Pontos-chaves no manejo de reprodutores(as) para a qualidade da progênie
O melhoramento genético das aves visa melhorar parâmetros produtivos, zootécnicos e de conformação do frango de corte. Portanto, as Matrizes e Avós são uma etapa intermediária deste processo por serem os transportadores destes atributos genéticos e, por isso, acabam sendo “penalizadas”.
Apenas como exemplo, um atributo muito forte que possui o frango de corte que foi selecionado geneticamente é a voracidade de consumo de alimento, que nas matrizes e avós acaba sendo um grande problema, pois são aves de grande porte e que possuem alimentação restrita, ou seja, consomem pouco volume em relação a sua capacidade de ingestão.
Pontos chaves no manejo de reprodutores(as) para a qualidade da progênie
Esta combinação, aves vorazes e baixo consumo de alimento, resulta num baixo tempo de consumo de alimento que resulta em desuniformidade do plantel, aves estressadas, bicagem ou “bicar penas”, entre outros problemas. Portanto nutrição e manejo alimentar precisam estar muito bem ajustados em reprodutoras.
Ao contrário das poedeiras comerciais que tem como objetivo final o ovo, nas reprodutoras o termino não e apenas no pintinho, mas sim, no frango aos 40-45 dias, pois sabemos que existe grande impacto da qualidade do pintinho no resultado final do frango. Uma grande bagagem nutricional, imunitária e de sanidade são transmitidas da aatriz para o pintinho e que tem muito impacto ao longo da vida do frango.
São vários os pontos críticos de controle das fêmeas e dos machos reprodutores. Vou listar alguns.
Pontos chaves no manejo de reprodutores(as) para a qualidade da progênie
UNIFORMIDADE
A uniformidade é um dos parâmetros mais importantes pois tem impacto durante toda vida do lote. O controle de uniformidade deve ser feito desde a chegada das pintainhas através da ração e do manejo. A fase de recria (das 4 até +/-16 semanas) é a mais crítica pois, além de ser bastante longa e as aves terem muita restrição de alimento, as aves recebem vários tipos de manejo que são muito estressantes, como vacinas e classificações de peso. Ao mesmo tempo durante este período as aves estão formando seu esqueleto e todo sistema reprodutivo (ovário e testículos). Por isso devemos dar grande atenção a este período de Pré-Produção, mas que terá grande impacto na Produção.
NUTRIÇÃO
A nutrição em si tem uma grande importância tanto no desenvolvimento como na produção dos machos e fêmeas. Por serem animais selecionados geneticamente para eficiência e velocidade de ganho de peso, são aves que respondem muito a níveis nutricionais, principalmente aos aminoácidos essenciais, em especial a lisina que é o aminoácido que mais impacta o ganho de peso. Precisamos restringir tanto nos limites máximos de lisina digestível como às vezes limitar a inclusão do farelo de soja nas fórmulas, já que o farelo de soja é rico em lisina.
Armadilha Nutricional! Muito cuidado para os nutricionistas que trabalham com “margem de segurança” nas Matrizes Nutricionais. Para reprodutoras isso acaba sendo uma grande armadilha, pois ao contrário dos frangos em que não faz mal termos uma sobra de nutrientes, para as reprodutoras estas sobras podem trazer grandes malefícios como ganho de peso e desbalanço nutricional.
A nutrição de reprodutoras realmente é muito mais complexa do que de frangos, onde não nos preocupamos muito com os excessos, desde que tenha custo mínimo. A nutrição de custo mínimo para reprodutoras às vezes é um grande perigo, visto a quantidade de restrições que temos na fórmula.
Como exemplo, se temos uma fonte de energia barata como soja integral ou expeller de soja com alta gordura, o programa de formulação vai usar o máximo possível para fazer a ração o mais barata possível (combinando com uma fonte de fibra barata). Porém, para reprodutoras, o excesso de gordura não é bem-vindo, exceto em casos bem específicos como para ração de pré-postura para fazer a reserva de gordura para fase de produção. Nas demais fases o excesso de gordura é muito perigoso.
Pontos chaves no manejo de reprodutores(as) para a qualidade da progênie
Devemos reforçar o máximo possível níveis de vitaminas, minerais (na forma orgânica de preferência), aminoácidos essenciais e não essenciais, imunomoduladores como beta-glucanos, melhoradores de qualidade intestinal como probióticos, ácidos orgânicos, óleos essenciais, entre outros. Enfim, tudo que auxilie no desenvolvimento da ave, mas que não tenha impacto no ganho de peso dela, será bem-vindo.
Devemos lembrar que são aves que consomem pouca quantidade de alimento, mas que deve ter muita qualidade, pois estes nutrientes serão tanto utilizados pela galinha ou galo, como também transferidos para a progênie.
Vários nutrientes consumidos pela ave, assim como seu status imunitário e de sanidade, são transferidos para o ovo e, consequentemente, para a progênie.
Empenamento: talvez o maior problema das empresas atualmente não seja a produção de ovos, mas a fertilidade. Galinhas que são mais produtivas (de ovos), tendem a ter problemas de empenamento e isso leva a uma recusa do macho, levando a uma queda de fertilidade. Isso pode ser corrigido ajustando níveis de alguns aminoácidos na ração de recria e de pré-postura.
MACHOS
Os machos tendem a ganhar mais peso ainda do que as fêmeas, e este controle do ganho é fundamental. Machos muito pesados, além de terem dificuldade na cópula reduzindo a fertilidade, apresentam menor persistência reprodutiva.
Está comprovado cientificamente que altos níveis de arginina (ate 250% da lisina digestível) melhoram desempenho reprodutivo dos machos. Uso do ácido guanaminacético (precursor da creatina) e de cantaxantina na raçao são bastante eficientes para melhorar a atividade e fertilidade dos machos, respectivamente.
Enfim, fazer nutrição de matrizes e avós não e uma tarefa fácil. Exige muito cuidado e atenção nos programas de formulação de mínimo custo. E fazer menos mudanças possível.
Referências sob consulta junto ao autor
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