28 jul 2025

11º Encontro Técnico Unifrango reforça avanços e desafios da avicultura brasileira em múltiplas frentes

11º Encontro Técnico Unifrango reuniu lideranças, especialistas e representantes da indústria para discutir o presente e o futuro da avicultura.

11º Encontro Técnico Unifrango reforça avanços e desafios da avicultura brasileira em múltiplas frentes

Com um programa robusto e temas conectados às transformações do setor, o 11º Encontro Técnico promovido pela Unifrango reuniu lideranças, especialistas e representantes da indústria para discutir o presente e o futuro da avicultura.

O evento se destacou pela abordagem prática e estratégica de assuntos que vão da biosseguridade e inteligência artificial até o mercado internacional e a eficiência energética. A diversidade dos painéis evidenciou o dinamismo da cadeia produtiva e sua capacidade de adaptação frente a desafios sanitários, regulatórios e econômicos.

Ao longo dos debates do 11º Encontro Técnico Unifrango, foram apresentados dados concretos, tecnologias aplicáveis e cases que já vêm gerando impacto direto em granjas, frigoríficos e no comércio exterior. A seguir, destacamos os principais temas discutidos em cada palestra:

IA na avicultura: da teoria ao campo, via WhatsApp

A inteligência artificial já está operando dentro das granjas e fábricas, como destacou Luis Felipe Brandalize, CEO da e-Data. A empresa desenvolveu uma IA que interage com os técnicos via WhatsApp, organizando dados e gerando alertas automatizados sobre consumo, mortalidade e desempenho. A solução é uma resposta direta à dificuldade de análise dos dados operacionais e ao excesso de planilhas pouco funcionais no campo.

Segundo Brandalize, essa automatização contribui para tomadas de decisão mais rápidas e redução de perdas, além de criar uma base confiável para a gestão técnica. O sistema já está ativo em granjas e plantas de ração, demonstrando o avanço da digitalização na avicultura.

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Biosseguridade: o elo mais vulnerável da cadeia é humano

Ricardo Rauber foi direto ao ponto ao afirmar que “quem leva a Salmonella para o aviário somos nós”. O especialista reforçou que a maioria dos surtos poderia ser evitada com protocolos simples de biosseguridade, como controle de acesso, higienização de equipamentos e gestão de fluxo entre núcleos.

O alerta é claro: o fator humano ainda é o maior risco para a entrada de patógenos. Por isso, mais do que treinamentos pontuais, é preciso consolidar cultura de biosseguridade, com auditorias recorrentes e responsabilidade compartilhada entre as equipes.

Doenças respiratórias: o erro está na rotina

O médico-veterinário Leonardo Caron trouxe uma provocação necessária: a normalização das doenças respiratórias nas granjas. Segundo ele, o que muitas vezes é tratado como inevitável é, na verdade, consequência de falhas crônicas no manejo, ventilação e ambiência.

Caron destacou que as doenças respiratórias têm impacto direto no desempenho zootécnico, especialmente em períodos de transição climática. Ele reforçou a importância de diagnósticos precoces e estratégias integradas de prevenção, como biosseguridade, vacinação e ventilação adequada.

Lona sobre a cama: tecnologia simples com grande impacto

Uma das soluções apresentadas mais comentadas foi o uso de lona sobre a cama durante o intervalo entre lotes. A prática mostrou redução significativa na contaminação por enterobactérias e melhora na conversão alimentar.

O método, de fácil aplicação, também contribui para a biosseguridade, diminuindo a carga microbiana residual entre ciclos. A pesquisa foi desenvolvida com apoio de laboratórios e granjas comerciais, reforçando seu potencial de replicação.

Eficiência térmica: secagem da lenha pode reduzir 60% do custo

O especialista Carlos Peixoto, da Aviagen, mostrou como a antecipação na secagem da lenha pode gerar economia de até 60% no custo do aquecimento dos aviários. A lenha úmida gera perdas energéticas significativas e impacta diretamente o desempenho das aves.

Segundo ele, uma lenha com 40% de umidade precisa de muito mais energia para combustão, resultando em maior consumo e menor eficiência térmica. A recomendação é organizar o estoque com pelo menos 90 dias de antecedência.

Condenas: US$ 6 milhões perdidos por ano em uma única planta

Durante o painel sobre perdas na linha de abate, o médico-veterinário Éder Barbom apresentou um dado impressionante: plantas com 2,13% de condenas perdem até 6 milhões de dólares por ano. O impacto financeiro, segundo ele, é subestimado pela indústria.

