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Vacinas de construção de DNA: nova tecnologia

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As vacinas podem afetar os potenciais  genéticos das aves?

O potencial genético da taxa de crescimento de frangos de corte e a eficiência alimentar melhoram a cada ano, porém, muitas vezes perdemos uma parte significativa desse potencial através de nossos esforços para controlar doenças.

Controle do processo de vacinação em condições de campo

O controle do processo de vacinação é extremamente difícil em condições de campo, onde os avicultores ou os técnicos de campo devem executar o trabalho de vacinação em condições ambientais variáveis. A cobertura da vacina pode ser desigual, com algumas aves que não sejam imunizadas e se tornem suscetíveis aos riscos do campo ou às reações pós-vacinais.

As vacinas podem afetar os potenciais genéticos das aves?

As mesmas vacinas podem contribuir para a perda de potencial genético. A Doença de Newcastle (ND – sigla em inglês) altamente patogênica, muitas vezes exige o uso de vacinas inativadas, quer seja na incubadora ou no campo, para ajudar os frangos de corte a resistir ao desafio até o abate. A forma lentogênica da Doença de Newcastle pode ser controlada com vacinas vivas de ND, porém, tanto as vacinas vivas como as inativadas podem ter consequências associadas ao rendimento.

O Dr. Robert Teeter (professor emérito da Oklahoma State University) demonstrou em estudos realizados em 2012,  que:

  1. os pintos de um dia vacinados com vacinas inativadas apresentaram um déficit de 5% no peso corporal em comparação com o grupo controle vacinado aos 14 dias de idade.
  2. Esse déficit de peso não foi recuperado antes dos 28 dias.
  3. De maneira similar, a cepa La Sota viva administrada no primeiro dia de idade também resultou em um déficit   transitório de 5% no peso corporal.
  4. Porém, incluída a cepa suave B1 o déficit de peso foi de 3%, enquanto uma cepa C2 mais suave produziu um déficit de 2,5% aos 14 dias.

Cada uma das vacinas vivas produziu uma redução transitória do peso, que se recuperou aos 21 dias, porém, em condições de campo esses frangos de corte sofreram um estresse que poderia ter sido complicado por E. coli ou Micoplasma. Por isso, esses frangos normalmente são revacinados com outra vacina viva durante esse período de estresse.

Além da Doença de Newcastle. Doença Infecciosa da Bursa (IBD)

Além da Doença de Newcastle, também vacinamos nossos frangos de corte para protege-los da Doença de Gumboro, ou doença Infecciosa da Bursa de fabricius (IBD – sigla em inglês). As vacinas vivas contra IBD induzem a atrofia transitória da Bursae podem exigir uma análise sorológica cuidadosa das reprodutoras para determinar a idade adequada de vacinação da progênie.

Aplicação

As vacinas do complex imune podem ser administradas na incubadora sem a preocupação com a interferência de anticorpos maternos. Porém, quando o complexo se rompe, liberando o vírus da vacina IBD, é produzida uma atrofia importante da bolsa e uma imunosupreção transitória.

Vacinação no incubatório

A incubadora continua sendo o único lugar onde se pode induzir a proteção contra esses dois vírus com um alto nível de controle do processo.

A introdução de uma vacina com tecnologia de construção de DNA oferece uma oportunidade para garantir um excelente controle do processo, ao mesmo tempo que elimina a necessidade da vacinação em campo. Esta nova tecnologia elimina as dúvidas em relação à idade correta de aplicação e a atrofia da Bursa da vacinação contra a IBD. Além de eliminar as reações da Doença de Newcastle depois do reforço de campo.

Tecnologia de construção do DNA

O Herpesvirus do Peru (HVT – sigla em inglês) é um vírus natural dos perus, também conhecido como vírus da Doença de Marek sorotipo 3. Este vírus foi utilizado durante décadas como uma vacina para ajudar na proteção contra a Doença de Marek em aves.

Devido a este ser um vírus não patogênico de origem natural (não tratado ou atenuado), não pode reverter a virulência quando utilizado como vacina.

Como outros herpesvirus, ,o HVT produz uma infecção persistente, o que induz à imunidade vitalícia.

O HVT tem um genoma de 159, 160 pares de bases que codifica uma estimativa de 99 proteínas diferentes. O genoma inclui regiões genômicas longas únicas (UL – sigla em inglês) e curtas únicas (US – sigla em inglês), além de segmentos de repetição curta (RS – sigla em inglês) e repetição longa (RL – sigla em inglês). O HVT foi selecionado como a base apropriada para vacinas de construção genética devido às características de não patogenicidade, persistência da infecção e estabilidade quando se insere material genético em seu genoma para codificar proteínas que não são expressadas naturalmente pelo vírus.

Porém, a inserção do material genético não resulta automaticamente um vírus HVT estável que possa expressar as proteínas antigênicas desejadas codificadas pelos genes acrescidos. Debe-se agregar sequências especiais de genes no princípio e ao final da inserção desejada, chamadas “promotores” e “terminadores”. Estes gens únicos e patenteados permitem aos pesquisadores construir um vírus HVT que codifica não só as proteínas que contribuem à proteção da Doença de Marek, como também à proteção contra a Doença de Newcastle (ND), ou a Doença Infecciosa da Bursa de fabricius (IBD).

Modo de ação

As proteínas expressas pelo material genético inserido (glicoproteína F – fusão de ND e VP2 de IBD) estimulam o sistema imune da ave a produzir anticorpos contra essas proteínas, como se fossem produzidas pelo vírus parental (ND o IBD). Os antígenos expressos ​​são selecionados em função de sua capacidade de estimular uma resposta protetora sólida.

Porém, a diferença do vírus parental vivo, o vírus HVT de construção genética não pode causar reação respiratória como as cepas B1 e LaSota da Doença de Newcastle, ou atrofia da Bursa (como IBD); não pode se propagar de ave em ave, ou voltar a ser virulento. É uma forma segura e não reativa de estimular uma imunidade protetora contra estes vírus e também proporciona proteção contra a Doença de Marek, como  o HVT sempre o tem feito.

Os produtores se vêm obrigados a eleger apenas uma das vacinas de construção genética:

Se vacinou-se com uma vacina de construção genética de HVT-ND, ao mesmo tempo que HVT-IBD, a proteção contra a IBD pode se ver comprometida.

Tem sido um grande desafio produzir uma inserção genética múltipla que se mantivesse  estável e que expressasse todas as proteínas antigênicas para estimular uma resposta protetora completa para cada uma delas.

A produção de uma vacina deste tipo não foi simples: exigiu que os pesquisadores encontrassem a localização correta dentro do vírus HVT para cada cassette de material genético, que encontrarão os promotores e terminadores corretos para permitir a estabilidade do vírus e uma  forte expressão proteica. O resultado final é uma vacina HVT de dupla construção que estimula os anticorpos protetores contra a proteína F de ND e a VP2 de IBD.

Esta nova vacina oferece aos produtores uma nova opção: proteção não reativa contra a Doença de Newcastle e a Doença de Gumboro, ou Doença Infecciosa da Bursa de fabricius em uma só vacina de HVT de dupla construção.

 

 

 

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