovos Orgânicos, toda a ração deve ser de origem orgânica, certificada e esses grãos orgânicos são significativamente mais caros que os grãos convencionais. Mas observe que temos fatores positivos, senão vejamos:

Maior oferta de trabalho no campo, oferecendo oportunidade para um setor que sofre com êxodos constantes e serviços, comumente, mal remunerados.

Promovemos um controle na qualidade da ração que traz óbvias vantagens para os animais que se mantém saudáveis sem a dependência de medicamentos e, finalmente, aumentamos a demanda por grãos orgânicos, os quais não utilizam fertilizantes químicos, herbicidas e agrotóxicos em sua produção, livrando o meio ambiente de tais contaminantes.

Cremos que nas questões de custo e, finalmente, de preços, devemos levar em consideração os benefícios gerados tanto em nossa saúde, como na saúde do meio ambiente. Trabalhos mais recentes vêm mostrando, de forma mais clara, estes ganhos e, em mais alguns anos, temos certeza que a sociedade em geral terá melhores informações e, portanto, condições para suas decisões de compra.

NA – Existem diferenças nutricionais entre os ovos orgânicos e os de produção convencional?

RM – Segundo DAROLT, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), observou-se que existe uma tendência de superioridade na qualidade nutricional do alimento orgânico para os alimentos de origem animal quando comparado ao sistema convencional, porém este é um campo de pesquisa ainda novo e que deve ser aprofundado.

Há trabalhos que mostram algumas diferenças importantes em relação aos ovos de galinhas que têm acesso a áreas externas e a uma complementação alimentar a base de fibras vegetais e matérias verdes. Níveis de antioxidantes como certos pigmentos naturais e precursores de vitaminas podem ter níveis maiores nestas produções. Tais elementos possuem funções importantes em nossa nutrição, exercendo papéis sutis, porém relevantes em nosso bem-estar geral.

AN – No Brasil, a produção de ovos orgânicos é uma atividade predominante dos pequenos, médios ou grandes produtores?

RM – Pequenos, devido principalmente à disponibilidade de grãos certificados orgânicos no mercado brasileiro e à necessidade de área para pastejo das aves (1 m² por ave na área externa). Faz parte dos valores da Korin elevar a renda e a qualidade de vida dos agricultores de origem familiar, fundamental para a construção de uma sociedade equilibrada. A valorização do produtor, que representa a base do processo, garante a sustentação de toda a cadeia produtiva. Colocamos a saúde e o bem-estar dos produtores em primeiro lugar.

AN – Por ser uma empresa que segue a filosofia do bem-estar animal desde seu surgimento, a Korin está à frente, no que tange à produção de ovos com galinhas livres de gaiolas. Que tecnologias atendem melhor às necessidades da produção cage free da Korin? E por que?

RM – Para a produção Cage free, muitas pesquisas em nutrição, comportamento animal e ambiência são desenvolvidas para garantir a sanidade e bem-estar das aves. Por ser uma empresa que trabalha sob os princípios da Agricultura Natural, as questões de bem-estar animal são consideradas essenciais para que consigamos ter animais saudáveis e produtivos sem o uso de recursos medicamentosos. Sobretudo nossos produtores são treinados nestes princípios. Desta forma, toda uma lógica produtiva sustentável se dissemina promovendo mudanças importantes na maneira como os produtores se relacionam com os animais e com o meio ambiente em suas propriedades rurais.

AN – Que tecnologias são adotadas pela Korin para a produção sem o uso de antimicrobianos enquanto promotores de crescimento?

RM – A principal ferramenta para controle da sanidade do lote é a prevenção e o respeito ao animal, atendendo as suas necessidades desde 1 dia de vida até a fase final de produção. Os cuidados envolvem a seleção das linhagens mais adaptadas ao modelo de produção, a seleção de funcionários e produtores que amam a criação de galinhas e têm respeito e gratidão pelas aves, o preparo adequado das instalações, o cuidado no preparo da ração e no manejo das aves.

Observamos o que ocorre na Natureza e buscamos introduzir alguns pontos na cadeia produtiva de ovos comerciais como, por exemplo, o fornecimento de extratos de plantas e probióticos na alimentação das aves, o acesso à área externa, entre outros. Isso faz com que tenhamos aves com menor stress e mais sadias.

Da Redação

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