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Um bom programa de vacinação, juntamente com um manejo apropriado e uma boa biossegurança desempenham papel fundamental para promover a saúde, o bem-estar e a produtividade das reprodutoras de frango de corte.
As bacterinas ou vacinas bacterianas inativadas podem ser uma ferramenta valiosa nos programas de vacinação para estimular altos níveis de imunidade contra patógenos como:
- Salmonella spp.
- Pasteurella multocida (cólera)
- Escherichia coli (E. coli)
- Avibacterium paragallinarum (coriza)
- Ornithobacterium rhinotracheale (ORT)
Este trabalho é um guia prático para induzir níveis otimizados de imunidade e minimizar o risco de efeitos adversos associados ao uso de bacterinas nas reprodutoras de frango de corte.
Princípios gerais
- As bacterinas devem ser usadas sob supervisão de médicos veterinários especializados
- É importante usar produtos de manufatura confiável
- Seu armazenamento e manejo devem ser adequados
- As bacterinas devem ser mantidas em temperatura adequada antes de sua administração
- Esses produtos requerem manejo e aplicação por pessoal treinado
- O processo de vacinação deve estar sujeito a auditoria constante
- A inspeção visual da técnica e do local de injeção é o melhor método para avaliar sua administração
- É imprescindível vacinar todas as aves.
- Uma ave não vacinada não poderá desenvolver a imunidade desejada a esses produtos inativados
- O objetivo é induzir níveis de anticorpos altos e duradouros
Características das Bacterinas
As bacterinas são constituídas por dois componentes, uma fase líquida e um adjuvante combinados para formar uma emulsão.
A fase líquida contém os antígenos de bactérias específicas e o adjuvante é uma substância que ajuda a reforçar e prolongar a resposta imunológica da ave.
- O antígeno pode ser parte da bactéria ou componentes dela.
- No caso do adjuvante, o hidróxido de alumínio e o óleo mineral são os mais comumente usados.
- As emulsões simples consistem de uma fase líquida no seio de uma fase de óleo contínua, referidas como emulsão água em óleo (Ag/Ac).
- As emulsões duplas (Ag/Ac/Ag) são elaboradas ao dispersar água em óleo e, em seguida, dispersar esta emulsão Ag/Ac em água para que sejam menos densas e facilitar a sua injeção.
- A reação no local de injeção das bacterinas de emulsão em óleo é mais severa que a reação causada por vacinas virais inativadas.
- Isso se deve a certos componentes bacterianos potencialmente tóxicos, como lipopolissacarídeos ou endotoxinas.
- A reação às bacterinas em emulsões com óleo tende a ser mais severa e a produzir níveis maiores de anticorpos comparadas com emulsões em hidróxido de alumínio.
Idade de Administração
Devido ao potencial das bacterinas de causar uma forte reação, estas são administradas geralmente entre 8 e 10 semanas de idade, quando as reprodutoras para frango de corte têm suficiente peso e massa muscular para poder assimilá-las. Uma segunda dose é recomendada entre as 18 e 20 semanas para que os lotes superem a reação sem comprometer o seu peso, a uniformidade, o desenvolvimento sexual e o início da produção de ovos.
Procedimentos de Preparo, Manejo & Administração
Recomenda-se retirar as bacterianas do refrigerador por volta de 24 horas antes da administração para moderar sua temperatura. Vários fabricantes recomendam aquecê-las a aproximadamente 37 °C (100 °F) usando um banho de água morna antes da injeção. Essas medidas têm como finalidade reduzir as reações no local de injeção e facilitar sua aplicação (Figura 1).
Para evitar romper a emulsão é muito importante não congelá-las e evitar que se superaqueçam. O superaquecimento pode resultar na liberação de endotoxinas que podem provocar reações muito severas e mortalidade (síndrome hemorrágica pós-vacinal).
As vias de injeção mais comumente usadas são a subcutânea (SC, sob a pele) na parte posterior do pescoço ou na prega inguinal e a intramuscular no peito ou coxa da perna (Figura 2).
Um local alternativo é a parte baixa do apêndice da cauda em frangas de não menos de 16 a 18 semanas de idade. Os locais de injeção descritos anteriormente são exibidos na Figura 3.
