Metodologia de trabalho
A água cumpre um papel fundamental na produção pecuária e muitas vezes se subestima o fornecimento de água com qualidade apropriada para a produção animal. Na Europa há consciência das repercussões do bom tratamento e manutenção do sistema de água nos resultados pecuários . Na última década dispomos de uma grande quantidade de alternativas em termos de produtos e protocolos utilizados tradicionalmente para o tratamento da água de bebida e para limpeza dos circuitos.
Sabemos que não existem produtos milagrosos, nem “fórmulas mágicas” que possam ser aplicadas de maneira geral para todas as situações, sendo fundamental uma boa assessoria e um diagnóstico da situação de inicial para poder trabalhar com um programa que permita garantir a qualidade que desejamos com um investimento que não seja desproporcional.
Metodologia de trabalho
Quando nos propomos a melhorar o programa de tratamento de água, devemos começar sempre por uma primeira fase de identificação dos problemas reais que estão aparecendo na granja. Devemos dispor de uma análise detalhada de cada uma das origens da água (poços, canais, água da rede pública…) e de cada uma das diferentes áreas dentro da granja.
É muito frequente encontrar grande contaminação nos bebedouros e áreas de produção, ainda que a origem da água ou os primeiros depósitos indiquem uma qualidade de água aceitável. É importante diferenciar bem entre a causa (presença de patógenos, contaminação química, temperatura, quantidade de água…), os sintomas percebidos (cor, odor, depósitos ou bloqueios nas conduções, precipitações…) e as consequências que implicam na produção (diarreias, alterações da fertilidade, mortalidades excessivas…). A turbidez da água ou paineis evaporativos com grandes depósitos de cálcio, não são a causa em si, mas a consequência de outros fatores.
Nessa fase de diagnóstico não podemos esquecer de avaliar e se cada um dos problemas detectados está afetando realmente a produção dos nossos animais e em que grau. Não são poucas as vezes que podemos encontrar propriedades com instalações de tratamento de água com dimensionamento muito superior aos problemas que afetam a granja.
Na fase seguinte, o objetivo será identificar todas as possíveis alternativas oferecidas pelo mercado para o tratamento dos problemas detectados. Aqui podemos nos servir da assessoria das casas comerciais que podem fornecer informação precisa de cada produto no mercado e dos resultados que devemos esperar seguindo as recomendações de uso em cada protocolo.
É importante definir o uso que será dado a cada um dos produtos, ou tratamentos; os equipamentos de filtragem, descalcificadores, U.V e outros tratamentos físicos, devem ser considerados como complementares a um tratamento químico do circuito. Os pré-tratamentos químicos podem ser considerados como medida adicional a um tratamento posterior, com um biocida mais potente na entrada da granja.
Para o tratamento da água de bebida e limpeza de depósitos e condutores, são os produtos a base de peróxido de hidrógeno e os derivados do cloro, os mais difundidos no mercado.
Uma vez avaliadas as diferentes alternativas de tratamento em nosso circuito de água e tomada a decisão sobre o tratamento que aplicaremos, sempre devemos exigir que sejam técnicos qualificados, os que realizarão a instalação e o funcionamento dos equipamentos.
Finalmente, e não menos importante, é a avaliação periódica dos resultados e tomada de ações corretivas no protocolo aplicado, já que as condições em que a água entra em nosso circuito mudam de forma considerável ao longo do ano e, portanto, devemos nos adaptar a essas mudanças.
Manutenção periódica e medidas preventivas
A biossegurança nas instalações pecuárias não estaria completa sem o controle sobre o circuito da água. É bem conhecido que existem riscos microbiológicos que podem afetar os animais devido a um tratamento incorreto, ou limpeza insuficiente dos circuitos.
Entre as bactérias que devemos monitorar periodicamente estão: microorganismos aeróbios mesófilos, bactérias coliformes, E Coli, Clostridium perfringens… Como medida preventiva é importante realizar, periodicamente, limpezas dos depósitos de água, assim como das tubulações da água de bebida, quando as instalações estão sem animais.
Por sua facilidade de manuseio e poder de limpeza, os produtos a base de peróxido de hidrógeno são os mais utilizados para a limpeza de circuitos. Os riscos associados à segurança alimentar também são importantes, já que é frequente encontrar restos de tratamentos antibióticos, ou grandes concentrações de micro-organismos patógenos no biofilme dos condutores, com o risco que isso implica no caso de ingestão acidental pelos animais.
A perda de eficiência na produção é um fator a ser considerado, quer seja por causas físicas como oferta insuficiente de água por uma redução de vazão, ou perda de eficiência nos sistemas de ventilação / umidificação. Esse é um aspecto importante, já que em áreas com excessiva dureza, onde a alta concentração de cálcio, ou magnésio se precipita nos paineis evaporativos, devemos implementar um tratamento de prevenção, quer seja por acidificação e posterior descarte dos sais dissolvidos, ou pela instalação de equipamentos descalcificadores. Esse mesmo problema nos afeta gravemente na manutenção dos umidificadores das granjas, ou incubadoras avícolas.
A aplicação do biocida apropriado na água de bebida deve garantir a qualidade microbiológica da água ao longo de todo o circuito. É importante que selecionemos um biocida com duplo efeito, tanto na eliminação de micro-organismos patógenos, como na prevenção e eliminação do biofilm.
Tradicionalmente, se vem trabalhando com produtos a base de cloro ou seus derivados, pensando que dessa maneira controlava-se todos os problemas associados à qualidade da água e que o biofilme era algo inevitável. Há várias décadas se vem percebendo como a conscientização sobre a prevenção e os melhores resultados produtivos obtidos com a introdução de biocidas capazes de dissolver e prevenir o biofilme, acabaram levando à instauração de boas práticas nos tratamentos da água, que muitas vezes são referência em nível internacional.
Finalmente, é importante destacar, por motivos da segurança do trabalho dos funcionários das produções, assim como pela segurança dos próprios animais, a necessidade de se trabalhar sempre com produtos registrados para uso em áreas pecuárias e da indústria alimentar.
Nos encontramos em um período de modificações legislativas na Europa, precisamente para poder homogenizar e simplificar todos os registros que devem ser exigido dos produtos com os quais trabalhamos em granjas, com o objetivo de evitar acidentes e sanções pelo uso de produtos não autorizados. Por essa razão, debemos buscar a assessoria de empresas especializadas nessa área para que seu conhecimento e experiência nos ajudem.
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