Altos índices de carcaças condenadas? Entenda os fatores associados
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Altos índices de carcaças condenadas? Entenda os fatores associados
Diversos fatores podem influenciar a qualidade da carcaça do frango de corte. No entanto, essas alterações de qualidade da carne podem ter início muito antes do período de abate das aves, ou seja, desde a fase de criação nas granjas, podendo ocasionar à condenação parcial ou total da carcaça dos frangos, gerando prejuízos econômicos à cadeia avícola.
As diferentes estruturas e etapas de produção do frango de corte nas granjas avícolas, como por exemplos, os tipos de instalações utilizadas, as práticas de manejo e os padrões sanitários aos quais as aves são submetidas podem estar associados às perdas de qualidade da carcaça de aves durante o período de abate.
Portanto, com o entendimento e a identificação dos principais gargalos produtivos, é possível contribuir para a redução dessas perdas da qualidade da carcaça do frango de corte, minimizando os impactos que podem levar a posterior condenação da carcaça.
Assim, o intuito desse artigo é apresentar, as causas mais frequentes de condenação das carcaças dos frangos de corte das principais linhagens industriais e discutirmos os fatores associados às perdas de qualidade da carcaça do frango de corte durante o período produtivo.
A determinação do que será condenado após o abate da ave é, frequentemente, realizada de maneira visual pelo profissional do serviço de inspeção (Mendes e Komiyama, 2011). Assim, algumas das principais alterações de carcaça consideradas necessárias ao descarte parcial ou total da carcaça são: hemorragias e hematomas, rompimento epitelial e muscular, fratura de ossos, amputações, lesões epiteliais e lesões com características patológicas.
De acordo com o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitário de Produtos de Origem Animal – RIISPOA, qualquer órgão ou outra parte da carcaça do animal que estiver afetada por um processo inflamatório deverá ser condenada e, se existir evidência de caráter sistêmico, a carcaça e as vísceras na sua totalidade deverão ser condenadas.
Dentre as principais causas de condenação de carcaça, pode-se destacar:
Alguns fatores produtivos podem predispor à posterior condenação da carcaça dos frangos de corte no abatedouro, tais fatores estão relacionados à fatores sanitários, de manejo ou ambientais.
Grande parte das principais doenças das aves domésticas podem levar a condenações das carcaças do frango de corte no abatedouro. Assim, o profissional do serviço de inspeção responsável por essa avaliação pode optar por condenar totalmente ou parcialmente a carcaça.
Dentre as doenças das aves, as mais frequentemente relacionadas às condeções durante o abate são:
Portanto, o manejo sanitário preventivo dos lotes de frangos de corte contra essas doenças pode minimizar tais perdas econômicas.
Outro fator importante para evitar a propagação de doenças entre as aves é o destino correto dado aos frangos mortos, que vieram à óbito antes do período destinado ao abate. Um dos destinos recomendados para o descarte dos resíduos da produção avícola, como animais, camas e excretas é a compostagem, um processo eficiente e barato, que deve ser construída próxima ao aviário, para evitar grande deslocamento de dejetos e aves mortas (EMBRAPA, 2021).
Pesquisas científicas demonstraram que é no período pré-abate que ocorre a maior parte de lesões nas carcaças dos frangos de corte responsáveis pela maioria das condenações no abatedouro, relacionadas, principalmente, pelo manejo irregular durante a fase de criação da ave (Hildebrand e Silva, 2006; Vieira, 2008).
Dentre tais fatores de manejo responsáveis por culminar no desenvolvimento de lesões nas carcaças das aves, destacam-se a alta densidade de alojamento, gerando uma grande competição por espaço e alimentos entre as aves, a deficiênte ambiência do galpão, acarretando numa alta umidade ambiental e acúmulo de gases tóxicos, e o manejo deficiênte da cama, causando baixa qualidade tanto do ar quanto da própria cama do aviário.
Segundo Scherer Filho (2009), a densidade do aviário é o grande responsável pelo surgimento de dermatites nas aves. O amontoamento das aves em temperaturas baixas, somado a alta densidade, ocasionam arranhões no dorso que, dependendo da intensidade dos arranhões, pode causar a ruptura da pele, predispondo a entrada de microrganismos e a formação de abscessos, resultando na condenação da carcaça.
A baixa qualidade da cama pode aumentar a incidência do calo de peito nos frangos, que é uma lesão hemorrágica e pode estar relacionada ao rápido ganho de peso das linhagens atuias, o que torna a musculatura esquelética frágil para sustentar seu peso, fazendo com que a ave se posicione com o peito sobre a cama. Assim, o manejo inadequado da cama pode predispor a formação do calo de peito.
Ademais, fatores indiretos, como os problemas de pele citados anteriormente podem acarretar efeitos prejudiciais em série no frigorífico, comprometendo a produtividade da cadeia produtiva. Pois, uma vez iniciado o abate de um lote de aves com alta incidência de contaminação causará, consequentemente, a diminuição na velocidade de abate, pelo acúmulo de frangos no ponto de inspeção sanitária, acarretando em transtornos em outras etapas, como a escalda e a insensibilização, podendo resultar em má sangria das aves, que é mais uma causa de condenação, por retardo na evisceração.
Assim, as boas práticas de manejo durante o período de criação das aves, atentando-se a densidade de alojamento adequada do lote, a qualidade da cama, a manutenção da temperatura de conforto das aves, a qualidade da água, quantidade e disposição adequada dos comedouros e bebedouros, além da remoção de equipamentos que possam causar ferimentos às aves, assim como o treinamento da equipe, são essenciais para o sucesso do processo produtivo como um todo.
Há diversos tipos de sistemas de criação de frangos de corte em território nacional. No entanto, atualmente, pode-se destacar os sistemas convencionais e os climatizados.
O sistema convencional ainda é o predominante na avicultura brasileira. Muitos produtores utilizam nessas construções ventiladores e nebulizadores, para proporcionar maior conforto térmico para as aves, minimizando assim a quantidade de partículas de poeira em suspensão, além de diminuir significativamente a concentração de gases tóxicos no ar. Apesar de menores custos para implantação, geralmente, apresentam menores índices de desempenho das aves ao abate quando comparado aos sistemas climatizados, além de possui um menor controle térmico em climas secos e quentes (Lee et al., 2004). Enquanto que, o sistema climatizado possibilita maior controle do ambiente interno, trazendo mais conforto para as aves, consequentemente, melhores valores de conversão alimentar e menores taxas de mortalidade das aves.
Todas as etapas do processo produtivo do frango de corte, desde a produção do ovo fértil, no matrizeiro, até o abate dos frangos, estão interligadas e são responsáveis pelo sucesso da cadeia avícola e segurança alimentar. Portanto, os cuidados durante o manejo diário das aves são fundamentais para minimizar os prejuízos econômicos durante o abate e garantir um produto de qualidade para o consumidor.
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