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“Vamos fazer a mesma coisa que sempre fizemos e esperar resultados diferentes?”, diz Ribas durante evento Vida de Granja

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“Vamos fazer a mesma coisa que sempre fizemos e esperar resultados diferentes?”, diz Ribas durante evento Vida de Granja

No encerramento da inauguração da nova fase da Fazenda Alta Conquista, o diretor corporativo da JBS Seara, José Antônio Ribas Jr., desafiou o setor produtivo a romper com paradigmas e repensar estratégias. Com discurso direto, apontou a necessidade de rever a forma como se estrutura o trabalho nas granjas, o modelo de remuneração e o protagonismo do produtor integrado.

“Quem estiver no campo em 2040 não será quem produz barato, mas quem produz bem, com base em ciência e dados”, afirmou Ribas, destacando que a profissionalização e a inteligência aplicada à produção serão critérios determinantes de sobrevivência no médio e longo prazo.

O executivo enfatizou a importância de encarar as unidades produtivas como empresas, com métricas de desempenho, visão estratégica e foco em resultados. “As granjas que são tocadas por empresários rurais preparados conseguem entregar 40% a mais de desempenho do que a média”, alertou. Segundo ele, as agroindústrias precisam apoiar essa transição com modelos contratuais mais inteligentes e que reconheçam o mérito técnico.

Ribas também ressaltou que não se trata de “transformar todo produtor em cientista”, mas de garantir que ele tenha acesso às informações corretas para tomar decisões com base técnica e econômica.

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Com larga experiência no setor, ele lembrou que o modelo tradicional de integração precisa evoluir. A agroindústria deve deixar de ser apenas fornecedora de insumos e compradora de animais para atuar como agente de desenvolvimento do negócio do produtor. “Estamos fazendo o máximo possível para desenvolver o nosso parceiro — ou só entregando o básico para seguir fazendo mais do mesmo?”, provocou.

Ribas cravou que não há sustentabilidade sem eficiência: menor mortalidade, melhor conversão e maior eclosão são sustentabilidade “na veia”. Citou ainda adoção de fotovoltaica em grande parte das operações e investimentos em biometano/economia circular como direções irreversíveis do setor.

“Vamos fazer a mesma coisa que sempre fizemos e esperar resultados diferentes?”, diz Ribas durante evento Vida de Granja

Comunicação

Um dos trechos mais aplaudidos foi o diagnóstico sobre comunicação: se o setor não ocupar o espaço público com linguagem acessível e empática, outros falarão por ele — e, muitas vezes, contra ele. Ribas defendeu atuação proativa, não reativa; “microcomunicação” no dia a dia (escolas, profissionais de saúde, formadores de opinião); e coordenação entre indústria, academia e produtores. “A responsabilidade de comunicar é nossa.”

O executivo também chamou atenção para gargalos estruturais: logística defasada, custo de capital elevado e incentivos distorcidos. Para ele, o Brasil precisa migrar das “vantagens comparativas” para vantagens competitivas — com planejamento que reduza ineficiências e agregue valor (processamento aqui, em vez de exportar matéria-prima ou boi vivo).

Para Ribas, a Fazenda Alta Conquista representa visão de longo prazo, organização da informação e construção de um time técnico comprometido. “O que está sendo feito aqui é o futuro. A mudança de patamar que o Brasil precisa passa por gente assim, que tem coragem de fazer diferente”, disse.

Encerrando, Ribas lançou uma reflexão aos participantes. “Temos que parar de terceirizar a responsabilidade e esperar que alguém de fora resolva os gargalos. É hora de cada um fazer sua parte e buscar soluções reais.”

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