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Persistência da influenza aviária de alta e baixa patogenicidade

Escrito por: Dr. Rodrigo Gallardo
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¿Por qué el virus de la Influenza aviar es tan persistente?

Conteúdo disponível em: Español (Espanhol)

O último surto de influenza aviária altamente patógena do ano de 2015 foi o mais severo na história da indústria avícola dos Estados Unidos. Este surto exterminou com aproximadamente 6% e quase 9% da população de perus e galinhas poedeiras, respectivamente.

O vírus de alta patogenicidade H5N8 (clade 2.3.4.4) se originou na Ásia, onde afetou reprodutoras pesadas e poedeiras, especificamente na Coreia do Sul.

A migração deste vírus até o território Norte Americano ocorreu através aves migratórias. Em dezembro de 2014 o vírus foi detectado no Canadá, causando surtos em frangos comerciais e perus. Usando a rota migratória do Pacífico, este vírus chegou em 2015 ao noroeste dos Estados Unidos.

Posteriormente, o vírus foi capaz de recombinar seu genoma com o do vírus endêmico da América do Norte, gerando assim o vírus de alta patogenicidade (HPAI) H5N2, causador do desastre na área Central Norte-americana, sendo distribuído através das rotas central e do rio Mississipi das aves migratórias.

A razão pela qual este vírus persistiu tanto tempo, causando perdas enormes à indústria não é totalmente clara. O clima da região, a densidade das aves, problemas na biosseguridade das granjas e diferenças no comportamento do vírus foram estudados como hipótese para explicar a persistência deste surto.

BIOSSEGURIDADE COMO ESTRATÉGIA

Na Universidade da Califórnia temos focado em avaliar a efetividade de medidas práticas de biosseguridade, como pedilúvios, no controle do vírus H5N8, causador dos surtos de alta patogenicidade na Califórnia, e o comparamos com um vírus H6N2 de baixa patogenicidade isolado anteriormente em frangos.

Finalmente, avaliamos a persistência do vírus da influenza aviária de alta e baixa patogenicidade em cama de frangos, perus e excremento de poedeiras.

PRIMEIRA MEDIDA

Foi realizada uma pesquisa entre os produtores de frangos, perus e poedeiras na Califórnia sobre a preparação, uso e manutenção dos pedilúvios.

Três foram os desinfetantes mais usados entre os produtores: Cloro granulado, amônio quaternário e glutaraldeído.

A preparação e manutenção de pedilúvios mostrou uma grande inconsistência nos processos.

Alguns produtores informaram fazer a manutenção diariamente, enquanto outros informaram fazer a manutenção em até mais de quatro dias entre preparação de um pedilúvio e sua reposição, o que demonstra a inconsistência no uso desta ferramenta.

Os sistemas de aplicação também mostraram ser variáveis:

É importante recordar que ante a impraticabilidade dos pedilúvios em certas propriedades, uma boa alternativa é o “Sistema Dinamarquês”, que requer barreiras físicas e troca de sapatos por botas de uso exclusivo.

Também é importante recordar que os pedilúvios também atuam como uma barreira física para a entrada de pessoas nas casinhas onde se alojam as aves.

Quanto à efetividade dos desinfetantes focamos em três dos mais usados seguindo o projeto experimental da Figura 1.

Os pedilúvios foram recriados usando cada um dos desinfetantes.

As botas foram impregnadas com fezes contaminadas com o vírus de influenza aviária de alta ou baixa patogenicidade, cobrindo as ranhuras destas.

Diferentes botas foram usadas nos diferentes pedilúvios, sendo submergidas por cinco segundos antes de obter amostras do interior das ranhuras.

As amostras foram processadas e utilizadas para detecção molecular (RT-PCR) e isolamento viral em ovos embrionados.

Ambos os vírus foram detectados por RT-PCR e isolamento viral a cada 24 horas e por um total de 72 horas em todas as amostras tomadas de botas contaminadas sem tratamento desinfetante e também as tratadas em pedilúvios preparados com amônio quaternário e amônio quaternário mais glutaraldeído.

Figura 1. Projeto experimental para determinar a efetividade de pedilúvios contra influenza aviária de alta e baixa patogenicidade

O cloro granulado foi capaz de eliminar o vírus não sendo possível detectá-lo (usando RT-PCR e isolamento viral) durante todo o experimento (Tabela 1).

Tabela 1. Detecção de influenza aviária de alta (HPAI) e baixa (LPAI) patogenicidade por técnicas moleculares (RT-qPCR) e isolamento viral em fezes contaminadas obtidas das ranhuras de botas submergidas em pedilúvios preparados com distintos desinfetantes

RESULTADOS

Estes resultados sugerem a incapacidade dos pedilúvios de eliminar os vírus da influenza aviária se não se adotar medidas de manutenção destes, junto com a eliminação física do material orgânico seja usando escovas ou desinfetante a pressão.

Surpreendentemente, o cloro em grânulos foi capaz de eliminar ambos os vírus desde a primeira amostragem. No entanto deve considerar-se que durante a coleta de amostras alguns grânulos de cloro podem ter-se depositado em solução no meio de cultivo no qual a amostra foi coletada, este cloro em solução pode ter sido o causante da inativação e desintegração do vírus de influenza na amostra.

SEGUNDO EXPERIMENTO

Num segundo experimento comparamos a persistência dos vírus de influenza aviária HPAI e LPAI em cama de frangos, perus e excremento de poedeiras de ovo comercial.

  1. Contaminou-se amostras dos substratos antes mencionados com o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade H5N8 ou de baixa patogenicidade H6N2.
  2. A presença do vírus e a viabilidade deste foram avaliadas a cada 12 horas, a partir das 0 horas, finalizando às 96 horas.
  3. O material genético do vírus foi detectado em todas as amostras e durante todo o experimento.

O mais interessante ocorreu quando medimos a viabilidade do vírus.

VÍRUS DE ALTA PATOGENICIDADE

Sobreviveu menos de 60 horas na cama de frangos e perus, diferente do vírus no excremento de poedeiras, onde foi detectado viável até a último amostragem às 96 horas.

VÍRUS DE BAIXA PATOGENICIDADE

Persistiu ativo em todos os substratos usados por menos de 24 horas, comprovando a maior persistência do vírus de alta patogenicidade. É importante mencionar que não se considerou o número de ciclos que as camas de frangos e perus foram utilizadas (Tabela 2).

Tabela 2. Detecção de partículas virais viáveis em cama de frango, peru e esterco de poedeira a cada 12 horas e até 96 horas depois de contaminados com influenza de alta (HPAI) e baixa (LPAI) patogenicidade por isolamento viral em ovos embrionados de galinha.

Podemos destacar a maior persistência do vírus da influenza de alta patogenicidade. O fato de que os pedilúvios são incapazes de eliminar partículas virais infectantes deve ser um alerta para revisar e avaliar as medidas de biosseguridade nos diferentes complexos avícolas com o fim de prevenir a introdução de enfermidades tanto exóticas como endêmicas.

Este artigo foi escrito pelo Dr. Rodrigo Gallardo para a aviNews.

Uma versão mais completa pode ser obtida em: Este trabalho foi financiado pelo Egg Industry Center (EIC). As opiniões, resultados e conclusões ou recomendações são próprios dos autores e não necessariamente refletem a EIC ou a Universidade de Iowa State.

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