As exportações brasileiras de ovos passam a ser taxadas em 50% pelos Estados Unidos a partir desta terça-feira (6/8), caso o governo brasileiro não consiga avançar nas negociações diplomáticas com o país norte-americano para reverter o tarifaço.
A medida, que integra o pacote de retaliações comerciais anunciado pelo presidente Donald Trump, preocupa o setor justamente no momento em que os EUA se consolidaram como o principal destino dos ovos brasileiros em 2025.
O Secretário de Comércio e Relações Internacionais do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), Luís Rua, confirmou à reportagem da aviNews Brasil que os ovos estão na lista de produtos afetados. Segundo ele, a tarifa havia sido elevada para 10% em abril deste ano e agora será ampliada para 50%.
O governo brasileiro, segundo o secretário, está tentando reverter a medida por vias diplomáticas, mas ainda não obteve resposta oficial dos Estados Unidos. A elevação ocorre num momento em que o Brasil registra avanço importante na exportação de ovos, com destaque para produtos como ovo líquido e albumina, especialmente diante da alta demanda no mercado norte-americano — impactado pela crise sanitária de influenza aviária.
Exportar é Planejar
Durante sua apresentação no II Seminário Hy-Line White para América Latina, realizado em Foz do Iguaçu (PR), Luís Rua não abordou diretamente o tarifaço, mas reforçou a importância de uma atuação coordenada e permanente para consolidação das exportações.
“A gente precisa entender que não existe construção de mercado sustentável sem presença constante”, afirmou. Ele também destacou que exportar exige planejamento, investimento e consistência, e não pode ser encarado como uma ação pontual.
“Exportar não é vender o que sobra”, afirmou. “Exportar é planejar, é negociar, é construir”, completou Rua.
O secretário lembrou ainda que o Brasil abriu 397 mercados desde 2023, mas alertou que essa abertura só se converte em oportunidade real quando o setor produtivo assume protagonismo. “Abrimos 327 mercados desde 2020, mas não adianta abrir mercado se o setor privado não atravessa a porta”, afirmou.
Ao final da apresentação, Luis Rua reforçou a credibilidade internacional da produção brasileira e o valor da construção de imagem no longo prazo. “Quando você entrega qualidade, quando tem rastreabilidade, sanidade, você ganha espaço”, concluiu.
O II Seminário Hy-Line White para América Latina ocorre pela primeira vez no Brasil, reunindo mais de 300 participantes do Brasil e América Latina, com foco técnico em genética, nutrição, manejo, sanidade e inteligência de mercado.