12 set 2020

Arábia Saudita busca 80% de autossuficiência em carne de frango até 2025

O Reino da Arábia Saudita tem planos para aumentar o nível de autossuficiência em carne de frango dos atuais 60%, […]

O Reino da Arábia Saudita tem planos para aumentar o nível de autossuficiência em carne de frango dos atuais 60%, para 80% até 2025. A informação consta de relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), divulgado nesta sexta-feira (12/9).

Segundo o material, consultas e colaborações estão em andamento entre o Ministériodo Meio Ambiente, Água e Agricultura da Arábia Saudita (MEWA) e produtores domésticos para reduzir a dependência das importações. As estimativas do mercado saudita são de importações de 550 mil toneladas de carne de frango em 2020 e 625 mil toneladas em 2021.

Arábia Saudita

O consumo saudita de carne de frango em 2020 é estimado em 1,48 milhão de toneladas, 19% acima da estimativa oficial do USDA, que era de 1,20 milhão de toneladas. O aumento do consumo básico vem sendo estimulado, primeiro, pelo crescimento populacional (2% ao ano), que deverá levar o país dos 34,2 milhões de habitantes em 2019, a 40 milhões em 2030.

A pandemia da COVID-19 e o estresse econômico também têm estimulado o aumento do consumo básico. E a demanda pela carne de frango deve permanecer forte em 2021, com uma expectativa de crescimento de 7%, devendo chegar a 1,58 milhão de toneladas.

A expectativa de crescimento no consumo está baseada no fato de o frango ser a fonte de proteína animal mais acessível,  além da expectativa de suspensão às proibições de viagens religiosas e turísticas para a região. As medidas devem revigorar os setores de alimentação e hospedagem.

Importações

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De janeiro a junho de 2020, o Brasil exportou 274.795 toneladas de carne de frango para a Arábia Saudita, 16% a menos que o mesmo período de 2019. A principal razão para a queda acentuada foi a redução da demanda devido às restrições relacionadas à COVID-19, que levaram ao fechamento da maioria dos restaurantes e hotéis.

A expectativa para o segundo semestre é de aumento no volume de importações devido à suspensão da maioria das restrições da COVID-19 no final de junho. Os dados da alfândega brasileira mostram exportações de 40.687 toneladas de carne de frango para a Arábia Saudita no mês de julho, aproximadamente 20% a mais do que a média exportada de janeiro a junho, que foi de 34.051 toneladas.

O volume de carne de frango enviada pelo Brasil à Arábia Saudita no primeiro semestre de 2020 corresponde a 74% do total das importações do produto pelo país árabe. No mesmo período, o volume exportado pela França correspondeu a 12% do total de importações, seguida pela Ucrânia (10%), Rússia (2%) e Turquia (1%).

Arábia Saudita

Os últimos carregamentos de carne de aves dos EUA chegaram à Arábia Saudita no final de maio de 2018. Os exportadores dos EUA não conseguem cumprir a proibição da SFDA de imobilização elétrica de aves. As 260 toneladas relatadas para 2019, provavelmente foram enviadas para comissários militares dos EUA, ou comunicadas incorretamente, segundo o relatório do USDA.

Preços locais no varejo

Segundo o relatório do USDA, nos últimos anos, os preços do frango importado aumentaram, tornando a carne de frango produzida localmente mais competitiva. Durante a última semana de agosto de 2020, observou-se que os preços por kg da carne de frango in natura nacional foram iguais, ou muito próximos, dos preços da carne de frango congelada importada do Brasil e da França.

Enquanto 1kg de carne de frango local resfriada estava sendo vendido a US $ 4,25, a mesma quantidade da Perdix (marca de frango importado do Brasil) e a French Doux estavam sendo vendidas a US $ 4 e US $ 4,25, respectivamente. A carne de frango continua sendo a fonte de proteína animal com preço mais competitivo na Arábia Saudita.

A carne bovina importada é vendida por até US $ 12 o quilo, enquanto 1 kg de cordeiro é vendido por até US $ 15,70.

Incentivo à Produção

Em janeiro de 2020, o governo saudita retirou a maior parte dos subsídios à ração animal importada e, no caso das aves, passou a praticar subsídios baseados na produção. A ideia do governo é de que o subsídio à produção de carne e ao alojamento de pintinhos, em vez do consumo de ração, deve recompensar os produtores mais eficientes.

Quase toda a carne de aves produzida na Arábia Saudita é de frango, com exceção para cerca de 1,5 mil toneladas, que são carne de codorna produzida pela Astra Farms, em Tabuk. As estimativas de produção total de carne de frango para 2020 são de 930 mil toneladas, 27% a mais que a estimativa oficial do USDA, que era de 730 mil toneladas.

