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Variabilidade na qualidade dos pintinhos de corte

Escrito por: Antonio Carlos Pedroso - Professor Doutor em Avicultura do IFC - Campus Concórdia-SC , Júlia Alves Garcia - Aluna Curso Medicina Veterinária IFC - Campus Concórdia-SC
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variabilidade na qualidade dos pintinhos

HIGHLIGHTS – DESTAQUES

A variabilidade na estatística é também chamada de dispersão, a qual é a maior ou menor diversificação dos valores de uma variável em torno de um valor de tendência central tomado como ponto de comparação.

Quais são as variações que ocorrem na qualidade de pintinhos alojados? E como devem conduzir os manejos de campo, em situações que exigem mais atenção, cautela e principalmente consciência da equipe técnica e dos produtores que dá para obter bons desempenhos zootécnicos em situações que exigem mais atenção.

As melhorias advindas da genética, nutrição, sanidade e manejos estão proporcionando cada vez mais um menor ciclo de vida produtiva do frango, e com isso mais importância e responsabilidades são direcionadas aos manejos de alojamentos e de 1ª semana.

O peso inicial do pintinho tem influência direta nos pesos ao 7° dia e consequentemente no resultado final do frango formado, assim também como influências do dimorfismo sexual da ave, a idade das matrizes progenitoras e as condições de incubação executadas.

Existem reflexos de variabilidade fisiológicas dentro das fases produtivas de ovos pelas matrizes como, a densidade dos ovos e espessura da casca que indiretamente provocam heterogeneidade no desenvolvimento embrionário, visto que ovos de casca mais espessa apresentam menor condutância aos gases vitais ao desenvolvimento e à temperatura (menor dissipação, aceleração do metabolismo e nascimento dessincronizado) com influência na janela de nascimento, e consequentemente na hidratação dos pintinhos e na taxa de mortalidade que é frequentemente maior para pintinhos nascidos de ovos pequenos, especialmente os de matrizes muito jovens.

Há medida que a matriz envelhece, ocorre decréscimo e piora da integridade das proteínas do albúmen, indicando uma menor viscosidade do albúmen. Com o passar da idade da matriz, o peso do ovo pode aumentar mais de 20%, porém o peso da casca não aumenta proporcionalmente ao tamanho do ovo, que por sua vez faz com que ocorra a diminuição na espessura da mesma, tornando a casca percentualmente menor em relação a ovos maiores.

Menor espessura de casca pela idade mais avançada da matriz torna o ovo mais susceptível às perdas de peso por desidratação, resultando em pintos mais desuniformes em relação ao peso do ovo. A idade da matriz também pode interferir na incidência da discondroplasia tibial na progênie, principalmente quando alimentados com ração de alta energia.

Na Figura 1, as matrizes novas são consideradas entre 25 a 30 semanas de produção, é uma fase crítica principalmente entre as três primeiras semanas, tem-se mais incidência de ovos na cama e consequentemente mais contaminações, e por terem a casca mais espessas acabam necessitando valores de temperatura diferenciadas no incubatório, com maiores efeitos da janela de nascimento.

A fase final acima de 55 semanas, as galinhas estão:

Mais depenadas,

Maiores variações de passagens de anticorpos vacinais para progênie,

A espessura da casca é mais porosa,

Aumento de evacuação de fezes dentro do ninho e consequentemente maiores índices de contaminações de casca.

O pico de produção ocorre de forma independente com o pico da massa do ovo, dessa forma a necessidade de requerimentos nutricionais devem continuar em alerta após o pico de produção para suprir a necessidade de demanda para maior volume de massa de ovos.

É importante considerar que o tamanho do ovo é afetado não somente pelos níveis nutricionais, como também por todos os aspectos da alimentação. O tamanho das partículas do alimento, o consumo de água, a temperatura da água e o horário da alimentação podem afetar o consumo de alimento diário e consequentemente o consumo de nutrientes.

A equipe técnica do fomento e os produtores de granjas de frangos de corte, devem estar conscientes e preparados para alojar pintinhos de 1 dia que naturalmente por efeitos genéticos/fisiológicos precisam de cuidados maiores ou mais prolongados.

A Figura 1 exibe dois momentos tracejados que teremos impactos dessa variabilidade natural. Sempre teremos alojamentos de pintinhos de corte com efeitos fisiológicos e erros pontuais das cadeias anteriores (matrizes e incubatórios), e para minimizar os efeitos impactantes, é essencial termos técnicos de fomento preparados e produtores treinados e orientados para calcular os efeitos da boa assistência e prolongada aos pintinhos nas granjas de frangos de corte.

E nas granjas de frangos de corte quais principais manejos deverão ter maior atenção para minimizar os efeitos fisiológicos e erros pontuais das cadeias anteriores? – matrizes e incubatórios.

Todos os manejos padronizados para o alojamento têm seus níveis de importância para formação dos resultados como um todo, essas padronizações tem uma amplitude de tolerância mínima e máxima que expõe faixas aceitáveis onde ocorre a máxima incorporação zootécnica produtiva (Figura 2).

