As perspectivas do mercado global de proteínas para este ano e para as próximas décadas foram apresentadas pelo analista sênior de proteína animal do Rabobank, Nan-Dirk Mulder, na palestra de abertura do 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) até esta quinta-feira (6) em Chapecó (SC). A palestra, com o tema “O mercado de proteína animal: uma visão de futuro em um momento de incertezas”, teve patrocínio da Farmabase.
Mulder trouxe uma visão imediata do mercado, com foco em 2023, e apresentou ferramentas de longo prazo para que as empresas possam tomar decisões assertivas. Falou sobre os principais desafios para nortear a produção de proteína animal, entre eles o alto custo de grãos, a mão de obra, energia cara e recursos naturais. Citou que o Brasil está melhor posicionado que outros países em diversos aspectos, com uma boa safra de grãos, pessoas capacitadas e energia acessível, diferentemente do que acontece na Europa, por exemplo.
O especialista disse que as perspectivas de curto prazo são de crescimento global lento na demanda de proteína animal (1%), com destaque para crescimento de carne de frango, além de ovos.
“Para 2023, com mais negociações em baixa, espera-se que os custos de insumos permaneçam altos, mas abaixo de 2022”, frisou. De acordo com Mulder, a economia ainda está fraca, com inflação alta, o que reflete no consumo. O desempenho perante o mercado atual depende da eficiência e do posicionamento. “O foco deve estar no lado da operação, com liderança em custos e biosseguridade”, destacou, ao acrescentar que espera-se que o comércio global se recupere, com a Influenza Aviária sendo o maior curinga para perturbações.
A longo prazo, Mulder disse que a demanda por proteínas seguirá firme e que as proteínas alternativas terão crescimento, entretanto continuarão tendo pequena representatividade perante as convencionais. Das carnes, o frango será o mais consumido em todo o planeta. A demanda global aumentará 16% na próxima década, com aves (+26%) e ovos (+22%) sendo as proteínas de crescimento mais rápido. Salientou que 90% do crescimento global será em mercados emergentes, 55% na Ásia, restante na América Latina, Oriente Médio e África.
Os recursos globais são limitados para focar em eficiência, rendimentos, sustentabilidade e inovação. Para Mulder, o comércio continua sendo importante, mas a produção local está crescendo mais rapidamente. Além disso, as cadeias de valor vão mudar, passando a ser mais digitais e mais inteligentes, com mais vínculos entre clientes e produtores. Nesse cenário, as indústrias precisam ser mais globais e multiespécies e o Brasil pode alavancar ainda mais sua liderança no comércio global e internacionalização.
ABERTURA OFICIAL 23º SBSA
A palestra de Nan-Dirk Mulder marcou a abertura oficial do 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura. Antes da explanação, ocorreu a solenidade de abertura, com a presença de autoridades, palestrantes e congressistas.
O secretário de Desenvolvimento Rural de Chapecó, Mauro Zandavalli, destacou a qualidade do evento e a participação do público, composto por profissionais que atuam na cadeia da avicultura com responsabilidade na produção de alimentos. “Santa Catarina é um importante produtor de frango, com compromisso com a qualidade técnica e com tecnologia”. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, salientou que o Nucleovet construiu um grande patrimônio com a realização do SBSA. “Conseguimos contribuir muito com a avicultura com eventos como esse”, sublinhou.
Lucas lembrou a retomada do evento presencial no ano passado, após a pandemia da covid-19, e sua manutenção neste ano, com os casos de Influenza Aviária. O Nucleovet tomou medidas de biosseguridade, de acordo com recomendações da ABPA, para evitar o surgimento da Influenza Aviária em território brasileiro.
“Mais do que fazer acontecer, precisamos pensar no legado que queremos deixar. E o que queremos é ter o legado de coragem que é possível manter eventos técnicos e científicos, que são importantes para a evolução do setor, das pessoas, dos profissionais e das empresas mesmo em tempos conturbados, realizando-os com excelência”.
O diretor executivo da Farmabase, Vitor Franceschini, ressaltou que é uma satisfação apoiar o SBSA. “É um dos maiores e mais importantes eventos da avicultura do Brasil. Essa edição é importante para o setor, pois nos vemos cercados pela ameaça sanitária, o que exige mais profissionalismo, coesão, comunicação de qualidade e capacidade técnica de todo o setor. As informações repassadas pelos palestrantes nesses três dias ajudarão a fortalecer essas bases”, grifou.
DOAÇÃO
Tradicionalmente, em todos os Simpósios que promove, o Nucleovet doa parte do valor das inscrições pagas para entidades. Nesta edição do SBSA, a comissão organizadora definiu por fazer a doação para a APAE de Chapecó e para o Hospital da Criança Augusta Müller Bohner. O presidente e o vice-presidente da APAE, Jaime Francisco Battisti e Ilo Dias, e o diretor geral do Hospital da Criança, Nemésio Carlos da Silva, receberam um cheque simbólico das doações.
Mais informações acesse o site: https://nucleovet.com.br/simposio/avicultura