vacina viva em granjas de frango de corte Referências bibliográficas sob consulta do autor
Avaliação da positividade para Salmonella com uso de vacina viva em granjas de frango de corte - Estudo de campo
As Salmoneloses estão entre as maiores preocupações da indústria avícola por ocasionarem riscos relacionados à saúde pública.
A infecção por Salmonella inicia no intestino e, por via sistêmica, atinge órgãos como fígado, baço, cecos e órgãos reprodutivos das aves. A utilização de vacinas vivas é uma ferramenta importante para o controle da enfermidade pois possuem eficácia comprovada na proteção contra desafios homólogos e heterólogos¹.
Dentre as principais vantagens estão:
O uso de vacinas vivas e inativadas para controle de Salmonella, em matrizes e poedeiras, consolidou-se no Brasil desde a publicação da IN 10/2013, que permitiu a adoção de vacinas para estabelecimentos avícolas considerados de maior susceptibilidade à introdução e disseminação de agentes patogênicos no plantel avícola nacional.
Em frangos de corte o cenário é um pouco distinto, diferentemente de países como Estados Unidos, ainda se utiliza pouco a imunoprofilaxia no controle de Salmonella. As ações para o controle desse agente estão focadas principalmente em biosseguridade, medidas de manejo e higienização e uso de diferentes aditivos nutricionais.
A equipe técnica da Zoetis publicou, na Conferência Facta 2023, um dos estudos mais amplos em escala temporal realizados no Brasil, o qual objetivou avaliar, em condições de campo, a eficácia de uma vacina viva produzida com sorovar Salmonella Typhimurium (ST). A avaliação foi realizada em granjas de frangos de corte, ao longo de 3 anos consecutivos, em uma agroindústria do estado do Paraná.
Ao final do ano de 2019 foram escolhidas aproximadamente 150 granjas da agroindústria com histórico de positividade para Salmonella spp. As granjas foram vacinadas durante 3 anos consecutivos, totalizando aproximadamente 125 milhões de aves vacinadas no período.
Para avaliar os resultados foram escolhidas, aleatoriamente, 6 granjas como sentinelas. Nessas realizou-se a coleta de pool de 5 fígados+baço e pool de 5 cecos durante todo o período de avaliação. As coletas foram realizadas no pré-abate (entre 38 e 44 dias de idade) de todos os lotes alojados no período.
As amostras foram enviadas para o laboratório objetivando avaliar o percentual de positividade para Salmonella spp. Em 2020 foram coletadas 245 amostras, em 2021 foram 300 amostras, em 2022 foram 210 amostras.
Os percentuais de Salmonella spp. das amostras avaliadas durante o período de 2020 até 2022 estão demonstrados nas imagens a seguir:
Observa-se diferença significativa para os resultados qualitativos sobre a positividade e negatividade das amostras ao longo dos anos, em ambos os tecidos avaliados (fígado+baço e cecos).
A variação na amostragem nos respectivos anos ocorreu devido execução de procedimentos de lavagem e desinfecção pertinentes ao processo. Importante salientar que essa tendência de redução do percentual de positividade foi visualizada não apenas nas granjas sentinelas, mas, também, nas demais granjas que receberam a vacinação no decorrer do período avaliado (dados não publicados).
Um consistente programa de biosseguridade também foi implantado na agroindústria nesse período, o que de fato também ajuda explicar os resultados observados.
Até a presente data, no Brasil, esse é um dos estudos de campo mais amplo, considerando um acompanhamento em escala temporal, com objetivo de avaliar a vacinação no controle de Salmonella. Os resultados demonstram que medidas de biosseguridade associadas à vacinação são ferramentas efetivas na redução do percentual de Salmonella spp. em fígado+baço e cecos de frangos de corte.
As vacinas vivas, além de serem aliadas na redução da positividade e contagem de Salmonella em vísceras como fígado, baço e cecos, resultando em menor excreção da bactéria nos ambientes de criação das aves (galpões), também auxiliam na redução da contaminação de vísceras e carcaças que chegam ao frigorífico⁴. Tornam-se ferramentas seguras e eficazes principalmente para empresas exportadoras de carne de frango.
