Quando discutimos processamento de rações podemos pensar em todos os processos pelos quais os ingredientes passam desde a colheita até chegar ao produto acabado. |
Após sua colheita e chegada à fábrica de rações, um dos primeiros processos dentro da fábrica é a moagem dos ingredientes, que pode ser feita de forma separada, para o milho principalmente, ou conjunta, sendo o primeiro o mais comum, principalmente porque nossos maiores volumes de rações são processados em fábricas projetadas antes dos anos 2000, quando a moagem conjunta não era largamente difundida.
Moagem
A partir da moagem é que os ingredientes seguem para os demais processamentos.
A moagem é responsável, em grande parte, por determinar o tamanho e a distribuição do tamanho das partículas de um alimento apresentado na forma farelada, que são expressos pelo diâmetro geométrico médio (DGM) e pelo desvio-padrão geométrico (DPG), respectivamente (Zanotto & Bellaver, 1996).
Do ponto de vista da ingestão, a textura do alimento tem influência direta no comportamento alimentar das aves, as quais têm preferência por partículas menores que o tamanho do seu bico (Moran, 1982), mas possuem aversão a dietas pulverulentas.
Da mesma forma, alterações do trato gastrointestinal (TGI), como:
Podem ser observadas com o uso de diferentes estruturas.
Isso, considerando não apenas o tamanho das partículas, mas também a força de ligação entre elas (Lott et al., 1992, Nir et al., 1994), sendo que:
Rações com maior DGM e maior força de ligação na estrutura das partículas proporcionam maior tempo de passagem, o que implica em maior desenvolvimento dos órgãos e, por consequência, maior eficiência nos processos de digestão e absorção da dieta. |
A redução no pH pode proporcionar a redução da carga microbiana proveniente da ração, como mostraram Huang et al. (2006) que, ao avaliarem dietas com alto e baixo DGM, observaram que:
Dessa forma, a moela bem desenvolvida pode ser considerada como uma maior barreira de proteção contra bactérias anaeróbicas, entre elas algumas nocivas.
Peletização
Outro processamento que interfere no tamanho das partículas do alimento para aves é a peletização, que consiste em, basicamente, aplicar:
Sobre os ingredientes da ração, com o intuito de promover um certo nível de cozimento, tornando assim os ingredientes mais agregados, o que pode promover maior produtividade (Kiarie andMills, 2019, Santos et al., 2020).
Como exemplo, desde a década de 1960, um dos maiores benefícios associados à peletização é o aumento na digestibilidade da ração, por conta da gelatinização do amido e quebra de algumas proteínas (Moran, 1987).
Por outro lado, têm sido cada vez mais estudados efeitos como:
Estes efeitos acarretam melhora do desempenho, o que justifica a peletização ser tão disseminada na avicultura.
Porém, nem sempre a peletização provê os benefícios atribuídos a ela, e isso acontece principalmente por conta da qualidade do processo.
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Vários fatores podem afetar esse processo, como exemplos:
Dietas com DGM muito altos, ou excessiva variação do tamanho das partículas (DPG), podem favorecer:
Fatores que afetam diretamente a estrutura do TGI, o que pode comprometer todos os efeitos positivos relacionados a este tipo de processamento (Nir et al, 1995; Dahlke et al., 2003).
Com todo o exposto, mesmo com a peletização sendo ótima opção para melhorar o aproveitamento da dieta pelas aves, é muito importante se atentar ao processo anterior, a moagem.
Além de ter influência direta sobre a peletização, a moagem também pode: