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Técnica de vacinação inguinal em reprodutoras pesadas

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Cada região necessita de um programa de vacinação específico para enfrentar os desafios locais. Estes desafios incluem enfermidades como Newcastle (ND), Bronquite Infecciosa (IB), Laringotraqueíte Infecciosa (LT), Salmonelose, Colibacilose e Influenza Aviar para mencionar somente algumas doenças.

Em alguns países os programas de vacinação podem ser muito intensos, com aplicações, em algumas ocasiões, até a cada 2 semanas, o que requer que as aves sejam manejadas individualmente para aplicar vacinas pelas vias subcutânea no pescoço ou intramuscular no peito. É frequente que se aproveite este manejo para aplicar vacinas no olho ou na membrana da asa.

Um programa de vacinação intenso causará estresse às aves, requerendo frequentemente maior consumo de alimento e atraso no desenvolvimento devido à resposta às vacinas, e este pode ser um fator que atrase o início da produção de ovos e/ou afetar o pico de produção.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NOS PROGRAMAS DE VACINAÇÃO

1.- Manter o programa o mais simples possível.

2.-Assegurar que as vacinas sejam realmente inoculadas nas aves, aplicando uma técnica de vacinação adequada e avaliando frequentemente as técnicas.

O conceito é não necessariamente realizar uma vacinação extremamente rápida, mas ter um bom programa de imunização que garanta que todas as aves recebam una dose imunizante de cada vacina.

3.-Ter suficiente intervalo entre as vacinas para obter uma boa resposta imunológica.

4.- Implementar um bom sistema de monitoramento do estado imunológico dos rebanhos e vigiar continuamente a administração das vacinas.

5.- Considerar que cada vacinação induz ao estresse e desvia nutrientes para o sistema imunológico, em vez de direcionar os nutrientes para desenvolver uma adequada condição corporal para as 21 semanas de idade. O programa de nutrição e alimentação deve sempre considerar este ponto.

6.-Revisar ao menos uma vez ao ano o programa de vacinação para avaliar a necessidade de mudanças devido a variações nos desafios da enfermidade.

7.-Finalizar as vacinações individuais no máximo até as 21 semanas de idade, ainda que o ideal seja não vacinar mais após as 18-19 semanas de idade, especialmente quando as aves serão transferidas de criação para produção.

TÉCNICA DE VACINAÇÃO INGUINAL

A vacinação inguinal reduz o estresse em programas de vacinação considerados de moderados a muito intensos. A área inguinal fica na parte interna do quadril, na porção superior das pernas, onde a pele é facilmente dobrável e existe suficiente espaço para aplicar as injeções subcutâneas.

Figura 1. Mesa de vacinação com rampa de declínio e aplicação da vacina subcutânea na área inguinal

VANTAGENS DA VACINAÇÃO INGUINAL

  1. A vacinação inguinal é um procedimento rápido e efetivo.
  2. Não traumatiza a ave de forma alguma (reduz erros).
  3. Os músculos do peito não são afetados e, portanto, não há deterioração da qualidade da carne, de maneira que podem ser utilizadas para consumo humano ao final do ciclo de produção.
  4. Se pode vacinar com vacinas inativadas em ambas as pernas.
  5. O método pode ser utilizado entre 12 e 18 semanas de idade.
  6. É ideal para empresas que aplicam muitas vacinas inativadas e bacterianas.

BENEFÍCIOS ADICIONAIS

Um dos benefícios adicionais da vacinação inguinal é que se a vacina é injetada acidentalmente nos músculos da coxa isto não causará maiores problemas. O único problema significativo ocorre quando, ao usar agulhas demasiado longas (por exemplo agulhas calibre 20 ½”; o 0.9 mm por 13 mm) em vez das recomendadas (18 ¼“; ou 1.2 mm por 6 mm), a vacina pode chegar a ser injetada na cavidade abdominal (cavidade celómica) e/ou no fígado.

Geralmente não se observam problemas locomotores quando a aplicação é feita corretamente. A vacinação inguinal  pode ser feita sobre uma mesa, usando um trilho ou um sistema de vacinação tipo carrossel.

Figura 2. Manipulação e posicionamento corretos das aves para a vacinação por via inguinal.

Duas aves são pegas pelas asas e posicionadas sobre a mesa. O vacinador levanta uma das pernas da ave e aplica a(s) vacina(s). Posteriormente, as aves são reposicionadas apresentando a outra virilha e o seguinte vacinador repete o processo aplicando a injeção subcutânea. Ainda que a velocidade não seja tão alta, com este procedimento se garante uma boa vacinação sem que haja quase nenhuma ave sem aplicação de vacina.

VELOCIDADE DE VACINAÇÃO

Em geral, pode-se calcular uma velocidade de aplicação de aproximadamente 1000 aves/hora

Às 18 semanas é necessário um grupo de 6 pessoas, das quais: 4 coletam aves (2 por pessoa a cada vez) 2 pessoas vacinam. Desta maneira, 6 pessoas podem vacinar 6000 aves em 6 horas. Imediatamente depois da vacinação às 18 semanas de idade pode se fazer uma seleção com 2 pessoas adicionais, se isto for necessário, diante de problemas de uniformidade.

RESULTADOS DA VACINAÇÃO POR VIA INGUINAL

Milhões de aves reprodutoras são vacinadas com o procedimento de vacinação inguinal.

Nas figura 3 e 4, se resumem os resultados da vacinação por via inguinal sob a perspectiva de imunização contra doença de Gumboro (IBD) em reprodutoras pesadas.

A figura 3 corresponde a títulos ELISA para infecção da bursa de Fabricius (ELISA IBD-XR), e a figura 4 mostra os coeficientes de variação.

A Figura 3 mostra os títulos médios para IBD em lotes de reprodutoras vacinadas por via subcutânea (ano 1) ou inguinal (anos 2, 3 e 4). Cada grupo envolveu de 81 a 93 lotes de reprodutoras de 16-18 semanas de idade, vacinados com as mesmas vacinas e o mesmo programa de vacinação.

A Figura 4 ilustra os coeficientes de variação para títulos ELISA IBD-XR nos mesmos lotes de reprodutoras. As barras horizontais representam a média e o desvio padrão.

Figura 3. Títulos promedio para IBD

Figura 4. Coeficientes de variação para títulos ELISA IBD-XR

Pode-se ver que a vacinação por via inguinal produziu títulos mais elevados nos anos 3 e 4, e resultados comparáveis no ano 2, em relação à vacinação subcutânea no pescoço (ano 1). Os coeficientes de variação foram comparáveis entre a vacinação inguinal no ano 1 e a vacinação subcutânea no pescoço. Conforme se adquiriu prática com o método inguinal nos anos 3 e 4, os títulos médios e o coeficiente de variação resultaram melhores que com o método de vacinação subcutânea no pescoço (One Way ANOVA P<0.005).

A vacinação por via inguinal tende a melhorar os títulos médios e os coeficientes de variação, além de poderem contribuir para reduzir o estresse nas aves. Ainda que este método de vacinação não seja novo, seu uso não está amplamente difundido em nível mundial e poderia beneficiar muitas empresas, especialmente aquelas que se vêm obrigadas a utilizar múltiplas vacinações com bacterianas e/ou vacinas inativadas.

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