Professor da UFMG apresenta novas estratégias para o controle do Tifo Aviário no Congresso da APA

A salmonelose aviária, especialmente o Tifo Aviário, continua sendo uma das principais preocupações do setor avícola. No segundo dia do XXII Congresso de Produção e Comercialização de Ovos da APA, o professor Oliveiro Caetano, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), trouxe à tona as novas estratégias e abordagens para o controle dessa doença, que, apesar dos avanços, ainda representa um grande desafio para os avicultores.

• Em sua palestra, intitulada “Tifo Aviário: Por Que Esta Doença Ainda Nos Tira o Sono?”, Caetano destacou que, embora os estudos tenham evoluído e novas tecnologias tenham sido desenvolvidas, as estratégias de controle e prevenção do Tifo Aviário ainda dependem das mesmas práticas fundamentais de décadas atrás.

Contudo, ele enfatizou que as descobertas recentes, como a identificação de genes de resistência e a utilização de ferramentas genômicas, oferecem novos caminhos para o enfrentamento dessa doença. Um dos pontos mais importantes abordados por Caetano foi a importância das ferramentas genômicas no estudo da Salmonella Gallinarum, a bactéria causadora do Tifo.

Ele explicou como essas novas tecnologias permitem uma melhor compreensão dos genes de resistência e da patogênese da doença. No entanto, o professor alertou que, apesar desses avanços, a doença ainda segue com características semelhantes àquelas descritas em estudos realizados entre 1950 e 1990, como a forma de transmissão e a resistência das linhagens de aves.

Além disso, Caetano destacou que as vacinas continuam sendo uma ferramenta essencial, embora a eficácia dependa de sua correta administração. Ele reiterou que a vacinação deve ser feita com rigor, seguindo as orientações dos fabricantes, e que a falha na vacinação ou o manejo inadequado podem resultar em surtos da doença.

Outro aspecto essencial abordado por Caetano foi a importância do controle de pragas, como ácaros e moscas, na disseminação do Tifo Aviário. Ele revelou que estudos recentes comprovaram que os ácaros podem atuar como vetores, transportando a Salmonella Gallinarum entre as aves.

Para Caetano, isso reforça a necessidade de um manejo rigoroso de biosseguridade, incluindo a desinfecção de galpões, a remoção rápida de aves mortas e a vigilância constante contra pragas.

Caetano observou ainda que a falha na biosseguridade continua sendo a principal causa dos surtos de Tifo Aviário. Ele afirmou que 90% dos casos podem ser atribuídos a falhas básicas, como a compra de aves infectadas, falhas na vacinação, falhas na limpeza e desinfecção inadequada, e a falta de monitoramento regular.

Com o aumento da demanda por ovos e aves, a vigilância constante e a implementação rigorosa de práticas de biosseguridade são essenciais para prevenir surtos. Caetano concluiu sua palestra alertando para a importância de estratégias integradas, que envolvam desde a seleção das aves até o controle de acesso aos aviários e o monitoramento contínuo das condições sanitárias.

O professor finalizou sua apresentação refletindo sobre os motivos pelos quais o Tifo Aviário ainda é uma preocupação constante, apesar de tanto tempo de estudo.

Ele sugeriu que a doença persiste devido às falhas nas medidas de biosseguridade e no manejo, enfatizando que a ciência já forneceu muitas das respostas necessárias, mas a prática no campo ainda não está suficientemente alinhada com as descobertas científicas.