Essa máxima é muito útil para determinar ações relativas ao controle da Salmonella, principalmente em relação a frangos de corte, reprodutoras e poedeiras comerciais.
Quando usamos a expressão “do bico para dentro” indica que, para efeitos de controle, leva-se em conta a carga bacteriana contida em cada ave, isto é, não somente se ela é positiva ou negativa para Salmonella, mas também qual é a quantidade de bactérias presente nos diversos tecidos, como ceco, fígado, baço etc. Esse enfoque é fundamental, pois trata a contaminação com uma medida quantitativa e não apenas qualitativa.
Uma das ações mais eficazes para se realizar o controle do bico para dentro é a utilização de vacinas vivas, pois logo no primeiro momento da aplicação a estirpe viva presente nas vacinas compete por sítios de ligação com cepas de campo.
Em um segundo momento, ocorre o desenvolvimento da imunidade de mucosa mediante produção de IgA e ativação de células CD4+ e CD8+. Esses três braços de defesa conferem ampla proteção à ave, evitando-se ou reduzindo-se a carga bacteriana do animal.
Já a expressão “do bico para fora” diz respeito ao ambiente que a ave se encontra: a cama do aviário, os equipamentos, o pátio dos galpões, a composteira, etc.
Quando definimos esses dois compartimentos, conseguimos focar em um controle de Salmonella amplo e mais eficaz nas propriedades.
Um programa robusto de controle deve ser amplamente estudado caso a caso, propriedade a propriedade, elencando-se os pontos críticos de cada granja. Com base nisso, as medidas preventivas de biosseguridade ganham muito destaque no controle.
Hoje, no Brasil, diagnostica-se a presença de Salmonella em um lote de frangos de corte por meio do suabe de arrasto, diagnóstico que se baseia em legislação específica.
A avaliação da cama do aviário de forma qualitativa apenas atesta se o lote é positivo ou negativo para Salmonella, mas, na verdade, essa forma avalia o ambiente, não a ave.
Realizar o controle “do bico para fora” vai muito além da avaliação da cama do aviário. Devemos considerar a propriedade como um todo, buscar identificar os pontos críticos de controle de cada granja, avaliar os riscos e traçar planos de melhoria junto aos produtores objetivando o controle efetivo da Salmonella.
Importante salientar que não existe produto ou procedimento “bala de prata” para o controle da Salmonelose. Os responsáveis pelo controle sanitário dos plantéis devem avaliar e utilizar ferramentas preventivas de forma integrada, e não como concorrentes.
Sabe-se que a dinâmica dos sorovares mais prevalentes na integração pode ser variável, ou seja, ocorre uma substituição gradual ao longo dos anos, portanto, muitas abordagens de gestão para o controle que funcionaram bem no passado para alguns sorovares, podem não funcionar tão bem para outros. crie um
O que é a Poulvac® ST?
Vacina viva liofilizada composta por uma estirpe australiana de Salmonella Typhimurium (ST), modificada geneticamente.
Essa cepa foi isolada de aves e selecionada para produção da vacina por sua segurança, capacidade de colonização e alta resposta imunogênica. Essa variante de ST foi alterada pela deleção/inversão de dois genes, AroA e SerC. A deleção desses genes resulta em um organismo que retém a estrutura da parede celular e flagelos, mantendo os antígenos imunizantes intactos.
A vacina Poulvac® ST pode ser utilizada em frangos de corte, matrizes e poedeiras. Recomenda-se a aplicação da vacina em aves no 1° dia por via spray (gota grossa) e no 14° dia por via água de bebida ou spray (gota grossa).
A vacina auxilia na redução da colonização de órgãos internos por Salmonella Typhimurium e Salmonella Heildelberg. Estudos recentes demonstram também a eficácia da vacina na redução da contagem de Salmonella Minnesota em fígados de aves experimentalmente desafiadas⁵.
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