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Produção com responsabilidade

Escrito por: Cleber Souza Martins - Diretor Operacional da Granja Faria S.A.
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produção de frango com responsabilidade

Produção com responsabilidade

“Um objeto permanecerá em repouso ou em movimento uniforme em linha reta a menos que tenha seu estado alterado pela ação de uma força externa”. Sim, você não leu errado, esta é a Lei da Inércia, também conhecida como a Primeira Lei de Newton. Agora a pergunta é, o que esta Lei tem a ver com a avicultura?

É de amplo conhecimento os impactos causados pelos surtos de influenza aviária ocorridos nos últimos meses, os quais atingiram parte significativa dos planteis avícolas norte americanos e franceses, que foram forçados a “eliminar” as aves acometidas com a doença. Com isso, os países referidos reduziram expressivamente o volume de produção de carne de frango, o que ocasionou a diminuição da oferta mundial do produto, em especial, pelo fato de que os Estados Unidos é um dos principais players exportadores do setor.

Somado à redução de oferta do produto a nível mundial, alguns autores entendem que o aumento da procura pela carne de frango pode ser decorrente de uma demanda pós pandemia reprimida. No Brasil, o crescimento da busca pelo produto também é relacionado à migração do consumo de carne de bovino para carne de frango.
Fato é que, apesar de ser difícil mensurar de forma precisa as variáveis responsáveis e suas respectivas relevâncias, é indiscutível o aumento de demanda pela carne de frango, tanto no Brasil, quanto em todo o mundo.
Frente ao cenário descrito acima, é ainda maior o interesse dos principais importadores mundiais pela carne de frango produzida no Brasil. Além da nossa já consagrada posição no ranking de maior exportador mundial e da nossa notória aptidão para produção desta cadeia, somos também conhecidos mundialmente pelo nosso excelente status sanitários.

É aí que a avicultura e a Lei da Inércia se relacionam pois, por mais que queiramos acelerar a cadeia produtiva (neste caso a avícola), não conseguimos fazê-lo, de forma responsável e segura, com imediatidade, tamanha a complexidade que a envolve. Conforme descrito por Newton, um corpo em movimento constante tende a manter este movimento de forma inalterada. No caso da cadeia produtiva, para a acelerarmos, é preciso empenhar grande energia, o que envolve planejamento e o respeito às variáveis biológicas que as envolvem.

Para facilitar a visualização, imaginemos um plantel hipotético que viabiliza o abate de 1 milhão de frangos por dia. Para elevá-lo a 1,5 milhões diários, seria necessário fazer um incremente a partir das matrizes. Assim, ainda que houvesse pintinhos matrizes disponíveis pelos avoseiros (o que não procede), seriam necessárias 24 semanas, do alojamento ao início da produção de ovos; seguidas de mais 4 semanas até a eclosão; e por fim; mais 6 a 7 semanas até o frango atingir idade de abate. Portanto, é necessário cerca de 8 meses, desde o início da produção até a entrega do frango na gondola do supermercado.

Logicamente, na situação hipotética acima, inúmeras variáveis foram desconsideradas para simplificar o entendimento como, por exemplo:

Apesar da complexidade produtiva, a ideia não é transmitir uma imagem negativa da produção, pelo contrário, devemos sim “olhar o lado cheio do copo”, pois apesar da existência da inércia e necessidade de empenho de força para alteração do status quo, somos, indiscutivelmente, o país mais apto a suprir a demanda mundial de carne de frango. De todo modo, aspectos físicos e biológicos não podem ser negligenciados.

 

Neste aspecto, entendo que um dos principais motivos para nos encontrarmos nesta condição produtiva de destaque é, justamente, o nosso conhecimento e atenção às complexidades desta cadeia.

Neste sentido, é possível destacar inúmeras variáveis positivas que o Brasil tem em relação à produção, tais como:

Portanto, analisando o cenário de forma macro, destaco a importância do cuidado dos profissionais destas cadeias em relação ao tema “biossegurança” o que, ao fim, garante a segurança alimentar e reduz riscos de problemas como a influenza aviária, por exemplo.

Assim, ao observarmos as questões sanitárias (como as distâncias mínimas entre granjas, barreiras vegetais, barreiras sanitárias, controle de fluxo, checklist de boas práticas, programas de monitorias periódicas, banhos, troca de roupas) e por fim, representando, simbolicamente todas as anteriores, o simples fato de “lavarmos as mãos” para manipularmos os animais e os produtos, não está apenas protegendo aos nossos planteis, mas viabilizando toda uma cadeia produtiva de forma responsável. Consequentemente, o que é produzido representa expressivamente, grande parte da alimentação da população mundial.

Portanto, Granjeiros, “lavar as mãos” muda o mundo.

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