Pintinhos estão chegando imaturos à granja por falha no manejo da umidade, afirma especialista
A elevada umidade do ar, especialmente em regiões e períodos chuvosos, tem comprometido silenciosamente o desempenho de lotes de frangos de corte. A avaliação é do especialista em incubação Felipe Lino Kroetz Neto, que participou de entrevista no estúdio oficial, agriNews Play, durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura, em ação promovida pelo Nucleovet em parceria com a agriNews Brasil.
Segundo ele, o excesso de umidade, quando não controlado adequadamente nas centrais de tratamento de ar (CTAs) dos incubatórios, impede que o embrião perca água na medida certa — etapa essencial para que os pintinhos estejam fisiologicamente maduros ao nascer.
“O pintinho pode até estar hidratado, mas isso não significa que ele esteja pronto para ir à granja”, afirmou Felipe. “Se não houver perda de umidade suficiente, ele eclode sem ter completado o desenvolvimento. E isso impacta diretamente a performance no campo”, completou.
O problema tende a se agravar em incubatórios que ainda não contam com equipamentos para controle de umidade nas CTAs, realidade comum em parte significativa das plantas brasileiras. Felipe alertou que o manejo precisa ser ajustado não apenas ao padrão técnico da incubadora, mas também ao clima externo.
Pintinhos estão chegando imaturos à granja por falha no manejo da umidade, afirma especialista
“Muitos incubatórios não consideram o ambiente externo. Mas o Brasil é tropical e, em determinadas épocas, a umidade alta exige estratégias específicas de controle”, destacou.
Para minimizar os impactos, ele recomenda ajustes personalizados, como a operação das incubadoras com umidade mais baixa em determinados períodos e o uso de desumidificadores nos plenos de entrada de ar, adaptando-se às variações geográficas e sazonais. “Não adianta seguir só o manual. Cada região precisa observar seu comportamento climático e adaptar o manejo à linhagem, ao tempo de estocagem dos ovos e às características do lote.”
Felipe também destacou que a temperatura de estocagem nas granjas influencia diretamente a taxa de mortalidade embrionária. “Se eu armazeno ovos a 8 °C no inverno e depois os submeto a uma temperatura elevada no incubatório, a oscilação térmica pode gerar perdas logo no início do desenvolvimento embrionário”, alertou.
Para evitar isso, ele recomenda que as salas de ovos operem entre 18 °C e 24 °C, considerando o tempo de armazenamento e as particularidades de cada granja. A entrevista foi conduzida por Priscila Beck, com participação do médico-veterinário Anderson Mosquén, supervisor técnico da Copacol.
Ao longo da conversa, Felipe reforçou a importância do conforto térmico como fator-chave para a saúde e o desempenho dos pintinhos — desde o embrião até os primeiros dias de vida.
“A termorregulação mal conduzida retarda o desenvolvimento fisiológico, compromete a resposta imunológica e atrasa o ganho de peso. É fundamental que o pintinho saia da incubadora pronto para cumprir seu potencial na granja”, concluiu.
A entrevista integra a série especial do Conexão Nucleovet na Poultry Fair, durante o 25º Simpósio Brasil Sul de Avicultura, e está disponível nos canais oficiais do Nucleovet e agriNews Play Brasil.
Pintinhos estão chegando imaturos à granja por falha no manejo da umidade, afirma especialista