O agro representa 48% de toda a exportação nacional e 26,6% do PIB total brasileiro.
O agronegócio é hoje vetor crucial do crescimento econômico brasileiro. De “mero” importador, o País passou a ser grande produtor de alimentos nos últimos anos e vem se consolidando como protagonista no comércio internacional de produtos.
Estudos da Embrapa já deram uma dimensão disso: a cada 10 pratos de comida servidos no mundo, 1 é do Brasil. Também é do agronegócio que muitos brasileiros tiram seu sustento.
Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), 32,3% (30,5 milhões) do total de 94,4 milhões de trabalhadores brasileiros eram do agronegócio no ano de 2015 – em outras palavras, 1 de cada 3 brasileiros estão envolvidos em atividades relacionadas ao agro. Outros números comprovam o porquê do setor ser tão estratégico para o país.
O agro representa 48% de toda a exportação nacional e 26,6% do PIB total brasileiro.
A previsão foi fechar 2021 com participação ainda mais expressiva no PIB, acima de 30%, segundo a edição 92 da Revista Forbes. Tendo em vista esse cenário, fica cada vez mais evidente que o agro conquistou novos mercados e expandiu suas vendas para o mundo.
Os desafios se transformaram em oportunidades para abastecer o Brasil e o mundo de mais alimentos. Mas também não podemos fechar os olhos para o fato de que o franco crescimento requer reinvenção, disrupção e quebra de paradigmas por parte das empresas.
Convidamos nosso especialista em produção avícola, o médico veterinário Paulo Martins, para comentar os 5 principais pontos que devem marcar o ano de 2022 na avicultura. E, obviamente, como as empresas devem se preparar para acompanhar essa onda de otimismo.
1- 2022 deve ser um ano muito bom — e com mais exportação!
Se a perspectiva para o agronegócio de maneira geral é positiva para 2022, para o setor de proteína animal não poderia ser diferente. Depois da Operação Carne Fraca, da pandemia da Covid-19 e de outros desafios, o setor se organizou muito bem para retomar a credibilidade e as exportações — e vem conseguindo.
Ainda que os dados de 2021 não estejam consolidados, a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) projeta um crescimento de
O porcentual é ainda maior quando se fala em volume de exportação: 11% de suínos e 9% de frangos. Isso porque a Rússia habilitou mais plantas brasileiras para exportação, com certificação de toda a cadeia (desde o grão até o abatedouro), a exportação para a China bateu novos recordes e o Chile é hoje o segundo maior comprador de carnes bovinas do Brasil — pagando mais que a China.
Em entrevista para o Canal Rural, o presidente da ABPA, Ricardo Santin, disse que a expectativa do setor é positiva, com aumento de exportações e de oferta no mercado interno. E a entidade trabalha buscando abertura de novos mercados como o Canadá, o México e a Europa, por exemplo.
“As indústrias de proteína animal frequentemente passam por auditorias — algumas mais de uma por semana –, o que nos coloca no patamar de excelência em proteína animal. Tanto do produto que vai para o mercado externo quanto do que fica no mercado interno”, diz Paulo Martins.
No caso do setor de ovos comerciais, o consumo da proteína também deve bater recorde em 2021 e chegar a 255 unidades per capita. O Brasil terá produzido 54,503 bilhões de ovos: 1.700 por segundo.
A avicultura, inclusive, é que vai liderar o crescimento da indústria mundial de carne durante o próximo ano. É o que aponta o relatório sobre a evolução do setor de proteína animal para 2022 publicado pelo Rabobank. As alavancas são o aumento do consumo e das exportações. E o Brasil tem tudo para brilhar nesse cenário.
A posição mais que privilegiada do Brasil
O Brasil está em posição privilegiada muito por causa de sua geografia e clima: a agricultura e o setor de proteína animal estão adaptados às regiões tropicais. Apenas 4% da produção agrícola brasileira usa sistema de irrigação — os outros 96% vêm do regime natural de chuvas.
Há exceção em algumas regiões brasileiras, como o Nordeste, que ainda concentra regiões bastante áridas. Ainda assim, é diferente do que acontece, por exemplo, na Holanda, onde 70% do agronegócio é abastecido com sistema de irrigação. E ainda há perspectiva de melhora no Nordeste com os canais de irrigação originários do desvio do Rio São Francisco.
“O Brasil possui sol o ano inteiro, basta olhar o mapa mundi. Não há como não ser otimista com a projeção do agronegócio a médio prazo”, diz Paulo Martins. E o País ainda tem status privilegiado por estar livre das principais enfermidades avícolas: esse é o passaporte para os mais de 160 países compradores da carne de frango brasileira e para a qualidade dos ovos.
2- Custos mais elevados (em todo lugar)
Um dos “poréns” nesse cenário de otimismo são os custos dos grãos e matérias-primas e que, obviamente, requerem atenção. Segundo reportagem da Isto É Dinheiro, a produção de rações no Brasil deve fechar 2021 com avanço de 4,5% e ir para a marca de 85 milhões de toneladas.
O crescimento vem na esteira do setor de carnes, notadamente da indústria de aves e suínos, cuja demanda por grãos deve seguir crescente em 2022. A contabilidade pode resultar incremento de 6%, 4% e até 1,5% na produção de rações para suínos, frangos de corte e poedeiras, respectivamente.
Porém, não foi somente a produção que aumentou. A indústria de alimentação animal viu itens como vitaminas, enzimas e aminoácidos dispararem de preço, além do frete das importações, o que vem refletindo diretamente na alta dos grãos. É uma tendência para 2022 — e um ponto de atenção —, mas não é uma desvantagem competitiva unicamente do Brasil, tampouco algo para ser analisado isoladamente.
