Os importadores chineses de frango brasileiro terão que depositar de 18,8% a 38,4% do valor de suas compras já a partir desse sábado (9/6), segundo comunicado do Ministério do Comércio.
China vai impor tarifas de até 34% ao frango brasileiro
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A China anunciou nessa sexta-feira (8/6), que vai impor direito antidumping provisório sobre as importações de carne de frango brasileira, segundo informa a Reuters.
Em 18/8/17, o país asiático lançou uma investigação antidumping sobre as importações de carne de frango do Brasil. Uma decisão preliminar do ministério chinês apontou que os produtores chineses foram “substancialmente prejudicados” pelos embarques do Brasil entre 2013 e 2016, quando o país forneceu mais da metade das importações chinesas de carne de frango.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) disse que a medida, que abrange produtos fornecidos pelos principais exportadores brasileiros JBS e BRF, é um “retrocesso” nas relações comerciais entre os dois países e que vai trabalhar para reverter a decisão temporária.
“A associação reafirma que não há qualquer nexo causal entre as exportações de carne de frango do Brasil e eventuais situações mercadológicas locais”, disse a ABPA, acrescentando que os “esclarecimentos apresentados pelo setor produtivo e pelas agroindústrias exportadoras deixaram clara a ausência de qualquer possível dano aos produtores e ao mercado chinês”.
Embora o resultado inicial da investigação iniciada em agosto passado fosse esperado para esse mês de junho, a imposição das medidas ocorre também no momento em que os EUA tentam recuperar o acesso ao mercado avícola chinês, em meio a negociações comerciais em andamento.
A China concordou em aumentar suas importações de produtos agrícolas norte-americanos em recentes negociações destinadas a evitar uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
As medidas antidumping são mais um golpe para os exportadores de carne do Brasil, que ainda estão se recuperando das consequências da operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Segundo a Reuters, analistas e a indústria não ficaram surpresos com a decisão e ressaltaram que ela ainda é inicial e pode ser mudada. Uma fonte da indústria brasileira disse à Reuters que o Ministério do Comércio propôs mais negociações com os exportadores, incluindo a possibilidade de estabelecer um preço mínimo para as exportações para a China.
Pé de frango
Segundo Pan Chenjun, analista sênior do Rabobank, os exportadores brasileiros devem ser capazes de absorver o impacto dos depósitos, particularmente para pés de frango, que de outra forma não teriam valor. “A China não é o mercado mais importante (para o Brasil), mas em valor é muito importante, pois absorve todos os subprodutos”, afirmou à Reuters.
A ABPA também considera que o mercado chinês continuará a absorver o produto brasileiro. “Apesar de uma potencial retração no desempenho dos embarques em toneladas, o fluxo comercial deverá ser mantido mesmo com a imposição da medida, frente à necessidade e alta demanda do mercado chinês”, disse a entidade em nota divulgada à imprensa.
Em 2017, a China absorveu 391,4 mil toneladas de carne de frango do Brasil, equivalente a 9,2% de tudo que o país embarcou no mesmo período, segundo a ABPA.
Das 29 empresas brasileiras listadas pelo ministério chinês, as taxas de depósito nos produtos da JBS e da sua divisão de aves e suínos Seara serão de 18,8%, já os produtos da BRF sofrerão uma taxa de 25,3 % e os embarques da C.Vale - Cooperativa Agroindustrial serão taxados em 38,4%. Para a Cooperativa Central Aurora Alimentos o depósito será de 20,7%.
Pan Chenjun espera que os importadores negociem com os fornecedores para compartilhar as taxas de depósito.
Não está claro o que acontecerá com as remessas já a caminho da China. Um depósito antidumping incidente sobre o sorgo dos Estados Unidos em abril causou o caos no comércio de grãos, com dezenas de cargas retidas enquanto importadores tentavam vender para outros mercados para evitar pagar as tarifas.
Os preços dos frangos de corte na China se recuperaram significativamente desde o ano passado, quando caíram para mínimos em décadas depois que centenas de pessoas morreram por contrair o vírus H7N9 da gripe aviária.