Palestras do SBSA 2025 reforçam alerta sobre variantes da Bronquite Infecciosa e plano de contingência contra Influenza Aviária
O Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) já celebra o sucesso do 25º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA) que encerrou na manhã desta quinta-feira (10). Dentro do Bloco Sanidade, Iara Trevisol e Bruno Rebelo Pessamilio foram os últimos palestrantes da programação científica. O Simpósio iniciou no último dia 8 de abril no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, e reuniu mais de 2,2 mil pessoas em palestras e na 16ª Brasil Sul Poultry Fair, uma das mais importantes feiras de negócios do setor.
Especialista no tema, graduada em Medicina Veterinária e mestre em Ciências Veterinárias, Iara discorreu sobre a principal doença respiratória em aves no Brasil, a Bronquite Infecciosa Aviária (BI) no tema “Interação entre as diferentes variantes do vírus da Bronquite Infecciosa Aviária e seus desafios no campo”. A palestrante abordou que a doença Bronquite Infecciosa Aviária, é altamente contagiosa e infecciosa, causada por um coronavírus, popularmente conhecido como “Vírus da Bronquite Infecciosa” (VBI).
Este vírus, tem a capacidade de se alterar espontaneamente e trocar seu material genético com outras cepas de VBI. “Abordamos sobre as variantes de bronquite infecciosa das galinhas, um assunto que trabalhamos há décadas aqui e no mundo inteiro. Eu apresentei as particularidades dos nossos casos brasileiros. As cepas que existem no Brasil não existem em outros lugares, por isso nosso estudo é tão aprofundado”, explanou.
Iara debateu que um vírus A circulando no mesmo ambiente que o vírus B, poderá produzir um vírus AB ou BA. Estes novos vírus são denominados variantes, porque modificaram parte do seu material genético em relação a cepa originária. Por consequência, o VBI é conhecido por seus inúmeros tipos e o controle da doença é um dos maiores desafios enfrentados na cadeia avícola. “A partir de 2019 tivemos novos casos de doença respiratória extremamente severa. Nós importamos vacina, mas precisamos trabalhar assiduamente com biosseguridade para não precisar mais de vacina, porque o cenário pode piorar”, apontou.
Conforme Iara, o Brasil estava numa condição relativamente satisfatória, com o sorotipo da vacina tradicional Massachusetts e uma cepa local. A situação se tornou complicada a partir da entrada dessa cepa e da vacina estrangeira no desafio de campo. “A solução não é comprar vacina estrangeira ou aplicar diversos tipos de vacina. Quanto mais vacina viva chegar, creio que pode piorar a situação, por isso que eu insisto tanto na via da segurança. Concordo que vacinas são boas, desde que a gente possa melhorar o processo de vacinação. E não esquecer que cepas vacinais sempre estarão favorecendo o surgimento de novas variantes produtivas ou não”, abordou.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
Bruno conduziu o tema “Plano de contingência para Influenza Aviária e Doença de Newcastle: o papel do setor no controle e erradicação de focos”. O médico veterinário, especialista em Defesa Sanitária Animal, abordou sobre o enfoque na atuação das empresas para se prepararem em eventuais focos das doenças. “É importante diferenciar as ações que cabem ao serviço veterinário oficial e as empresas. O ponto principal é entender qual o papel da empresa. A primeira ação é executar o plano de contingência, que é justamente a notificação de caso suspeito”, explicou.
Segundo Bruno, as empresas são responsáveis por identificarem as suspeitas a campo e notificarem o serviço veterinário oficial. Uma vez que, se essa suspeita for notificada, será realizada uma investigação e caso seja confirmado um foco de influenza, será iniciado o plano de ação, uma situação de erradicação de foco. Explanou ainda que o objetivo da empresa será a resolução do problema dentro da sua unidade produtiva e o cuidado de outras unidades produtivas que estejam dentro da área de emergência. “Então é importante que as empresas estejam preparadas para as principais ações de erradicação, que são a depopulação, destruição das carcaças, cama, resíduos e também a limpeza e desinfecção da unidade”, pontuou.
As medidas incluem ainda a diminuição de riscos e impactos econômicos nas outras propriedades na área de emergência para que elas possam continuar operando dentro de novas condicionantes de trânsito, além de minimizar o impacto econômico. O palestrante apresentou ainda os desafios no plano de contingência, que incluem o entendimento e mudança na cultura das empresas para o foco na prevenção, e sobretudo na reação, nos planos de contingência. “Eu vejo essa necessidade nas empresas. É preciso que elas internalizem a cultura de fortalecer a biosseguridade, mas de reagir também. Então, acredito que estamos passando por essa mudança com os focos de influência viária que tiveram no Brasil nos antepassados e também no próprio continente sul-americano”.
O processo, segundo Bruno, ainda precisa evoluir, para que as empresas tenham consciência, mas estejam preparadas com documentos completos, recursos humanos, materiais, financeiros, equipes bem treinadas e capacitadas para atuar. “Acredito que estamos nesta fase de aprimoramento das empresas para situações de emergência. E o Brasil tem um potencial muito bom para isso. Nós temos excelentes profissionais”.
Bruno finalizou a palestra com enfoque na preparação das empresas e atenção para a ocorrência da Influenza Aviária em vários países da América do Sul. “No Brasil, por mais que tenhamos uma situação favorável epidemiologicamente, sem vírus circulando esse ano, não tivemos detecção de Influenza Aviária, mas não podemos nos acomodar. O recado é de alerta. As empresas precisam ser rápidas porque não temos como prever se vai ocorrer ou não, e caso ocorra, não temos como prever quando, mas o nosso papel é estarmos preparados para isso”, finalizou.
variantes da Bronquite Fonte: MB Comunicação / Acessoria de Imprensa Nucleovet