Qualidade da cama na criação de frangos de corte
Denomina-se cama o material distribuído no piso do galpão de frangos de corte que tem como função básica absorver e reciclar umidade, excreções, penas e restos de alimento, além de ser um elemento de promoção do bem-estar das aves durante todo ciclo da criação.
A cama normalmente é composta por material de origem vegetal e de natureza absorvente e como a ave praticamente toda sua vida está sempre em contato com ela, é necessário que o material utilizado seja de boa qualidade e receba as intervenções para correções de problemas de forma contínua. É importante que ela esteja livre de agentes patogênicos, tóxicos e materiais estranhos.
Figura 1 – Trabalho de cronoanálise concluiu que 98,17% da vida do frango de corte ocorre em contato com a cama
O material selecionado para ser utilizado como cama deve apresentar:
- Boa capacidade higroscópica;
- Ser rica em carbono (celulose e lignina);
- Ter partículas de tamanho médio (material picado ou triturado);
- Ter baixa condutividade térmica;
- Liberar facilmente para o ar a umidade absorvida;
- Ser tratada com método físico (calor) para não servir de veículo de patógenos, ter baixo custo de aquisição e boa disponibilidade na região e também deve servir para utilização posterior como fertilizante.
Cama não é apenas o acúmulo fecal em um substrato, mas sim, o produto dinâmico de um intenso metabolismo que resulta no amadurecimento do material. Desta forma, manejar adequadamente a cama significa interferir no processo para minimizar os efeitos negativos e valorizar as características favoráveis.
A cama de frangos de corte oferece uma condição excepcional para a multiplicação das principais bactérias da microbiota fisiológica, sobretudo de Lactobacilos e outros Gram-positivos benéficos. Estas condições, entretanto, também facilitam a multiplicação de patógenos ou outras bactérias indesejáveis eventualmente presentes.
A cama na criação de frangos é essencial para absorção de resíduos, bem-estar das aves e controle sanitário eficiente.
Entre esses organismos figuram Salmonelas e Campilobacter, implicados em problemas de toxinfecção alimentar em humanos e Escherichia coli, especialmente as amostras causadoras de dermatite necrótica nos próprios frangos. Outras bactérias oportunistas, como Clostridium perfringens e Staphylococcus aureus, também estão no ambiente do aviário como contaminantes e podem ser eventualmente importantes por causarem infecções oportunistas ou condenação de carcaças.
A cama é um reservatório de salmonelas e a origem pode ser os próprios pintos ou os vetores que permanecem na instalação durante o período de vazio sanitário como os cascudinhos e roedores.
A reutilização da cama é uma necessidade para a sobrevivência da avicultura industrial, em função de dois aspectos fundamentais: o custo de produção e a sustentabilidade ambiental. Com a reutilização evita-se o custo de aquisição de material de cama necessário para cobrir entre 10 a 12 cm de altura em toda a extensão do piso dos aviários.
A cama reutilizada não apresenta prejuízo às aves. Aves criadas em camas a partir do segundo lote apresentam uma tendência a serem mais produtivas, provavelmente devido a maior imunidade adquirida e estimulada desde o alojamento. O contato das aves desde a chegada no aviário com a cama rica em bactérias remanescentes do lote anterior facilita a composição precoce da flora intestinal.
A interação entre as aves e a cama forma um ciclo que precisa ser quebrado. A descontaminação da cama é muito importante e alguns parâmetros como temperatura, pH e atividade de água (aw) devem ser levados em conta no momento da escolha do método de reuso. A Tabela 1 mostra as condições ótimas e os limites superiores e inferiores de crescimento das salmonelas.
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