A maior parte do aumento na produção de carne de frango, segundo o relatório, se deve à expansão em curso nos quatro principais produtores do país:

Produtores de frango de tamanho médio, como Intaj e Aseer CO-OP, e granjas menores como Radwa e Golden Chicken, também têm aumentado a produção de carne. Os projetos de expansão de granjas já existentes e a instalação de novas granjas devem aumentar a produção de carne de frango para 950 mil toneladas até o final de 2021, segundo o levantamento do USDA, com perspectiva de que esse crescimento deva se sustentar nos próximos anos.

De acordo com o Anuário Estatístico Agrícola de 2019, o MEWA da Arábia Saudita emitiu dois tipos de licenças de produção de carne de frango em 2019:

  1. Licenças de operação para 107 empreendimentos com capacidade produtiva de 482.952.194 frangos.
  2. Licenças de construção para o estabelecimento de 77 novas granjas avícolas, com capacidade de produção de 220.118.172 aves.

O USDA não recebeu informações sobre o status dos referidos projetos. A produção local de carne de frango está sendo aumentada de várias maneiras:

  1. acelerando os pagamentos de subsídios aos produtores (baseados na carne de frango produzida e pintos produzido)
  2. as taxas de mortalidade de galinhas foram reduzidas
  3. apoio governamental significativo para resolver os obstáculos à expansão - particularmente a disponibilidade e velocidade de concessão de licenças para terras.
  4. Os avicultores locais, especialmente os produtores de grande e médio porte, também implementaram procedimentos de biosseguridade aprimorados para reduzir o risco de doenças avícolas contagiosas. As medidas melhoradas foram creditadas com a redução da taxa média de mortalidade de aves do país, de 25 % há alguns anos, para menos de 10 % nos últimos anos.

Algumas produções de frango bem administradas alcançaram uma taxa de mortalidade de 2,5%, ou menos, o que ajudou a aumentar a produção de carne de frango e reduziu significativamente os custos de produção. Atualmente, a produção de carne de frango na Arábia Saudita está concentrada em cerca de dez empresas verticalmente integradas (Watania, Fakieh, Almarai, Tanmiah - quatro grandes empresas - e 6 granjas de médio / pequeno porte), que controlam até 95% da produção.

Custos de produção

Os custos de produção de carne de frango na Arábia Saudita são relativamente altos. Além dos altos investimentos para medidas de controle de temperaturas nos aviários devido às condições de clima extremamente quente, também existe a grande dependência de ração, vacinas e equipamentos importados.

O ciclo de produção de frangos na Arábia Saudita varia entre 28 a 35 dias, com ganho de peso médio diário de 50 gramas. O peso vivo médio do frango, quando comercializado, é de aproximadamente 1,4 kg, enquanto as carcaças de frango prontas para cozimento pesam aproximadamente 1,05 kg, sendo a taxa de conversão alimentar média estimada em aproximadamente 1,70.

O controle de enfermidades avícolas é outro grande desafio no país. De acordo com contatos da indústria, a taxa de mortalidade de frangos diminuiu significativamente nos últimos cinco anos, sendo atualmente estimada em menos de 8%. A alta mortalidade nas granjas sauditas se deveu principalmente a surtos de doenças virais, como Doença de Newcastle (NCD), Gumboro (IBD), Bronquite Infecciosa (IB) e Influenza Aviária (subtipo H9N2).

A Influenza Aviária Altamente Patógena (H5N8), ocasionalmente tem sido um grande problema no inverno. Em fevereiro de 2020, o H5N8 foi encontrado na província de Riyadh.

Preferência do Consumidor

Arábia Saudita

Os consumidores sauditas preferem carne de frango fresca produzida localmente. Mais de 80% da carne de frango local é vendida resfriada, o que levou, inclusive, muitos produtores a mudaram suas linhas de produção de carne de frango congelada para refrigerada, visando maiores margens de lucro.

Um dos aspectos que aumenta a margem de lucro é que o resfriamento economiza custos de congelamento e armazenamento. Os consumidores, especialmente os sauditas, não se importam em pagar até 50% a mais por carne de frango doméstico fresca / resfriada.

Em geral, os consumidores sauditas preferem aves de 0,9 kg a 1,1 kg, em detrimento de frangos grandes (1,2 kg a 1,5 kg), percebidos como velhos e não macios. Hotéis e restaurantes preferem aves mais leves e ao menor preço possível para serem servidas inteiras, ao meio, ou em quartos.

Toda a carne de frango exportada para a Arábia Saudita é congelada e consumida, principalmente, por comunidades de expatriados e pelo setor de food service. Restaurantes e empresas de catering geralmente preferem o frango congelado brasileiro, pois oferecem aves de menor porte, que cabem em churrasqueiras.

O governo saudita estipula que as empresas que servem alimentos para instituições governamentais devem usar mais de 70% de conteúdo local. Várias empresas sauditas de catering contatadas para o relatório do USDA indicam que usam 100% de carne de frango local quando atendem a instituições governamentais, como militares, hospitais e universidades.

Como tal, a maior parte da carne de frango congelada produzida localmente é fornecida ao setor de catering e é muito raro ver o produto sendo ofertado em pontos de venda.

Fonte: USDA

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