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Recria: “O começo certo” para uma produção de ovos excelente!

Escrito por: Kali Simioni - Engenheira Agronôma, Consultora na F&S Consulting
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O “começo certo” de uma produção de ovos excelente em granjas de matrizes é sem dúvida a fase de recria, que pode ser subdivida em três fases:

O foco aqui é uma progênie de qualidade! Para isto é importante formar lotes uniformes de matrizes (tanto em peso corporal como em tamanho de carcaça), lotes saudáveis e com alto grau de bem-estar animal, que venham a produzir ovos férteis de qualidade e tamanho ideal para compor lotes uniformes e saudáveis.

É verdade que inúmeros fatores como:

Influenciam sim na produtividade e qualidade na produção de ovos férteis. No entanto, sabemos que as boas práticas de produção implementadas de forma adequada na fase de recria são determinantes para a máxima expressão genética das aves reprodutoras, sendo um facilitador e indutor para que as aves possam expressar o maior grau de saúde e bem-estar animal quando da interação com o ambiente. O resultado disto é sempre expresso em alta produtividade e qualidade!

E sim, você está certo se estiver pensando que a primeira “porta” que leva ao sucesso da recria pode estar ainda antes de as aves (macho e fêmea matriz) chegarem às granjas de recria.

São fatores essenciais que devem estar adequados antes mesmo das aves chegaram à granja.

Para cada fase, um manejo diferente! Este é o lema para um “começo certo”! Se não mantivermos as condições ideais para ave em cada fase de vida dela, perdemos qualidade produtiva das mesmas segundo a segundo. Conhecer profundamente fisiologia, saúde e bem-estar das aves em cada fase é sem dúvida a chave que abre a primeira “porta” para a expressão do maior grau de uniformidade e viabilidade nas reprodutoras em recria para produção.

 

A fase de cria que compõe a primeira “fase da recria” (0 a 4ª semana), é também conhecida como a “fase de manejo inicial”. É neste período que ocorre dentre outros, o desenvolvimento esquelético das aves.

Pensando em reprodutoras de alto desempenho, este desenvolvimento tem relação direta com a expressão da uniformidade ideal de carcaça ao longo da vida das aves. Este é o lema desta fase! Desenvolvimento esquelético!

Uma dica de ouro para essa fase é a importância de conferir a composição do lote! Se existirem aves nascidas de idades diferentes, estas precisam ser alojadas separadamente, ou seja, agrupadas por pesos próximos para que se possa atuar na tão esperada uniformidade desde o primeiro dia de vida das aves reprodutoras. Acredite!

É possível alcançar melhor o ganho de peso nas aves mais atrasadas ou menores, se mantidas separadamente nos primeiros dias. Regulagem de equipamento, disponibilidade de comida e água, competição/voracidade para se alimentar são alguns dos fatores que justificam este manejo inicial.

Outras dicas de suma importância são realizar a primeira seleção já nesta fase (geralmente entre os 7 a 10 dias) e garantir um arraçoamento inicial gerenciado diariamente pelo GAD (Grama Ave Dia) das aves.

Na fase de manutenção (4ª a 14ª semanas aproximadamente), o principal objetivo é garantir a uniformidade de peso das aves e a maturidade sexual dentro de um lote até que atinjam a fase de “preparo para postura”.

Gerenciar o peso de acordo com a curva de crescimento estabelecida pela linhagem precisa ser o foco nesta fase. Desuniformidade de peso não é um indicador de qualidade e alta performance em reprodutoras. Tanto o peso corporal como o tamanho da carcaça irão determinar a uniformidade e tamanho dos ovos férteis produzidos e, consequentemente, a qualidade da progênie. Este é o lema desta fase: Uniformidade!

As dicas de ouro para esta fase são:

O manejo de catação é uma outra dica importante se este for realizado por um profissional experiente e de forma que atenda sempre ao bem-estar animal das aves.