Se o preço se eleva por aqui, o mesmo acontece em todo o mundo. E essa dificuldade pode aguçar a criatividade por alternativas que permitam suprir a demanda por esses ingredientes, como se buscar cereais de inverno, que representam incremento de enzimas e digestibilidade melhor, e também por um melhor aproveitamento de nutrientes.
3- Atenção redobrada com a sanidade — e, principalmente, com a influenza aviária
Assim como disse Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), se o “custo machuca, a sanidade mata”.
Cuidar da biosseguridade e da sanidade do plantel são condições indispensáveis para continuidade da atividade e para que doenças como a influenza aviária não se instalem no Brasil — até porque, se isso acontecer, há o fechamento de todo o mercado externo.
A influenza aviária é uma doença viral altamente contagiosa que resultou no sacrifício de mais de 390 mil aves da Coreia do Norte em 2020, restringiu importações dos Estados Unidos, Austrália e Japão, teve casos reportados em países da Europa e América do Sul.
São indícios que apontam para a importância de uma vigilância sanitária constante. A influenza não é problema que surge nas granjas e empresas; ela tem origem em aves selvagens migratórias, intercontinentais consideradas reservatórias do vírus na natureza, e que vêm para a América do Sul uma vez ao ano para fugir do inverno do hemisfério Norte. Como o Brasil recebe essas aves anualmente, a preocupação tem que ser real.
Mais recentemente, para se ter ideia, os pássaros estorninhos, considerados pragas de origem europeia e asiática, chegaram à América do Sul e à região Sul brasileira e já se espalharam por várias cidades. É um movimento inédito e que requer ainda maiores estudos e controle sanitário.
Paulo Martins reforça que medidas por parte do MAPA são fundamentais no sentido de coletar amostras para análise laboratorial e verificar a presença de vírus de influenza nessas aves. Se for alta, acende um sinal amarelo, porque elas podem contaminar aves locais do Brasil ou alcançar até uma granja comercial.
“Em um primeiro momento, pode não acontecer nada porque o vírus é de baixa patogenicidade. No entanto, se este ficar circulando dentro de plantéis livres, vai ganhando virulência até provocar o início de mortalidade nos planteis de aves. Isso pode levar semanas ou até meses para acontecer, então temos que fazer, no mínimo, “a lição de casa” que é a monitoria sorológica no abate de todos os planteis de aves de vida longa, poedeiras e reprodutoras”, explica o diretor técnico e comercial da Biocamp.
Os frangos de corte possuem um ciclo de vida mais curto, são abatidos mais jovens e, portanto, há menos tempo para circulação viral e aumento da patogenicidade do agente.
Biosseguridade e bem-estar animal
O Brasil tem hoje controle sobre as principais doenças avícolas que comprometem a produção e a exportação de carne de frango, como a influenza aviária e a doença de Newcastle. Mas, para manter esse status mundial na produção e exportação de carne de frango, é importante que haja biosseguridade em todos os elos da cadeia produtiva. A vigilância tem que ser constante para que essas doenças não entrem nos plantéis.
São 7 os principais fatores que devem ser vistos como investimentos e aplicados como medidas de biosseguridade em frangos de corte e para granjas de poedeiras comerciais.
Pensar no bem-estar animal também é outro ponto de atenção; inclusive ele nunca esteve tão em alta como ultimamente e, certamente, é uma das tendências para 2022.
4- Sustentabilidade é palavra de ordem
Em uma pesquisa do IBM Institute for Business Value, cerca de metade dos 14 mil consumidores de nove países — incluindo o Brasil — afirmou levar em conta a sustentabilidade ambiental para suas carteiras de investimento. Um quinto das pessoas disse que provavelmente fará investimento em empresas sustentáveis no futuro.
Isso mostra como sustentabilidade é a nova palavra de ordem para os negócios — e continuará sendo em 2022 e nos próximos anos. Tornou-se imperativo às empresas produtoras de alimentos focar em ações sustentáveis para se posicionar em um mercado cada vez mais exigente. E o uso de eubióticos (prebióticos, probióticos, fitobióticos, óleos essenciais e ácidos orgânicos) entra nessa lista.
A Biocamp vivencia a produção animal sustentável com naturalidade. Começamos nosso trabalho há mais de duas décadas com foco em produtos que garantissem a manutenção da saúde animal, dos seres humanos e do meio ambiente: a tríade do One Health. Aqui, fomentamos a integridade e promoção da saúde dos animais ao desenvolver vacinas e probióticos.
5- Tecnologia sempre em alta e essencial
O incremento de soluções tecnológicas aparece em 2022, mais do que nunca, como regra para
Mas não só. A tecnologia também vem ao encontro para atender essa nutrição de precisão, mitigar o alto custo das matérias-primas e reduzir desperdícios.
Ao trabalhar com modelos não lineares de formulação, se munir de dados e ter respaldo da previsibilidade de modelos matemáticos, as granjas e empresas conseguem sair do empirismo e tomar decisões mais assertivas, rápidas e imediatas. Em todas as esferas: com relação ao melhor mix de produtos, logística e até mesmo sobre qual infraestrutura carece de mais investimento naquele momento.
São necessários cada vez mais dados em tempo real e menos feeling para melhorar o bem-estar animal, ampliar as medidas de biosseguridade e o uso de tecnologias que incidem na melhoria de ganho de produtividade.
Assim, poderemos ter uma produção mais qualificada, mais — e melhores — clientes, investimento em time qualificado e capacitado. Por mais que os últimos anos tenham sido complexos por conta da pandemia, houve aumento de produção, de oferta de comida no mercado interno e de exportação.
Que 2022 possamos ter ainda mais segurança alimentar e continuar trabalhando em prol disso. Biocamp, por um mundo mais pró!
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