A avicultura de postura vem sofrendo vários desafios no controle dos agentes infecciosos que acometem as aves. Um dos fatores que dificultam a manutenção da saúde do plantel das aves é o modelo de criação intensivo e em alta densidade, que favorece a propagação de micro-organismos patogênicos entre aves.
Dentre as enfermidades que desafiam a produção podemos citar o tifo aviário, uma das salmoneloses de grande importância para a avicultura de postura, e que reemergiu como um grande problema avícola no país. No ano de 2010, em matérias publicadas na Revista Avicultura Industrial, com os seguintes títulos: “Tifo aviário em alerta vermelho” e “Uma antiga doença”, pode-se verificar que os autores relatam o tifo aviário como uma ameaça para os plantéis industriais, e que o retorno da ocorrência da doença, que até então era considerada erradicada, poderia significar negligência e falhas nos processos básicos de diagnóstico e prevenção das graves doenças avícolas. Hoje, pode-se dizer que a enfermidade é uma realidade na produção avícola.
Salmonella entérica subs enterica, sorovar Gallinarum biovar Gallinarum (SG) é o agente do tifo aviário, doença sistêmica grave causada por um sorovar extremamente adaptado ao hospedeiro, pelo qual somente as aves adoecem. A enfermidade causa grande perda econômica, não só pelas altas taxas de morbidade e de mortalidade, mas também pela marcante queda de postura. Nos lotes afetados, a taxa de mortalidade pode ser de 10 a 80%, causando impactos sanitários e econômicos.
Nas granjas, as aves doentes e portadoras são fontes de infecção do tifo aviário. Além de disseminarem a bactéria, contribuem para a persistência do micro-organismo na natureza. Os sintomas, que nada têm de específico, são: a anemia com cristas e barbelas pálidas ou arroxeadas que dependendo do órgão lesionado pelo tifo pode causar apatia, penas arrepiadas, anorexia, diarreia amarelo-esverdeada e febre. O que chama atenção são as lesões, particularmente as do fígado. Quando observados os sintomas da doença, o diagnóstico é feito por meio do isolamento dos órgãos acometidos na fase aguda e por sorologia na fase crônica.
Medidas gerais de biosseguridade são fundamentais para a prevenção do tifo aviário. O controle de trânsito de pessoas, veículos, fômites, controle de roedores, insetos e ectoparasitas, retirados de aves mortas da gaiola, evitando que as demais tenham contato com a mesma, o uso de rações tratadas com ácidos orgânicos e a cloração da água são medidas importantes no controle da infecção por esses agentes, como também a aquisição de pintainhas livres de S. Gallinarum.
O diagnóstico do tifo aviário é feito com base nos achados clínicos, anátomo-patológicos e exames laboratoriais.
A monitoração sorológica (soroaglutinação rápida – SAR) deve ser realizada periodicamente para identificação de lotes positivos. Aves infectadas por períodos superiores a duas semanas são positivas no teste de pulorose. Os resultados são passíveis de confusão com aves infectadas por Salmonella Pullorum (SP) ou por outra salmonela que possua antígenos em comum, como aquelas do grupo D.
O diagnóstico definitivo compreende exame bacteriológico em órgãos de isolamento e a identificação do agente. As etapas necessárias para o isolamento e a identificação da Salmonella Gallinarum seguem uma sequência que se inicia com enriquecimento seletivo, seguido por plaqueamento, análise bioquímica e tipificação sorológica. A Salmonella causadora do tifo aviário é uma bactéria aflagelar, pertencente ao grupo D, que apresenta os antígenos somáticos 1, 9 e 12. Em seu comportamento bioquímico, apresenta algumas reações que a diferenciam da Salmonella Pullorum, como a fermentação do dulcitol e a não descarboxilação da ornitina.
Um programa de controle e erradicação do tifo aviário, entre outras medidas, deve contemplar uma monitoria que possibilite a identificação precoce da infecção. A Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Bastos (UPDB), unidade do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio Avícola (CAPTAA), Instituto Biológico, sediado em Bastos, SP, e credenciado pelo MAPA, realiza análises de presença de Salmonella Gallinarum (SG) em toda a cadeia produtiva avícola. Atualmente, a UPDB é reconhecida nacionalmente e está acreditada pelo Inmetro, seguindo os requisitos estabelecidos na ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005.
Artigo retirado do site do Instituto Biológico – Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Bastos