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Tifo Aviário

Escrito por: Angelo Berchieri - Professor Titular em Ornitopatologia FCAV-Unesp, Jaboticabal-SP.
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tifo aviário

O tifo aviário causado por Salmonella enterica subsp. enterica sorovar Gallinarum biovar Gallinarum (S. Gallinarum ou SG), é uma enfermidade que causa grandes transtornos à avicultura comercial por provocar mortalidade e consequente queda na produção.

A enfermidade é mais comum em aves adultas, embora possa ocorrer em aves de qualquer idade. Parecia estar menos frequente até o início desse século, quando começou a ocorrer em grande escala, acometendo planteis de aves reprodutoras e aves para produção de ovos de mesa.

Aves acometidas pelo tifo aviário:

param de se alimentar;

ficam encorujadas,

podem apresentar tremor (visível na cabeça e no pescoço),

diarreia amarelo-esverdeada,

ficam prostradas,

apresentam morbidade e mortalidade

A enfermidade se inicia em um local da granja e vai se espalhando.

A mortalidade pode chegar a 80% do plantel. A queda de postura é visível nos instantes que antecede a morte do animal.

Em condições experimentais, aves:

apresentam os sintomas 4 -7 dias após a infecção e

sucumbem em poucos dias.

Aves ao redor contraem a enfermidade bicando a carcaça da ave morta, adoecem e vão a óbito, sendo fonte de SG para outras aves ao redor e assim por diante, espalhando o Tifo Aviário pela propriedade.

Quanto mais tempo a carcaça permanecer no ambiente, maior será a disseminação do agente da doença.

As principais alterações observadas em aves mortas são:

aumentado de volume,

friável,

amarelo a amarelo-esverdeado ou amarelo-bronzeado,

com pontos hemorrágicos e pontos branco-amarelados (necróticos),

Trata-se de um quadro de septicemia, portanto, vários órgãos são atingidos, mas as alterações de fígado e baço são as que mais chamam a atenção.

Aves Pesadas e Semipesadas

Aves de linhagens pesadas e semipesadas são mais susceptíveis à doença clínica com mortalidade alta.

Aves Leves

Aves leves podem apresentar a enfermidade, mas é menos frequente. Experimentalmente, observou-se que, nestas aves, ocorre queda brusca de postura, por alguns dias, sem nenhum sinal claro sugestivo do Tifo Aviário. Contudo, quando estão infectadas, podem carrear SG por um bom tempo e, se vierem a óbito, por qualquer razão, a bactéria se dissemina pela carcaça que passa a ser fonte de infecção para outras aves.

É preciso lembrar que existem várias espécies de galináceos selvagens e, que as granjas estão em áreas rurais, com vegetação abundante ao seu redor.

Biossegurança

As medidas de biossegurança conhecidas, são substanciais para combater o TA, como:

controle de insetos, ácaros, roedores,

programas de limpeza e desinfecção, etc.

Mas algumas são imprescindíveis.

Primeiro, seguir as normas do PNSA.

Segundo, considerando-se que a infecção é dose dependente (o que significa que é preciso uma certa quantidade de SG para infectar a ave e provocar a enfermidade) e que a carcaça tem papel relevante na disseminação, é preciso se empenhar para neutralizar tal fonte de infecção.

O que fazer

É preciso retirar o quanto antes a ave morta do galpão ou da gaiola (se possível, ainda moribunda, antes de vir a óbito), manuseá-la com a melhor assepsia possível e dar destino rápido a ela.
Não deixar amontoar ao ar livre.

Quando a criação é sobre piso, a disseminação de SG no galpão é mais intensa

Pessoas que manipulam a carcaça podem transferir a bactéria para outros locais, seja nas mãos, seja em algum instrumento que tenha utilizado como a tesoura de necrópsia, seringas/agulha, p.ex

Entre a constatação da ave morta e a sua destinação final, a carcaça não deve ficar exposta. Deve ficar protegida de insetos, animais selvagens, roedores, seres humanos, animais domésticos, etc.

Na granja, limpar e desinfetar o local onde estava a ave doente e observar atentamente as aves que estavam próximas, eliminando-as também, rapidamente, se necessário.

O tratamento das carcaças, por compostagem, incineração, desidratação, etc. deve ser monitorado mediante exame bacteriológico para confirmar a eficiência na eliminação de SG.

Transmissão transovariana

Investigamos a possibilidade de transmissão transovariana de SG para a progênie, para tanto:

1) Infectamos aves adultas e examinamos os ovos.

Antes de ir a óbito a ave parou de botar e os ovos produzidos não continham SG;

2) Infectamos as aves com menos SG e as tratamos com antibióticos para não virem a óbito. 

Examinamos por várias semanas os ovos produzidos por estas aves. Nenhum estava positivo;

3) Contaminamos a casca, abaixo da casca e a gema de ovos férteis. 

As contaminações superficiais não resultaram em multiplicação bacteriana e as aves nasceram saudáveis.

Quando a contaminação foi na gema, não houve desenvolvimento do embrião e o conteúdo do ovo continha SG em abundância.

Se esses ovos forem quebrados durante o descarte, inundariam o incubatório com SG, contaminando os dejetos que saem na forma de lixo, água de lavagem, bem como pessoal e veículos transportando pintinhos de um dia.

Aves de descarte

Ainda com relação a carcaças, o descarte no final de produção de aves comerciais ou reprodutoras, é outra operação que merece atenção especial.

A presença de aves infectadas em lotes que são destinados ao abate pode contribuir para a disseminação de SG.

O uso de substâncias antimicrobianas para tratamento do lote contra outras enfermidades pode mascarar a presença de SG e, dependendo das condições e tempo de transporte, aves podem morrer no caminho, contaminando o veículo e o trajeto por onde ele passar.

A disseminação de SG se estende ao abatedouro, onde estarão vários veículos que retornarão a propriedades avícolas.

Ave morta

Diante dessas considerações, entendemos que:

o principal alvo de um programa sanitário seria a ave morta e tudo que disser respeito a ela,
trânsito de pessoal, de veículos e
escoamento de resíduos líquido e seco da granja.

Em granjas comerciais para produção de ovos de mesa, programas de vacinação seriam bem-vindos.

A geração de imunidade contra o TA requer um estímulo potente, o qual se consegue com o uso de vacinas vivas. A infecção é dose dependente e como ocorre a qualquer momento durante o período de vida das aves, a imunidade proporcionada pela vacinação seria interessante.

 

 

 

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