Desde o final do ano passado, as indústrias do setor avícola vêm intensificando suas mobilizações para evitar a escassez de milho no Brasil. Segundo informações da Asgav (Associação Gaúcha de Avicultura), apenas com a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o setor já realizou duas conferências em 2021.
Também foram realizadas audiências com representantes da FPA (Frente Parlamentar Agropecuária) e enviados ofícios a deputados federais e senadores. Na manhã desta quinta-feira (25/3) ocorrerá ainda uma reunião entre os presidentes do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), ACAV (Associação Catarinense de Avicultura) e Asgav.
Os estados representam cerca de 70% da produção avícola brasileira. Irineo da Costa Rodrigues (Sindiavipar), José Antonio Ribas Jr. (Acav) e José Eduardo dos Santos (Asgav) debateram o tema dos altos custos de grãos, no dia 12/3, durante live organizada pela aviNews Brasil (confira a live no final desta matéria).
Devido à forte estiagem que adiou o plantio de soja e, consequentemente, a sua colheita, os produtores precisaram postergar o plantio da segunda safra de milho do ano, segundo nota do Sindiavipar. “Por conta disso, a semeadura destas lavouras está ocorrendo fora da janela adequada”, informa a entidade.
O preço do milho nos últimos 12 meses, segundo a Asgav, subiu 60,5%, enquanto o preço da soja sofreu uma alta de 84,2%. “Por sua vez, aqui no Rio Grande do Sul, o quilo da carne de frango registrou alta de 18%, e a caixa de ovos de 30 dúzias subiu 12,5% nos últimos 12 meses”, destaca a entidade.
A dimensão do problema é exemplificada pela ACAV, com o fato de Santa Catarina demandar cerca de 19 mil toneladas de milho por dia. Com o objetivo de reequilibrar contas, algumas empresas do setor já anunciam redução de produção no Rio Grande do Sul e Paraná.
“Nós estamos apreensivos, temos milho para poucos meses até chegar na nova safra”, aponta Irineo. Para que haja uma colheita de milho mais robusta no início do próximo ano, o presidente do Sindiavipar defende que é preciso “construir uma ponte até lá”.
Segundo o Sindiavipar, as empresas acabam restringindo produção como forma de equilibrar a oferta à demanda, sendo essa uma estratégia individual de cada empresa e não do setor. “Se as empresas optarem pela redução, é possível que haja desemprego e diminuição do poder aquisitivo do consumidor”, alerta o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues.
As entidades, juntamente com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), têm proposto medidas de curto, médio e longo prazo. Entre os pleitos estão a rápida importação de milho, quando necessário, o aumento da produção nacional e armazenagem para as próximas safras.
Curto prazo
- Desburocratizar a importação de milho, para que possa ser efetivada o mais rápido possível, evitando a redução da produção de aves e suínos.
- Retirar o PIS/COFINS da importação, por se tratar de uma questão emergencial.
Médio prazo
- Apresentar uma política atrativa para a produção de milho no verão, a partir do mês de setembro de 2021, com linhas de crédito vantajosas, principalmente para o pequeno produtor.
- Diminuição dos juros no Plano Safra, com pelo menos 1% linearmente, com crédito a taxas mais acessíveis.
Longo prazo
- Pensar no armazenamento de grãos pelas pequenas empresas, com linhas de crédito subsidiadas, para que o produtor possa comprar milho e ter onde guardar.