12 jul 2022

Bronquite Infecciosa com uma infecção secundária causada por E. coli

A bronquite infecciosa é uma doença de grande importância em todos os países de produção avícola. Esta doença é causada pelo vírus da bronquite infecciosa (IBV), um coronavírus que mostra mutações e recombinações contínuas.

A bronquite infecciosa é uma doença de grande importância em todos os países de produção avícola. Esta doença é causada pelo vírus da bronquite infecciosa (IBV), um coronavírus que mostra mutações e recombinações contínuas.

bronquite infecciosa com uma infecção secundáriaA bronquite infecciosa está principalmente associada a problemas respiratórios, embora também tenham sido relatados problemas renais.

Além disso, nas galinhas, causa queda de postura, ovos deformados, descoloridos e cascas frágeis; e até mesmo “falsas poedeiras” foram descritas com a destruição precoce do oviduto.

O IBV também predispõe as aves a infecções bacterianas secundárias, tais como Escherichia coli, que está associado ao aumento da mortalidade.

CASO

Granja de galinhas poedeiras criadas em gaiola de 7.500 animais com 35 semanas de idade.

Apresentam leves sintomas respiratórios, má qualidade de casca (“ovos murchos”) desde o início da postura e uma queda de 10-15% na postura.

Além disso, diariamente morrem 16 a 20 aves.

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O galpão têm programa de luz e temperatura controlados, e ventilação forçada.

3 animais com sintomas respiratórios, foram encaminhados para o laboratório. No exame, os animais tinham 0,5 kg abaixo do peso padrão.

A necropsia revelou que as aves tinham:

bronquite infecciosa com uma infecção secundária

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Os achados de necropsia e anamnese são inespecíficos, mas poderiam ser compatíveis com um processo de bronquite infecciosa.

Os primeiros sinais da doença são sinais típicos de doenças do trato respiratório superior (tosse, espirros, balançar a cabeça...), sendo mais comuns em aves jovens.

A infecção pode levar ao retardo do crescimento e algumas aves podem morrer subitamente por oclusão bronquial. Além disso, geralmente é acompanhada por uma queda acentuada na postura (10-15%), ovos de má qualidade (albúmen líquido, casca fina, frágil e despigmentada...), degeneração dos ovários e inflamação dos ovidutos.

As taxas de mortalidade são geralmente maiores na presença de infecções secundárias. Uma colibacilose, devido a uma infecção secundária por Escherichia coli, pode se manifestar de diferentes formas na ave, sendo a colisepticemia a manifestação mais característica.

Testes de diagnósticos

bronquite infecciosa com uma infecção secundáriaPara o diagnóstico, foram realizados análises sorológicas dos animais (teste indireto), análise microbiológica e análise molecular (PCR) como teste de diagnóstico para detectar o agente causal.

Os estudos sorológicos são realizados principalmente para identificar se os animais desenvolveram anticorpos contra um patógeno, tanto de campo como da vacina.

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Quanto à análise microbiológica, foi realizada a partir de swabs (esfregaços) retirados dos focos de fibrina da cavidade celômica compatível com processo bacteriano.

 

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E, por fim, a PCR é realizada como um teste de diagnóstico direto para detectar o agente principal. As amostras mais adequadas para PCR são as do trato respiratório. Entretanto, em um caso agudo de IBV, também podem ser coletadas amostras do rim, oviduto, fezes e amígdalas cecais.

Resultados e Discussão sobre o caso clínico

Tanto o teste sorológico quanto a PCR resultaram em animais expostos ao IBV da variante QX. Além disso, a E. coli foi isolada das amostras de zaragatoa microbiologicamente analisadas. Neste caso, o diagnóstico foi um processo infeccioso de Bronquite Infecciosa complicado por uma infecção secundária causada por E. coli.

A Escherichia coli é um microrganismo comensal presente em animais, como aves, que geralmente não apresentam sintomas clínicos.

Ao contrário da Salmonella ou Campylobacter, não costuma representar risco para a saúde pública, com exceção do sorotipo O157: H7, que é altamente patogênico para os humanos e foi isolado tanto em frangos quanto em perus.

Sua importância nas aves reside no fato de atuar como agente secundário em relação a outras patologias, manifestando-se de diferentes maneiras.

A Escherichia coli patogênica aviária (APEC) é um grupo de cepas de E. coli que causam uma variedade de doenças extra-intestinais em aves, causando principalmente colisepticemia.

Sua forma mais frequente de aparecimento em aves é a aerosaculite; além de apresentar um alto tropismo pelo sistema reprodutivo, pode causar salpingite e salpingoperitonite.

E. coli é um membro do gênero Escherichia da família Enterobacteriaceae. É um bacilo anaeróbico facultativo Gram-negativo, mesófila, que cresce tanto sob condições aeróbicas quanto anaeróbicas.

Seu diagnóstico é baseado no isolamento da bactéria.