Barbom destacou a importância da uniformidade no processo produtivo e do diagnóstico técnico desde a incubação. Falhas em pré-aquecimento, ventilação e manejo pré-abate podem comprometer a carcaça e gerar condenas evitáveis — uma lacuna com grande potencial de recuperação de margem.

Geopolítica e riscos globais: avicultura precisa de uma nova matriz de decisão

O professor Marcos Fava Neves abordou os riscos geopolíticos que impactam diretamente o setor avícola. Ele defendeu a construção de uma matriz de decisão que considere variáveis como conflitos internacionais, barreiras sanitárias e volatilidade cambial.

Fava reforçou que o Brasil tem um papel estratégico na segurança alimentar global, mas precisa investir em inteligência comercial, diversificação de destinos e fortalecimento de acordos multilaterais. A previsibilidade nos negócios internacionais exige planejamento e leitura de cenários.

Acordos comerciais com o México: mais espaço para a avicultura brasileira

Um dos anúncios positivos do evento foi o avanço nas negociações entre Brasil e México, com possibilidade de ampliação do comércio de carne de frango e suína por meio de cotas. A medida pode abrir novos canais para produtos brasileiros no mercado mexicano.

A articulação inclui maior flexibilidade tarifária e reconhecimento mútuo de sistemas de inspeção, o que favorece exportadores brasileiros e amplia a competitividade frente a outros players globais. O tema foi tratado como estratégico para a expansão da avicultura nacional.

Inspeção post mortem: MAPA prevê expansão com apoio privado

A nova regulamentação da inspeção post mortem, que inclui a participação de Médicos-Veterinários privados credenciados, foi detalhada durante o evento. A medida deve ampliar a cobertura sem comprometer a qualidade, segundo o Ministério da Agricultura.

A proposta foi bem recebida pela indústria, que sofre com gargalos na liberação de produtos e atrasos em períodos de maior abate. A ampliação do modelo promete agilidade e redução de perdas, desde que haja controle técnico rigoroso e capacitação contínua.

Monitoramento ambiental: chave para prevenir recalls

A microbiologista Ana Paula Hernandes alertou sobre a importância do monitoramento ambiental contínuo para prevenção de surtos e recalls. Ela explicou que superfícies e equipamentos mal higienizados podem servir de reservatório para patógenos como Salmonella e Listeria.

Ana Paula destacou que muitas vezes os problemas não estão nas matérias-primas, mas nas falhas do ambiente de produção. O uso de indicadores ambientais e validação de procedimentos de limpeza são estratégias fundamentais para garantir segurança e rastreabilidade.

Farinha de origem animal: 47 milhões de toneladas de resíduos por ano

Outro ponto relevante foi o desafio do reaproveitamento dos resíduos gerados pela avicultura brasileira, que totalizam cerca de 47 milhões de toneladas por ano. A farinha de origem animal aparece como alternativa viável para reciclagem desses subprodutos.

A discussão envolveu sustentabilidade, economia circular e exigências sanitárias para que esse material possa ser reaproveitado com segurança na alimentação animal ou em outras cadeias produtivas. O tema exige regulamentação clara e integração com outros setores do agro.

Frigorificação e exportação: o papel estratégico da armazenagem

O Brasil conta hoje com 18 milhões de m³ de capacidade em armazenagem frigorificada, segundo dados da GCCA apresentados no evento. Esse volume é essencial para a manutenção da qualidade nas exportações e para a logística de distribuição interna.

A palestra destacou os gargalos e oportunidades nesse segmento, como a modernização das estruturas e a ampliação de capacidade em regiões produtoras. A armazenagem é vista como elo decisivo entre o campo e o consumidor, especialmente em mercados internacionais exigentes.

Porto de Paranaguá mira 20% das exportações de frango do Brasil

Fechando a programação, a autoridade portuária de Paranaguá revelou planos para ampliar sua participação nas exportações de carne de frango, com a meta de atingir 20% do volume nacional. A proposta inclui investimentos em infraestrutura, digitalização de processos e ampliação de corredores logísticos.

O porto paranaense já é referência em eficiência e tem buscado se posicionar como hub preferencial para o setor avícola, com foco em redução de custos operacionais e melhoria nos prazos de embarque.

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