Setor produtivo precisa investir mais em ciência para garantir futuro sustentável, defende professor da Unicamp
Em artigo divulgado à imprensa, Antônio Márcio Buainain, professor do Instituto de Economia da Unicamp e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), destacou a urgência de um maior compromisso do setor privado com o financiamento e a valorização da ciência no Brasil. Segundo ele, a inovação tecnológica e a sustentabilidade — pilares para o futuro da produção agropecuária, incluindo a suinocultura — dependem de um ambiente científico sólido, livre e bem estruturado.
“O setor privado precisa compreender que investir em ciência — com liberdade e autonomia — é uma decisão estratégica. Não se trata de filantropia nem de marketing, mas de visão de futuro”, afirmou Buainain. Para o professor, o modelo predominante no país, que delega ao Estado a responsabilidade quase exclusiva pelo investimento em pesquisa, é limitado e prejudicial ao desenvolvimento.
No artigo, Buainain explica a importância de diferenciar os papéis do cientista e do consultor. De acordo com ele, o cientista está comprometido com a produção de conhecimento novo, baseado em métodos rigorosos e liberdade intelectual, enquanto o consultor atua na aplicação prática de conhecimentos existentes. A confusão entre esses papéis, segundo o professor, gera desconfiança e afasta o setor produtivo da ciência.
“Quando esses papéis se confundem — seja porque o cientista veste o chapéu do consultor sem declarar, seja porque se engaja em causas políticas ou ideológicas sob a autoridade da ciência —, cria-se um ruído que mina a confiança do público e dificulta o diálogo honesto com o setor produtivo”, destacou.
Buainain também lembrou que países líderes em inovação entendem a ciência como um ativo estratégico, com forte participação do setor privado no financiamento de pesquisa básica e aplicada. Como exemplo positivo no Brasil, citou a atuação da Embrapa, cujos avanços ajudaram a transformar a agricultura tropical, impulsionando a competitividade do agronegócio nacional.
Ainda de acordo com o professor, a ausência de investimentos de longo prazo em ciência e tecnologia torna o sistema brasileiro vulnerável e dependente, reduzindo a capacidade de inovação em áreas estratégicas. “Não haverá protagonismo sustentável sem uma base científica sólida. Ciência e tecnologia não podem continuar sendo tratadas como acessórios convenientes. São pilares estruturais do desenvolvimento nacional”, concluiu.
O artigo foi publicado com apoio do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), entidade privada e independente que reúne cientistas de diferentes áreas para debater e divulgar informações técnicas relacionadas à sustentabilidade da agricultura brasileira.