Para isso, como neste caso, um antibiograma deve ser realizado previamente para identificar os antibióticos autorizados aos quais as bactérias são sensíveis.

Neste caso, o antibiograma foi realizado com o formato de placa AviPro®, que foi projetado para estabelecer um teste de suscetibilidade antimicrobiana por microdiluição para patógenos que afetam as aves (Figura 9).

bronquite infecciosa com uma infecção secundária

A bronquite infecciosa é uma doença aguda e altamente contagiosa, caracterizada por distúrbios respiratórios (respiração ofegante, espirros, corrimento nasal), bem como uma diminuição na produção de ovos (qualidade dos ovos), e até mesmo distúrbios renais (cepas nefropatogênicas). Esta doença é causada pelo vírus da bronquite infecciosa (IBV).

IBV é um Coronavírus que faz parte da família Coronaviridae, dentro do gênero Gammacoronavirus, que inclui apenas vírus que afetam aves.

É um vírus de RNA de cadeia única com um envelope lipídico e é lábil sob condições ambientais.

Em sua superfície há projeções dos peplomers que dão à partícula viral a aparência de uma coroa solar.

A proteína S em sua superfície é responsável pela ligação do vírus às células do animal, e pela fusão do envelope do vírus com a superfície celular, levando à liberação do RNA dentro da célula, onde ocorre a replicação.

Existem diferentes sorotipos de acordo com sua distribuição geográfica, na Europa os mais importantes são D274 (Holanda), CR88 (88121, 88061, 88099) originários da França, 4/91 ou 793B no Reino Unido. Além disso, em 2004, na Holanda, uma linhagem D388, semelhante à linhagem chinesa QX, foi isolada na Holanda, o que causou uma multidão de problemas clínicos na maioria das granjas avícolas e em 2006 uma nova linhagem, IT-02, foi detectada em vários países da União Europeia.

Além disso, em 2015, uma nova variante, IB80, foi isolada, o que causa graves perdas na produção de ovos, com quedas repentinas no índice de postura.

O IBV foi o primeiro coronavírus a ser isolado. A primeira descoberta deste vírus foi nos anos 30, e devido ao seu grande impacto econômico sobre a avicultura, ele foi amplamente estudado.

Muitos autores como Cavanagh et al. (2007) y Jordan et al. (2017) destacam que o IBV é uma das principais causas únicas de perdas econômicas relacionadas a doenças infecciosas.

Em termos de epidemiologia, a ave doméstica (Gallus gallus) é considerada o único hospedeiro, sendo as aves jovens as mais suscetíveis.

Tem uma difusão rápida de 24-48 horas, com uma mortalidade de 100%.

A via de infecção é respiratória através de aerossóis, replicando-se na traquéia e nos sacos aéreos. Posteriormente, ela dá origem à viremia, o que permite que ela se espalhe pelo corpo e pode levar à replicação secundária e secreção de muco (Figura 10).

bronquite infecciosa com uma infecção secundária

É um vírus contra o qual toda a produção (frangos de corte, galinhas reprodutoras e galinhas poedeiras) é vacinada devido a sua rápida propagação, variabilidade e importância econômica no setor.

A vacina viva do sorotipo de Massachusetts é usada no mundo inteiro, pois foi o primeiro tipo de vacina produzida e a única disponível por muitos anos.

Em muitos países é o único sorotipo autorizado.

A primeira dose de vacinação ocorre no incubatório, vacinas vivas são utilizadas em frangos de corte, galinhas poedeiras e reprodutoras.

Além disso, as galinhas poedeiras e as reprodutoras são revacinadas com vacinas vivas durante a recria.

Diferentes cepas de IBV devem ser utilizadas no programa de vacinação, uma vez que há pouca imunidade cruzada entre os sorotipos e o contínuo surgimento de novas cepas significa que as aves podem ser re-infectadas várias vezes. Isso destaca a importância da avaliação contínua dos planos de vacinação e da produção de novas vacinas. Para isso, após a vacinação é importante realizar sorologias seriadas para avaliar sua correta aplicação.

Uma extensa revisão do desenvolvimento da vacina IBV pelo professor Anthony C. Ike e colegas aparece recentemente no Vaccines Journal 2021. A revisão citada destaca que tanto a dose quanto o momento de aplicação da vacina são essenciais para o sucesso da vacinação.

CONCLUSÃO

O IBV continua sendo uma das principais preocupações econômicas do setor avícola em todo o mundo. Atualmente não há tratamento para bronquite infecciosa.

Soma-se a isso a predisposição a infecções secundárias, como a E. coli, que, com o aumento da resistência bacteriana e as restrições ao uso de antibióticos, reduz a produtividade e aumenta a mortalidade e as falhas no tratamento.

Por esse motivo, a profilaxia vacinal é muito importante, assim como boas práticas de manejo e medidas de biossegurança para controlar o patógeno desde o início do ciclo produtivo.

 

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