O Fósforo (P) e o Cálcio (Ca) são elementos de alta relevância para a alimentação dos monogástricos.
Desta forma, para atender os requerimentos destes macro minerais quanto a performance e mineralização óssea dos animais, além do estudo das fontes alimentares (seja de origem animal ou vegetal), devemos abordar o entendimento das fontes complementares (ingredientes de origem minerais), além de sua interação com uso de
enzimas exógenas (como é o caso das fitases).
Embora Ca e P sejam interdependentes e interajam em sua absorção e utilização, historicamente, o Ca não gerou tanto interesse em pesquisas quanto o P.
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No entanto, vários autores enfatizaram a importância de compreender a absorção, utilização e excreção de Ca não apenas para melhorar suas estimativas atuais, mas também para otimizar a utilização de P (Misura et al., 2018).
Tradicionalmente trabalhamos com dietas ajustadas a atender relações de Ca total x P disponível, variando de 2:1 (em dietas para frangos de corte), até 11:1 (em alimentos de poedeiras em produção).
Consequentemente, um sistema de recomendações dietéticas baseado em valores digestíveis de Ca, em vez de totais, pode melhorar a eficiência alimentar e reduzir o impacto ambiental negativo causado pelo seu excesso.
Rodehutscord et al. (2017) descrevem uma provável metodologia para avaliação da digestibilidade de P e Ca de um ingrediente em aves (ensaio proposto pela World’s Poultry Science Association).
De acordo com os autores, este ensaio deve seguir o procedimento de avaliação pré-cecal quanto ao desaparecimento destes nutrientes (pcdP e pcdCa). Para isso, a quantidade Ca e P (g/kg MS) digestível deve ser calculada usando dietas contendo:
Sendo as dietas coletadas na fração distal do íleo das aves e analisadas quanto ao conteúdo de Ca, P e do marcador a base de dióxido de titânio.
Estes autores encontram, com esta metodologia, resultados interessantes, embora ainda mereça certa atenção quando à execução – como iremos demonstrar mais à frente na continuação da discussão destes resultados no final deste artigo.
ENZIMAS EXÓGENAS
Outro tema importante que se deve considerar quando falamos no tema de digestibilidade de Ca e P para monogástricos, refere-se ao uso de enzimas exógenas (em especial fitase).
Como o fitato pode se ligar Ca do carbonato de cálcio da dieta e com o Ca intrínseco em ingredientes vegetais,
a ruptura do anel de fitato não interfere apenas na otimização do aproveitamento do P.
Isso abre espaço para discussões envolvendo o uso de xilanase frente ao incremento de digestibilidade destas fontes minerais.
FITASE E XILANASE
Para ambos os experimentos, utilizaram 960 frangos Ross 308 ou 960 perus BUT 10. As aves foram alocadas em 6 tratamentos, sendo:
Tabela 01. Desempenho (ganho de peso, GP; consumo de ração, CR; conversão alimentar, CA), a diferentes idades, de frangos de corte e perus que receberam níveis diferentes de fitase e de xilanase nas dietas.
Gráfico 01. Resumo dos efeitos da fitase e xilanase e sua combinação, na digestibilidade ileal de nutrientes (%) em diferentes idades de frangos de corte, levando-se em consideração a comparação da idade (A),idade x níveis de fitase
(B),uso de xilanase (C).
Realizando uma análise dos dados descritos no Gráfico 01 com outros valores publicados no primeiro trabalho que discutimos (Rodehutscord et al., 2017), fica claro que existem dados conflitantes que ainda merece maior atenção quanto a metodologia atual de determinação destes coeficientes de digestibilidade de Ca e P para aves; diferentemente do que já podemos ver para suínos.
Digo isso, pois Rodehutscord et al. (2017) realizaram um Ring Test entre diferentes centros de pesquisa mundiais para investigar a digestibilidade do fósforo pré-cecal (P) do farelo de soja (FS) em frangos de corte usando o protocolo de ensaio proposto pela World’s Poultry Science Association (já discutido neste artigo).
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Para isso, três dietas com diferentes níveis de inclusão de SBM foram produzidas e transportadas para 17 estações
colaboradoras, sendo administradas às aves por um mínimo de 5 dias antes que o conteúdo da metade posterior do íleo fosse coletado.
Como resultados, os autores avaliaram uma diferença entre os dados de digestibilidade do P pré-cecal de FS na ordem de 19 a 51%, com diferenças significativas entre as estações (Gráfico 02).
Gráfico 02. Gráfico de dispersão de dados de digestibilidade pré-cecal de 16 ensaios de frangos de corte conduzidos em 16 estações e usando dietas contendo 400 (A), 525 (B) ou 650 (C) g/kg de farelo de soja (cada ponto mostra a média de uma estação para o respectiva dieta).
Esses fatores provavelmente estavam relacionados às condições de alimentação e alojamento (baias ou gaiolas) das aves na fase pré-experimental.
Portanto, o uso nas formulações destes dados, embora sejam fundamentais para estratégias nutricionais para estes macro minerais no futuro, ainda carecem de mais investimentos e avaliações por parte de comunidade científica, sobretudo para nutrição de aves, já que estes dados para suínos estão mais avançados.