Produção com responsabilidade
“Um objeto permanecerá em repouso ou em movimento uniforme em linha reta a menos que tenha seu estado alterado pela ação de uma força externa”. Sim, você não leu errado, esta é a Lei da Inércia, também conhecida como a Primeira Lei de Newton. Agora a pergunta é, o que esta Lei tem a ver com a avicultura?
É de amplo conhecimento os impactos causados pelos surtos de influenza aviária ocorridos nos últimos meses, os quais atingiram parte significativa dos planteis avícolas norte americanos e franceses, que foram forçados a “eliminar” as aves acometidas com a doença. Com isso, os países referidos reduziram expressivamente o volume de produção de carne de frango, o que ocasionou a diminuição da oferta mundial do produto, em especial, pelo fato de que os Estados Unidos é um dos principais players exportadores do setor.
Fato é que, apesar de ser difícil mensurar de forma precisa as variáveis responsáveis e suas respectivas relevâncias, é indiscutível o aumento de demanda pela carne de frango, tanto no Brasil, quanto em todo o mundo. |
- Pois bem, se existe demanda com preços convidativos e nós sabemos como produzir, parece interessante incrementar a produção para fornecer os volumes demandados de forma imediata.
É aí que a avicultura e a Lei da Inércia se relacionam pois, por mais que queiramos acelerar a cadeia produtiva (neste caso a avícola), não conseguimos fazê-lo, de forma responsável e segura, com imediatidade, tamanha a complexidade que a envolve. Conforme descrito por Newton, um corpo em movimento constante tende a manter este movimento de forma inalterada. No caso da cadeia produtiva, para a acelerarmos, é preciso empenhar grande energia, o que envolve planejamento e o respeito às variáveis biológicas que as envolvem.
Logicamente, na situação hipotética acima, inúmeras variáveis foram desconsideradas para simplificar o entendimento como, por exemplo:
- A disponibilidade estrutural ou tempo de construção para tal,
- Vazios sanitários,
- Tempo logístico, dentre tantas outras as quais não devem e não podem ser negligenciadas.
Apesar da complexidade produtiva, a ideia não é transmitir uma imagem negativa da produção, pelo contrário, devemos sim “olhar o lado cheio do copo”, pois apesar da existência da inércia e necessidade de empenho de força para alteração do status quo, somos, indiscutivelmente, o país mais apto a suprir a demanda mundial de carne de frango. De todo modo, aspectos físicos e biológicos não podem ser negligenciados.
Neste aspecto, entendo que um dos principais motivos para nos encontrarmos nesta condição produtiva de destaque é, justamente, o nosso conhecimento e atenção às complexidades desta cadeia.
Neste sentido, é possível destacar inúmeras variáveis positivas que o Brasil tem em relação à produção, tais como:
- Clima,
- Disponibilidade de insumos e água,
- Qualidade técnica, dentre muitas outras.
Portanto, analisando o cenário de forma macro, destaco a importância do cuidado dos profissionais destas cadeias em relação ao tema “biossegurança” o que, ao fim, garante a segurança alimentar e reduz riscos de problemas como a influenza aviária, por exemplo.
Assim, ao observarmos as questões sanitárias (como as distâncias mínimas entre granjas, barreiras vegetais, barreiras sanitárias, controle de fluxo, checklist de boas práticas, programas de monitorias periódicas, banhos, troca de roupas) e por fim, representando, simbolicamente todas as anteriores, o simples fato de “lavarmos as mãos” para manipularmos os animais e os produtos, não está apenas protegendo aos nossos planteis, mas viabilizando toda uma cadeia produtiva de forma responsável. Consequentemente, o que é produzido representa expressivamente, grande parte da alimentação da população mundial.
Portanto, Granjeiros, “lavar as mãos” muda o mundo.