O sucesso das bacterinas e a severidade da reação dependem dos seguintes fatores:
- Bom planejamento e manejo adequado antes de sua administração
- Técnica adequada de aplicação
- Administração de uma dose completa
- Não negligenciar ou deixar aves sem vacinar
- Estado físico (idade, peso) e saúde dos lotes para conseguir boa imunidade com um mínimo de reações adversas
- Treinamento dos profissionais envolvidos e auditorias dos métodos de manejo e administração
- Seguir as recomendações do fabricante
Em geral, quando as bacterinas são aplicadas corretamente por via subcutânea (SC) há uma menor reação do que com a injeção intramuscular (IM).
Quando se realizam injeções SC, a vacina deve ser aplicada no terço distal do pescoço, e devem ser evitadas injeções muito próximas à cabeça, à base ou aos músculos do pescoço (Figura 4) para não provocar lesões severas.
Injeções SC
É indispensável usar agulhas novas estéreis e substituí-las periodicamente (como mínimo, uma vez a cada 500 aves). Para as injeções SC, recomenda-se usar agulhas de calibre 18-19 e de 10 a 12 mm (de 0,4 a 0,5 pol.) de comprimento. Para injeções IM, recomendam-se agulhas de calibre 18 e de 6 mm (0,25 pol.) de comprimento. Agulhas embotadas ou com bisel danificado devem ser substituídas imediatamente para não provocar danos nos tecidos da ave.
Injeções IM
Quando se usa a via IM, o músculo do peito é o melhor local possível, já que sua grossura oferece uma boa amortização da injeção. Quando se injeta no peito, é necessário certificar-se de que a agulha se localize a 2.5-3.8 cm (1-1.5 pol.) de distância do esterno ou osso da quilha (Figura 5) e colocar a agulha no terço superior do peito, em direção para baixo, em um ângulo de 45°. Isso previne a aplicação da vacina dentro da cavidade abdominal. A aplicação de bacterinas nos músculos da perna não é comum nas reprodutoras de corte e em geral deve ser evitada para prevenir reações adversas.
A inspeção visual da técnica de administração (no momento) e localização da vacina no local correto é o melhor método para determinar a precisão da injeção.
Métodos de Verificação
A inspeção da localização é recomendada em uma hora após a vacinação. Seguida a injeção subcutânea (SC) no pescoço, as penas devem ser separadas para permitir a visualização da vacina sob a pele (Figura 6).
As penas úmidas indicam que a vacina foi mal aplicada. Para avaliar visualmente o procedimento após a aplicação intramuscular (IM), sugere-se sacrificar algumas aves que são erros de sexagem (usando um método adequado) para inspecionar o local de injeção.
Se as aves se mostrarem deprimidas e letárgicas por alguns dias devido à reação, recomenda-se fazer um ajuste da quantidade de alimento para estimulá-las e oferecer ao lote uma quantidade adicional de energia. Isso ajuda a manter a uniformidade de peso e ajuda as aves a superar a reação tanto dos tecidos como sistêmica. A síndrome hemorrágica pós-bacterina que se apresenta em alguns casos é uma reação adversa que se deve possivelmente à presença de endotoxinas em algumas bacterinas.
Esta síndrome é um processo inflamatório severo, que causa o acúmulo de proteínas (amiloidose) em órgãos como o fígado e resulta em um aumento do seu tamanho com uma aparência hemorrágica e manchada (Figura 7), além do acúmulo de fluido sanguinolento na cavidade abdominal (Figura 8).
Nesses casos é comum encontrar uma reação inflamatória no local de injeção da vacina no peito. Para evitar, ou diminuir a incidência desses problemas, é imperativo contar com um bom planejamento da vacinação, manejo e administração das vacinas e idade das aves (evitar a administração de bacterinas separadas por poucas semanas). Da mesma forma, recomenda-se evitar bacterinas causantes de reações muito severas. As cicatrizes no local de injeção após a aplicação no peito podem resultar em problemas de interdição quando as aves são processadas ao final do ciclo de produção.
Essas cicatrizes tendem a ser mais visíveis quando se usam bacterinas emulsionadas em óleo comparadas com vacinas virais inativadas. Por esse motivo, a maioria dos fabricantes prefere que as bacterinas sejam administradas por via SC em lugar da via IM e, para evitar também lesionar o músculo peitoral profundo (conhecido como filezinho), o que pode provocar a sua necrose (Figura 9).
Para reduzir as reações adversas, alguns fabricantes disponibilizam bacterinas com volumes menores (garrafas de 250 ml, 0,25 ml por dose), com a mesma concentração de antígenos que os produtos convencionais (garrafas de 500 ml, 0,5 ml por dose).