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O objetivo do estudo foi avaliar a efetividade da Tylvax® Px contra cepas de campo do Mycoplasma gallisepticum em perus
RESUMO
Foram utilizados 1712 perus domésticos, de diferentes sexos e idades, pertencentes a uma granja positiva à infecção por Mycoplasma gallisepticum.
O grupo Tratamento (GT) foi composto por 1092 aves, distribuídas em três lotes de criação, os quais receberam tratamento com Tylvax® Px a uma dose de 100 g de tartarato de tilvalosina/ t de alimento.
O grupo controle positivo (GC) foi composto por 620 aves que receberam a terapia convencional empregada em granja com base em fumarato de tiamulina a uma dose de 166,52 g / t de alimento e clortetraciclina a uma dose de 2666,68 g / t de alimento.
Os tratamentos dos dois grupos foram administrados durante 10 dias consecutivos.
Desde o início do tratamento foram avaliados os sinais clínicos de cada animal diariamente, observando-se, principalmente, a apresentação de sinusite.
Ao finalizar o estudo, o GT conseguiu prevenir a apresentação da sinusite e sinais clínicos causados pelo Mycoplasma gallisepticum em 98,72% das aves, até os 30 dias pós-tratamento.
Por sua vez, o tratamento evitou que os sinais clínicos progredissem nos perus, como ocorreu no GC.
O tratamento com Tylvax® Px conseguiu controlar e/ou reduzir os sinais clínicos em perus com Doença Respiratória Crônica causada pela infecção por Mycoplasma gallisepticum
OBJETIVO GERAL
Avaliar a efetividade da fórmula comercial da Tylvax® Px, à base de tilvalosina em campo para o tratamento do Mycoplasma gallisepticum em perus.
ANTECEDENTES & JUSTIFICAÇÃO
O Mycoplasma gallisepticum é o micoplasma patógeno de aves de produção economicamente mais importante, em termos produtivos, e se faz presente no mundo.
Afeta geralmente frangos e perus em produção intensiva (Charleston et al., 1998). O M. gallisepticum tem preferência pelo trato respiratório de aves de produção e silvestres (Islam et al., 2011); e é o agente causador do que se conhece como doença respiratória crônica em aves de corte e sinusite infecciosa em perus (Gharaibeh y Al-Rashdan, 2011).
Entre os sinais clínicos associados à infecção por Mycoplasma gallisepticum em aves de corte incluem-se:
Estertores respiratórios
- Tosse
- Espirros
- Secreção nasal
- Frequentemente Sinusite e respiração pela boca (Islam et al. 2011)
- Sinusite infraorbital (caracteristicamente em perus) (Ley, 2008).
Diferentes grupos antimicrobianos foram utilizados para o tratamento do Mycoplasma gallisepticum em aves de corte, porém, sua eficácia tem se reduzido devido ao desenvolvimento de cepas do M. gallisepticum com distintos níveis de resistência a diferentes antimicrobianos como:
- Tilosina
- Eritromicina
- Enrofloxacina
- Ofloxacina
- Espectinomicina
- (Gautier-Bouchardon et al., 2002).
Assim, nos últimos anos houve um aumento no desenvolvimento de resistência antimicrobiana aos macrólidos como a tilosina e a eritromicina; em especial a este último (Gharaibeh y Al-Rashdan, 2011).
A tilvalosina é um macrólido efetivo no tratamento e prevenção da doença respiratória associada ao M. gallisepticum em frangos.
Uma sensibilidade elevada à tilvalosina foi demonstrada em diferentes cepas do M. gallisepticum, isoladas em faisões (Forrester et al., 2011) nos quais o quadro clínico causado pelo M. gallisepticum é muito similar ao observado em perus, caracterizado pela sinusite infecciosa (Gharaibeh y Al-Rashdan, 2011) (Ley, D. H., 2008), devido à sua predisposição anatômica (Icochea, comunicação pessoal).
Em áreas onde a infecção por Mycoplasma gallisepticum permanece endêmica, a terapia antimicrobiana supõe um fator importante no controle da micoplasmose aviária (Tanner et al., 1993), motivo pelo qual é importante buscar novas alternativas terapêuticas que ajudem a controlar o desenvolvimento de cepas resistentes, sendo uma alternativa a associação de antimicrobianos.
O presente estudo buscou avaliar a efetividade terapêutica de uma PIV com base em um novo antimicrobiano de eficácia comprovada contra cepas resistentes a outros antimicrobianos:
Tilvalosina, para o controle do M. gallisepticum em perus.
MATERIAIS & MÉTODOS
PROJETO EXPERIMENTAL:
O presente estudo de campo contemplou um projeto aleatório simples com controle positivo. Considerou-se como unidade experimental uma ave.
O grupo Tratamento (GT) foi composto por 1092 aves, entre fêmeas e machos, distribuídos em três lotes de produção, os quais receberam tratamento com Tylvax® Px a uma dose de 100 g de tartrato de tilvalosina/t de alimento, o que equivale a 2 kg de produto/ t de alimento.