Já a fase de “preparo para postura” (14ª semana até a transferência) é aquela que, o próprio nome já diz, fase em que as aves estão se preparando para a postura. Aqui o ganho de peso para a formação da reserva de nutrientes para o início da fase produtiva é essencial e deve ser seguido também conforme a curva padrão de peso da linhagem.

A gestão deste peso deve ser sempre uniforme dentro do lote e controlado de acordo com a estação do ano e fisiologia da ave, visando um começo de produção sincronizado. Este é o lema desta fase: Produção Sincronizada!

Em todas as fases, a saúde do plantel é de fundamental importância, tanto para a sua própria expressão de saúde e bem-estar animal, quanto para futura geração, ou seja, para qualidade da progênie que, por consequência, permite chegar à máxima expressão genética de produção, qualidade, saudabilidade e sustentabilidade da cadeia produtiva do frango de corte.

Programas vacinais são obrigatórios por legislação sim! Estes são específicos para cada situação epidemiológica. Devem responder à gravidade dos desafios e atender às normas vigentes do Serviço Oficial de Sanidade Animal do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), nas diferentes regiões do país, sendo que sua eficácia está diretamente relacionada às medidas de biosseguridade adotadas.

No entanto, aves bem protegidas imunologicamente e manejadas sem stress (boas práticas de bem-estar animal) terão melhor resposta em desenvolvimento corporal. Neste item, a porta de entrada para o sucesso são os métodos e a forma de vacinação, seja pela forma de contenção ou pela própria via de aplicação. Este é o lema desta fase: “Fazer do jeito certo” é garantir a saúde, bem-estar animal e produtividade das aves de reprodução.

Conhecer com detalhe cada fase da recria é o que nos direciona a definir as estratégias integradas de boas práticas de produção. As boas práticas de produção podem ser traduzidas na linguagem da granja como manejos que são realizados diariamente durante toda a vida de um lote. Ou seja, rotina do dia a dia da granja.

Muitas são as práticas de manejo que são padronizadas nas granjas de recria e produção das matrizes de frango de corte. Cada empresa, agroindústria, granjas, casas multiplicadoras de material genético etc. define seus procedimentos operacionais padrões (POPs) e ou OTs (Orientações Técnicas) geralmente com base nos padrões da genética da linhagem que estará em produção, nos seus estudos e ou resultados históricos, e levam sempre em consideração as condições e conhecimento fisiológico e reprodutivo das aves.

Isto está correto e é o que nos trouxe até aqui com tanta qualidade. Por trás destes manejos existe sim muito estudo de muita consistência embutido!

Mas não se esqueçam que existem detalhes de manejos tão relevantes. Que somente são conhecidos quando dedicamos o nosso tempo a conhecer genuinamente o trabalho dos granjeiros que são referência em resultados no dia a dia. Esta dica de sucesso faz parte de trabalhos focados em redução de variabilidade. Ou seja, aprender com quem executa diariamente com resultados consistentes. Só lembrem de clusterizar, ou seja, nunca compare sistemas diferentes para ter informações replicáveis de melhores práticas. Fique atendo aos “outliers”!

Sabemos que alguns fatores vão além da fase de recria, e que estes impactam diretamente também na produção e qualidade de ovos férteis, mas o lema aqui é: “Fazer bem a nossa parte por toda cadeia produtiva de frango de corte”.

Para finalizar, tenha em mente que tudo isso precisa estar sob o guarda-chuva de uma gestão focada, eficiente e funcional para o dia a dia das granjas. Ou seja, não deixe de fazer um cronograma de atividades diárias, o que se deve fazer e em que momento. E ter uma visualização constante de indicadores meio (ex. GAD, mortalidade diária, curva de desempenho de peso x peso padrão da linhagem, consumo de ração, consumo de água, comportamento das aves, resultado de monitorias sanitárias etc.) e indicadores fim (ex. viabilidade e uniformidade etc.) e o mais importante, nunca se esqueça que uma boa reprodutora se faz segundo a segundo!

 

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