Exemplos de manejos executáveis e mensuráveis no alojamento:

Temperatura de cama e ambiente,

Taxas de umidade relativa do ar,

Qualidade do ar dentro do aviário,

Altura e disponibilidade de oferta de água e ração respectivamente nos bebedouros e comedouros automáticos.

Quais as práticas de manejo no aviário durante alojamento que são mais impactantes no desempenho zootécnico e na qualidade intestinal dos pintinhos na primeira semana de vida?

TEMPERATURA DE CAMA E AMBIENTE

O desejado é que 12 horas antes do alojamento esteja estabilizado a temperatura de cama e de ambiente para receber o pintinho de 1 dia de idade.

A temperatura corporal do pintinho é em torno de 40,5°C e alojamentos sobre camas com temperaturas abaixo de 32°C, e com pintinhos com baixo peso corporal (menor que 40g) e/ou oriundos de matrizes jovens, tendem a perder calor por condução, e a troca térmica entre superfícies (cama/ave) será de perdas da ave para a cama.

Pintinhos menores necessitam de temperaturas ambientes mais altas no alojamento, em média 1°C acima do padrão da linhagem, e deve ser levado em consideração a % de umidade relativa do ar presente dentro da área alojada.

HIDRATAÇÃO

Um dos manejos que tem que ser realizado com maior precisão, é o fornecimento de água de bebida imediatamente ao alojamento. Fornecimento à vontade e fácil acesso (altura do bico de nipple) sem desperdícios sobre a cama de uma água limpa, fresca e de boa qualidade física, química e microbiológica o tempo todo.

Uma das maiores falhas de alojamento é não hidratar imediatamente os pintinhos logo após o descarregamento na granja, e ainda fornecer uma água de bebida fora da temperatura ideal preconizada pelas linhagens que varia entre 10 a 18°C.

A Figura 3 exibe uma % de aves que podem sofrer desidratação e a necessidade de hidratá-las imediatamente. O exemplo abaixo mostra que 25% dos pintinhos eclodem 24 horas antes do saque e podem totalizar um período médio de até 32 a 36 horas sem acesso água, e podendo resultar em menor taxa de crescimento (principalmente dos órgãos internos) e maior mortalidade. A falta de consumo de água fará com que as aves consumam pouca ração (só come porque bebe) e acabem desidratadas.

QUALIDADE DO AR

A qualidade de ar é extremamente importante para o correto desenvolvimento da ave na fase inicial. Os níveis dos contaminantes devem ser mantidos dentro dos limites permitidos e orientados pelas linhagens genéticas.

São contaminantes que:

  1. Deprimem,
  2. Deixam as aves apáticas e
  3. Lesam principalmente o sistema respiratório das aves.
A solução para manter uma qualidade de ar em limites convenientes à boa produtividade está em ter uma % de umidade desejada na cama (menor que 25%) e taxas de ventilação mínima que renovam o ambiente com ar novo e retira o ar viciado, sem afetar a sensação térmica.

DEMORA OU DIFICULDADE DO ACESSO À RAÇÃO

É importante garantir o acesso à ração pelas aves no alojamento o mais rápido possível, lembrando que só come porque bebe (hidratar bem antes).

A energia de mantença requerida para o pintinho nas primeiras 24h tem sido estimado em aproximadamente 11 kcal, levando em consideração que todo o conteúdo residual do saco vitelino liberado nas primeiras 24h seja usado somente como fonte de energia com 100% de eficiência, teríamos apenas 9,4 kcal.

Dessa forma, sem suprimento adicional de nutrientes o pintinho poderá entrar em imbalanço de energia menos que 24 horas e certamente perderá peso.

A correção é fornecer com disponibilidade e acessos fácil da ração em comedouros com quantidades que respeitam a correlação número de aves por equipamentos dentro da área de alojamento. Outra prática eficiente é o estímulo de consumo com uso de papel Kraft alinhado do lado das linhas de bebedouros nipple.

USO DE PAPEL KRAFT OBSERVAÇÃO DE CAMPO

(Antonio Carlos Pedroso, 2018)

24h após o alojamento realizado teste do papinho:

4% mais pesado aos 7° dia de idade o lote alojado com uso de papel.

Em média ao 7° dia os órgãos das aves alojadas com estimulo de consumo de ração no papel, foram 1,2% mais pesadas.

Sempre teremos pintinhos com qualidade variada por influência fisiológica das matrizes novas e velhas e por erros pontuais durante todas as fases produtivas até formação do pintinho. A diferença em buscar resultados superiores para estas condições está na proatividade das equipes do fomento e de produtores em seguir as padronizações dos manejos em uma amplitude de tolerância mínima e máxima que percorra dentro das faixas aceitáveis, a qual ocorrerá à máxima expressão de desempenho zootécnico.

Referências bibliográficas sob consulta junto aos autores.

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