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Vírus da Influenza Aviária no RS é “basicamente igual” ao da Argentina, aponta MAPA

Escrito por: Priscila Beck
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influenza aviária Daniela Baptista

Em abertura da Conbrasul Ovos 2025, representante do Ministério da Agricultura alerta para riscos regionais e reforça papel do RS no controle do surto de Influenza Aviária

A primeira palestra do painel “Saúde em foco: lições e estratégias para a avicultura”, que abriu a programação do Conbrasul Ovos 2025, trouxe um alerta de peso para o setor. Segundo a Dra. Daniela Baptista, coordenadora de Sanidade Avícola do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), o vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) detectado no foco em aves comerciais no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, apresenta alta similaridade genética com o vírus identificado na Argentina em 2025.

“Eles são muito similares, basicamente iguais”, salientou a Dra Daniela. “Ou essas aves migraram por rotas muito parecidas, ou a origem é uma só”, completou ela durante sua apresentação em Gramado (RS).

A informação indica que o vírus já circula com força no Cone Sul, o que pode demandar ações coordenadas entre países da região. Essa análise ainda não havia sido divulgada oficialmente em relatórios públicos do MAPA, sendo tratada como um ponto de atenção pela equipe técnica do Ministério.

Durante a exposição, a coordenadora apresentou ainda dados atualizados sobre os focos detectados no Brasil desde 2023 e destacou que o caso registrado no Rio Grande do Sul ocorreu exatamente dois anos após o primeiro foco de Influenza Aviária Altamente Patógena nas Américas, confirmado em fevereiro de 2023. Segundo ela, esse padrão reforça a persistência do vírus no continente e a necessidade de vigilância contínua.

Daniela descreveu as ações realizadas no foco gaúcho — incluindo despovoamento, remoção de carcaças, desinfecção e início da fase de monitoramento — e antecipou que, se o cronograma correr como previsto, o Brasil poderá retomar o status sanitário pleno já a partir de 18 de junho.

“O que nós esperamos agora é que tudo corra bem, e que no dia 18 o Ministério possa caminhar com a certificação de que estamos novamente com o país com status livre.”

Ela destacou ainda que o plano de contingência foi executado com apoio das Secretarias de Meio Ambiente e da Agricultura do Estado, incluindo estratégias específicas para descarte de carcaças, medidas de biosseguridade ampliada e protocolos voltados à segurança dos trabalhadores das granjas.

Entre os pontos mais recentes, Daniela mencionou também que o Ministério publicou um documento com a atualização das áreas de risco para Influenza Aviária no Brasil, resultado de análises técnicas realizadas pelo Serviço Veterinário Oficial.

A coordenadora chamou atenção para a complexidade crescente da vigilância, lembrando que, além da Influenza em aves, há registros recentes de infecção em humanos em países como México, EUA e Canadá, com outros genótipos do vírus, e reforçou que o enfrentamento da doença exige integração entre serviços oficiais, produtores, cientistas e profissionais de saúde.

Ao final, fez um reconhecimento público ao desempenho da equipe gaúcha. “Quero deixar aqui o reconhecimento ao Serviço Veterinário Oficial do Rio Grande do Sul, que vem trabalhando incessantemente em qualquer desafio que encontra.”

Laringotraqueíte

A segunda palestra do painel, conduzida por Cristiane Cantelli, gerente executiva de Qualidade da Mantiqueira Brasil, trouxe um relato técnico e prático sobre o enfrentamento da Laringotraqueíte Infecciosa Aviária, doença respiratória que impacta especialmente os sistemas de postura comercial.

Cristiane apresentou uma cronologia detalhada das ações sanitárias, que incluíram monitoramento sistemático por necropsias, análise de lesões respiratórias, coletas para diagnóstico laboratorial e a adoção de vacinas autógenas e comerciais, sempre ajustadas à realidade dos plantéis e aos diferentes desafios ao longo dos ciclos produtivos.

“Não há vacina que funcione se os procedimentos não estiverem implantados e sendo seguidos com rigor”, destacou.

A especialista explicou que, diante da gravidade do quadro respiratório observado, com sinais como traqueítes hemorrágicas e sinusites severas, foi necessário revisar todos os fluxos sanitários e reforçar o treinamento das equipes em campo. As ações incluíram limpeza interna das estruturas das granjas com detergente e espuma, desinfecção térmica de ambientes, controle rigoroso do fluxo de veículos e aplicação de protocolos adicionais de biosseguridade na entrada e saída de lotes.

Cristiane reforçou que a gestão sanitária diária e a checagem dos processos são a base para o sucesso. “É preciso saber o que está acontecendo na granja, todos os dias. Saber por onde a doença entra, em que idade, e o que fazer a cada sinal clínico.”

Biosseguridade

A moderação do painel foi conduzida por Tabatha Lacerda, coordenadora técnica da ABPA, que destacou a importância de revisitar práticas de biosseguridade à luz dos novos desafios sanitários. “A biosseguridade é a nossa primeira palavra de ordem e temos muito a compartilhar como setor”, afirmou Tabatha, ao encerrar o painel.

Com o foco técnico e o compartilhamento de experiências reais, a abertura da Conbrasul Ovos 2025 cumpriu o papel de trazer informações estratégicas para o setor, valorizando tanto o trabalho do serviço oficial quanto a responsabilidade das empresas em manter as barreiras sanitárias em constante aperfeiçoamento.

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