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Setor avícola precisa incorporar riscos geopolíticos à sua matriz de decisão, defende Professor HOC

Escrito por: Priscila Beck
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A avicultura brasileira, altamente conectada ao comércio exterior, precisa ir além da lógica de eficiência econômica e passar a considerar de forma sistemática os riscos geopolíticos em suas estratégias empresariais.

O alerta foi feito pelo cientista político Heni Ozi Cukier, conhecido como Professor HOC, na palestra magna do 11º Encontro Avícola e Empresarial Unifrango, realizada nesta segunda-feira (22/07) em Maringá (PR). Cukier apresentou uma análise crítica da atual ordem internacional e explicou por que decisões comerciais baseadas apenas em preço e qualidade podem se tornar armadilhas num cenário global cada vez mais instável.

“Não basta ser mais barato, a geopolítica precisa estar na tomada de decisão”, alertou HOC. “O mundo não é mais governado apenas pela racionalidade econômica”, completou.

O professor destacou que países como Brasil e China, muitas vezes descritos como “interdependentes”, mantêm na verdade relações de dependência assimétrica — o que amplia a vulnerabilidade em situações de crise. “A China tem de quem comprar minério. O Brasil não tem para quem vender. Isso não é interdependência, é dependência”, explicou, lembrando que, no sistema internacional, não há judiciário ou garantias contratuais.

“É a lei do mais forte. E em um ambiente desses, depender é ser vulnerável”.

Segundo Cukier, eventos como a pandemia e a guerra na Ucrânia aceleraram o processo de reconfiguração das cadeias globais de valor. Países têm buscado alternativas à produção concentrada na China, mesmo que isso signifique pagar mais caro.

O professor afirmou que expressões como China Plus One, nearshoring e friendshoring passaram a fazer parte das estratégias de governos e empresas preocupados com segurança e estabilidade. “A lógica geopolítica está se sobrepondo à econômica”, resumiu.

O palestrante também alertou para o risco real de escalada entre potências. “A guerra comercial entre China e Estados Unidos pode evoluir para uma guerra financeira. E, sim, há condições históricas e estruturais para que esse conflito evolua ainda mais”, afirmou.

Segundo ele, o Brasil pode sair fortalecido desse cenário — mas apenas se souber manter neutralidade estratégica e maturidade diplomática. “Estamos geograficamente isolados dos conflitos e temos três ativos fundamentais: alimentos, energia e meio ambiente. Mas isso só será vantagem se o país souber conduzir sua política externa com responsabilidade”, completou.

Unifrango 2025

A solenidade de abertura do evento foi conduzida pelo diretor-presidente da Unifrango, Hugo Bongiorno, que reforçou o propósito institucional do encontro como espaço de articulação estratégica do setor.

“Este evento é um espaço para troca de experiências, disseminação de conhecimento e alinhamento institucional. Evoluímos em tecnologia, em mercados, em pessoas e, acima de tudo, evoluímos em propósito”, afirmou.

Em sua fala, Bongiorno também destacou o papel do Paraná como liderança nacional em produção e exportação avícola, ressaltando que “inovação e tradição caminham juntas” no estado que é hoje referência global no setor. A Unifrango, segundo ele, representa um caso de sucesso de estrutura coletiva, com uma sociedade formada por aproximadamente 19 acionistas e mais de 200 colaboradores, atuando em toda a cadeia produtiva.

Ao final, o diretor agradeceu aos parceiros, palestrantes e acionistas, e anunciou que a próxima edição do Encontro já tem data confirmada: 20 a 22 de julho de 2027. “Nosso crescimento é contínuo. E como diz o slogan deste evento, é ele que nos impulsiona à evolução”, concluiu.

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