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Para superar as oscilações pelas quais periodicamente passa a avicultura brasileira, os produtores de ovos devem olhar para além-mar. Essa foi a tônica de dois importantes momentos do primeiro dia de debates da 2a Conbrasul Ovos (Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos), que acontece até o próximo dia 19/06, em Gamado (RS).
A preocupação se deve ao fato de o Brasil direcionar 99,6% da produção de ovos para o consumo interno e apenas 0,04% para a exportação. O tema foi abordado pela economista do Sistema Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Danielle Guimarães, e ocupou o ponto alto da programação desta segunda-feira (17/6), que foi o Colóquio Lideranças Egg Bussiness.
Segundo Danielle, o ovo responde a indicadores econômicos e vem sendo uma alternativa às outras proteínas animais em momentos de crise, ao mesmo tempo em que não há um produto substituto pra ele. “Só que isso não quer dizer que é uma oportunidade só nos momentos em que a economia vai mal“, salientou Danielle.
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Segundo ela, a proteína também é sujeita a variáveis externas relacionadas, por exemplo, à imagem do produto quanto aos seus benefícios à saúde. “Podemos minimizar efeitos tanto das fake news, como das variações relacionadas à economia ampliado o escoamento do produto para mercados externos e reduzindo a dependência do mercado interno“, salientou.
A ideia é compartilhada pelos empresários Maria Luiza Pimenta (Somai Nordeste), Ricardo Faria (Granja Faria), Guilherme Moreira (Grupo Mantiqueira) e Vitor Oliveira (Fleischmann Sohovos). Os empresários participaram do Colóquio sobre o cenário atual e perspectivas para o mercado nacional e internacional de ovos e derivados, ao lado de Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Segundo Turra, em 12 anos, nunca se abriu uma oportunidade tão favorável para as proteínas animais do Brasil como hoje. “O que estamos fazendo na ABPA, com o Instituto Ovos Brasil, é limpar o caminho para a imagem do ovo”, salientou. Turra também salientou que a Associação passou ao Governo Federal um mapa da realidade dos países onde o Brasil pode entrar com seus produtos, incluindo o ovo.
Para Ricardo Faria, exportar deve ser uma decisão estratégica da cadeia. “Ou a cadeia busca novos canais através do porto, ou, em menos de dois anos, não teremos como absorver o nosso produto“, salientou. “Da mesma forma como atravessamos o oceano para buscar um equipamento novo, podemos atravessá-lo para buscar um mercado novo“, completou.
Por sua vez, Vitor Oliveira destacou que exportar deve ser uma atividade contínua do setor de ovos. “Nesse momento em que a rentabilidade do negócio é maior, não podemos pensar só em produção, mas também em inovações“, destacou.
Guilherme Moreira destacou que o investimento em produtos diferenciados, como produção de ovos orgânicos, também é um atrativo para o mercado externo. “Há demanda e quanto mais participamos, mais consultas são realizadas conosco e podemos exportar esse tipo de ovo, agregando mais valor ainda“, destacou.
A necessidade de inovar foi destacada por Maria Luiza, que destacou que o principal gargalo par a exportação de ovos é a falta de interesse do setor. “A gente tem que mudar, não podemos ficar só nas mesmas preocupações como reduzir plantel, exportar, ou acabar com gaiola”, salientou. “A gente tem que pensar novo, não podemos mais pensar nas mesmices”, completou.
O debate contou com a intensa participação do público e, segundo José Eduardo dos Santos, que é diretor executivo da Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura) e coordenador da Conbrasul Ovos, atingiu o objetivo de fazer com o que o setor discuta seus gargalos do ponto de vista de mercado.
Segundo José Eduardo, a experiência do colóquio foi trazida do LPN Congress (Latin America Poultry and Nutrition), cuja primeira edição foi realizada em 2018, na cidade de Miami (EUA). O LPN Congress é organizado pela AgriNews, que edita a revista aviNews Brasil, e acontece bianualmente, voltado para os decisores da avicultura latino-americana.