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Salmonela e saúde intestinal

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Salmonela e saúde intestinal

Com projeções futuras de crescimento, o setor avícola está sempre em destaque no agronegócio brasileiro. 

A biossegurança, produção e exportação do setor são desafiadas constantemente para manter o padrão de qualidade do mercado interno e externo.

Dentre os desafios relacionados à avicultura, destaca-se a saúde intestinal das aves, uma vez que é o órgão responsável pela absorção de nutrientes e, a principal barreira contra entrada de patógenos.

Note que ambas as funções estão interligadas, não existe absorção eficiente se a microbiota estiver prejudicada, com isso as aves terão piores desempenhos.

 O contrário também é verdadeiro, e esperado, uma microbiota saudável irá proporcionar aos animais desempenhem melhor todo seu potencial genético (aliado a boa nutrição, ambiência e manejo).    

Segundo Boleli et al. (2002) estima-se que em condições normais o animal gasta cerca de 20% de energia bruta consumida para renovação celular da mucosa intestinal.

Portanto, essa manutenção do epitélio intestinal tem um custo energético elevado, tornando a microbiota intestinal com um papel principal para melhoria do desempenho.

Colonizado por microrganismos simbióticos, comensais e patogênicos, uma microbiota saudável terá maior quantidade de bactérias boas do que bactérias patogênicas. Diversas interações entre microbiota e hospedeiro influenciam nas variações da diversidade microbiana, bem como na saúde das aves (Borda-Molina et al., 2018).

 As dificuldades estão relacionadas ao desequilíbrio na microbiota, onde a presença de patógenos causa danos ao epitélio intestinal, gerando um grande impacto na produtividade, desencadeado por uma série de problemas entéricos.

Dentre as infecções que afetam a saúde intestinal, destaquem-se as infecções por Salmonella, que são as responsáveis por uma variedade de doenças agudas e crônicas.

No Brasil, o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) determina critérios de biosseguridade que devem ser adotados, através das instruções normativas SDA nº20 (21/10/2016) e DAS nº78 (03/11/2003) que estabelece o controle em granjas comerciais e de reprodução respectivamente.

Somado a isso, a salmonela (S. Enteritidis; S. Gallinarum; S. Pullorum; S. Typhimurium) está na lista das doenças que requerem notificação obrigatória ao serviço veterinário oficial (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e órgãos Estaduais de Defesa Animal- IN nº50 de 24/09/2013).

Observa-se que no gênero Salmonella, existem milhares de sorotipos confirmados que podem infectar as aves. Sendo que, clinicamente são classificadas em três enfermidades de acordo com o agente infeccioso.

A pulorose conhecida como diarreia branca por refletir o sinal clínico apresentado, acomete principalmente aves jovens, que podem ter sido infeccionada ainda no ovo, no nascedouro ou no início de vida (uma a quatro semanas de vida) e apresenta alta mortalidade.

Outros sintomas que podem ser observados em aves jovens são:

Enquanto aves adultas os sinais clínicos podem não ser aparentes, sendo que surtos podem provocar diminuição de produtividade (queda de postura, fertilidade e eclodibilidade) e diarreias.

O PNSA determina que os planteis sejam submetidos a exame sorológico regularmente e estabelece o abate dos planteis reprodutores portadores da bactéria, pois mesmo que a ave seja tratada permanecerá portadora do agente. 

A tifo aviária acomete principalmente aves adultas, seu diagnóstico é feito nos achados clínicos (anemia, apatia, queda na produção, diarreia – sintomas parecidos com a pulorose), alterações anatomo-patológicas (baço, ovário e fígado, sendo o último mais comumente afetado com aumento de volume e mudança de coloração) e exames laboratoriais.

O diagnóstico definitivo compreende exame bacteriológico em órgãos de isolamento e a identificação do agente.

A disseminação pode levar a 80% de mortalidade, e a enfermidade é alastrada devido às aves bicarem a carcaça das aves mortas, portanto, quanto mais tempo a ave contaminada permanecer no ambiente maior será a disseminação. 

Por consequência, outro ponto a ser cuidado é a manipulação e descarte correto dessa carcaça. O PNSA também recomenda a eliminação dos focos (aves portadoras da bactéria).

A maioria dos sorovares existentes pode colonizar o intestino das aves sem causar doença; entretanto Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis podem causar doenças e intoxicações alimentares em humanos (Cardoso e Tessari, 2008) por isso tem grande importância para saúde pública, sendo os sorotipos mais prevalentes.

As salmonelas paratíficas acometem aves de todas as idades, e na maioria das vezes a presença dessas salmonelas passa despercebidas, a exceção é para sorotipos mais agressivos que podem causar sintomas parecidos com a pulorose.

A principal via de transmissão ocorre pelo contato com as fezes e ambientes contaminados, roedores e cascudinhos ajudam a disseminar a bactéria.

Entretanto, também existe a contaminação vertical, via ovário, onde alguns sorotipos têm a capacidade de colonizar o canal ovopositor da galinha, ocorrendo a contaminação durante a formação do ovo ou via contaminação fecal do ovo ao passar pela cloaca através das estruturas da casca.

Devido a facilidade de transmissão desses sorotipos de salmonela, há uma grande preocupação para saúde pública. 

As salmonelas paratíficas colonizam o trato digestório das aves, o que não corre com as salmonelas que causam a pulorose e o tifo aviário.

Em relação à fisiopatologia, após a ingestão de um alimento contaminado com salmonela, estas atravessam a camada epitelial intestinal e ao alcançar a lâmina própria (camada em que as células epiteliais estão apoiadas), proliferam.

Posteriormente, são fagocitadas pelos monócitos e macrófagos, provocando resposta inflamatória, devido à hiperatividade do sistema reticulo endotelial (Silva et al. 2019).

Mesmo sendo referência mundial na produção avícola, a salmonelose continua sendo uma ameaça e preocupação para produção e saúde pública. Destacar

Como visto, é uma doença de alta mortalidade e ocasiona fechamento de granjas e embargos na exportação. Ademais alimentos contaminados são responsáveis por quadros de intoxicação alimentar.

 

Referências sob consulta das autoras.

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