O grupo controle positivo (GC) foi composto por 620 aves, entre fêmeas e machos, os quais receberam a terapia convencional empregada em granja com base em fumarato de tiamulina a uma dose de 166,52 g/t de alimento e clortetraciclina a uma dose de 2666,68 g/t de alimento; o que corresponde a uma dose de 4 kg do produto controle positivo/t de alimento.
SELEÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE ANIMAIS
Foram selecionados 1712 perus domésticos, de diferentes sexos e idades, pertencentes a uma granja positiva à infecção por Mycoplasma gallisepticum.
PRODUTO FARMACÊUTICO VETERINÁRIO EM PESQUISA (PFVI), PRODUTO CONTROLE
O PFVI foi o Tylvax® Px, apresentação que contém tartrato de tilvalosina 5 g/100 g. Apresentação para ser administrada via alimento.
O produto controle positivo foi um produto comercial que contém fumarato de tiamulina 4,163 g/100g e clortetraciclina 66,667 g/100 g.
Os produtos foram armazenados de acordo com as recomendações do respectivo fabricante.
TRATAMENTO
O tratamento foi iniciado no dia experimental “0” e administrado por dez dias consecutivos. Os tratamentos foram rotulados com uma codificação segundo o grupo experimental, como segue:
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA
O dia inicial do tratamento foi estabelecido como dia “0” e teve uma duração de 10 dias. Os animais foram observados diariamente até 30 dias pós-tratamento (dia experimental 39) com a finalidade de observar principalmente a aparição de sinusite.
Determinou-se a porcentagem de aves que desenvolveram sinais clínicos compatíveis com micoplasmose, segundo o descrito por (Forrester et al., 2011):
- Presença de lacrimejamento
- Conjuntivite
- Depressião
- Secreção nasal
- Inflamação dos seios paranasais (sinusite)
As aves que apresentaram sinais clínicos de micoplasmose foram isoladas ou descartadas, segundo o manejo habitual da granja. Por sua vez, registrou-se a mortalidade.
MÉTODOS ESTATÍSTICOS
Empregou-se estatística descritiva e gráficos para apresentar os dados obtidos. Realizou-se a avaliação do tempo de aparição da sinusite, para isso foi feita uma análise de sobrevivência empregando curvas de Kaplan Meier
RESULTADOS
Realizou-se uma análise de sobrevivência para avaliar o efeito do tratamento na prevenção da aparição de sinais clínicos de micoplasmose e a mortalidade. Os animais iniciaram o estudo sem sinais clínicos evidentes de micoplasmose.
98,72% das aves do grupo tratado não apresentou sinusite e sinais clínicos compatíveis com Micoplasmose até finalizar o estudo, com uma diferença de -0,4% e 16% sobre o grupo controle ao final do tratamento (dia 10) e ao final do período de estudo (dia 30), respectivamente (Figura 1)
FIGURA 1. Análise de sobrevivência do efeito da Tylvax® Px na prevenção do quadro clínico de micoplasmose em perus, Lima 2014.
Os principais sinais clínicos evidenciados durante o desenvolvimento do estudo foram a inflamação dos seios paranasais (sinusite) e lacrimejamento.
O tratamento à base de Tilvalosina é mais efetivo na prevenção de sinais clínicos de micoplasmose que o tratamento padrão (Tiamulina mais clortetraciclina), garantindo um maior período livre de sintomatologia pós-tratamento (30 dias).
Estes resultados são similares aos relatados em frangos, nos quais se evidenciou 95% de proteção (Stipkovits and Mockett 2007).
Por sua vez, o grupo que recebeu tratamento com Tylvax® Px apresentou um percentual de sobrevivência de 100% posterior ao tratamento (dia 10), e 99,8% ao finalizar o estudo (dia 39), com uma diferença de 3,1% e 5,5% sobre o grupo controle positivo, ao dia experimental 10 e 39, respectivamente (Figura 2).
FIGURA 2. Efeito da Tylvax® Px sobre a mortalidade em perus positivos ao M. gallisepticum, Lima 2014.
Nenhum dos animais evidenciou sinais de algum tipo de reação adversa durante ou depois da suplementação do alimento com Tylvax® Px.
CONCLUSÕES
O tratamento com Tylvax® Px consegue prevenir a apresentação da sinusite e sinais clínicos causados pelo M. gallisepticum em 98,72% das aves, até os 30 dias pós-tratamento.
• O tratamento de aves com Tylvax® Px (tartrato de tilvalosina) é mais efetivo na prevenção da micoplasmose que o tratamento baseado na combinação de Tiamulina mais clortetraciclina, garantindo um maior período de proteção ao finalizar o tratamento.
• O tratamento com Tylvax® Px consegue prevenir a apresentação de sinusite e sinais clínicos causados pelo M. gallisepticum por um período de 30 dias pós-tratamento, com uma diferença de 16% sobre o grupo controle.
• O tratamento com Tylvax® Px melhora a sobrevivência das aves até 99,8%, sendo superior em 5,5% ao grupo controle.