Encerramos o ano de 2021 discutindo todo o esforço empenhado pelas nossas cadeias de aves e suínos para enfrentar o cenário de altas históricas nos custos de produção. Ainda nos habituando com a ideia de que iniciamos uma era de convivência com novos patamares de preços de grãos e custos de produção, nos deparamos, no final do mês de fevereiro, com o início do conflito armado Rússia-Ucrânia.
Muito já foi dito a esse respeito, mas falando apenas de fertilizantes, 85% do que é consumido no Brasil deste item tem a Rússia como maior fornecedor. Mais do que aumento nos custos dos fertilizantes, convivemos com o risco de um possível desabastecimento afetar as safras 2022/23 e 2023/24.
Em 11 de março último a Petrobras anunciou um reajuste de 24,9% no diesel às distribuidoras. Um levantamento feito pelo Cepea/Esalq-USP aponta que os produtos do agronegócio representam cerca de 42% dos serviços de transporte rodoviário no país, ou seja, somos altamente afetados por este cenário.
Por exemplo, sendo a Ucrânia o sexto maior exportador mundial de frango, à medida que a invasão russa interrompe os embarques do país, os importadores estão se voltando para o mercado brasileiro como alternativa.
Especula-se, inclusive, sobre a possibilidade de uma aceleração nas negociações para retirada de suspensões a unidades exportadoras do Brasil por mercados europeus, já que a União Europeia é uma das principais compradoras de proteína animal da Ucrânia.
Hoje, são cerca de 20 unidades brasileiras suspensas pelos europeus, que já cumpriram todos os requisitos necessários para retomada da habilitação. No último mês de fevereiro, as exportações brasileiras de carne de frango para a União Europeia apresentaram um crescimento de 35,1%.
Nos dois primeiros meses de 2022, as exportações brasileiras de carne de aves apresentaram um crescimento de 13%. Os Emirados Árabes Unidos assumiram, pela primeira vez, a liderança nas exportações de carne de frango do Brasil, assim como as compras feitas pelo México também apresentaram importante reforço.
As exportações de carne suína cresceram 1,3% no mesmo período e tivemos o prazer de ver anunciada uma das notícias mais esperadas do setor, que foi a abertura do Canadá à carne suína brasileira. Os desafios aumentaram, os cenários são de incertezas. Mas nossas cadeias de produção de aves e suínos seguem fazendo o seu melhor. |