Segundo informação divulgada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), trata-se das primeiras certificações no mundo, concedidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), para unidades de frango de corte e genética de ovos.
Compartimentação fortalece a avicultura brasileira
Desde 2007, quando se candidatou junto à OIE para a compartimentação no setor avícola, o Brasil vem trilhando um caminho de pioneirismo em relação ao sistema
Nesta quarta-feira (14/3), às 11h30, acontece em São Paulo (SP) a cerimônia para assinatura da Compartimentação de duas novas unidades produtoras avícolas: a de frangos de corte da Seara Alimentos (Itapiranga - SC) e a de genética de ovos da Hy-Line (Nova Granada – SP).
Em 2016, a unidade brasileira da Cobb-Vantress recebeu a primeira certificação do Brasil, pela OIE, de Compartimento de Reprodução Livre de Influenza Aviária e Doença de Newscastle.
Até 2014, experiências da utilização da Compartimentação avícola Livre de Influenza Aviária e Doença de Newscastle, com certificação pela OIE, estavam distribuídas pela Colômbia, numa empresa de genética avícola certificada em março de 2013, e Reino Unido, numa empresa de reprodutoras, certificada em julho de 2010.
Nos Estados Unidos, a Aviagen foi a primeira empresa de genética de aves a obter a certificação de compartimentalização em outubro de 2017.
Pioneirismo Brasileiro
Desde 2007, quando se candidatou junto à OIE para a compartimentação no setor avícola, o Brasil vem trilhando um caminho de pioneirismo em relação ao sistema. Já em 2008 as discussões no país passaram a contar com o apoio do órgão internacional de saúde animal.
Apenas sete anos depois, em 2014, o Brasil se tornou o primeiro país a elaborar uma legislação regulamentando o sistema de compartimentação na cadeia avícola, que foi a Instrução Normativa SDA nº 21, de 21 de outubro de 2014.
Segundo o médico veterinário Paulo Raffi, o maior ganho da avicultura brasileira com a Compartimentação é o aumento do nível de biosseguridade.
“O risco da Influenza Aviária não termina, porque o vírus continua circulando na Ásia e outros continentes”, explica. “A Compartimentação permite uma confiança maior no controle sanitário dos plantéis e unidades compartimentadas e, consequentemente, permitindo o comércio internacional”, completa.
O Dr. Raffi, que possui 25 anos de experiência em sanidade avícola e manejo de matrizes e avós, além de 13 anos de experiência no mercado de importação e exportação de material genético de aves, também destaca a melhoria na parceria entre a iniciativa privada e o setor público.
“A adoção da Compartimentação conforme as regras da OIE não é uma obrigação, mas uma iniciativa voluntária por parte das empresas, que solicitam a certificação ao setor público”, explica Raffi.
Para ele, a grande facilidade do Brasil está na predominância do sistema de produção verticalizado nas empresas integradoras e na existência de normas que estabelecem regras claras de biosseguridade, que são auditadas pelo Serviço Veterinário Oficial.
Compartimentação
O Dr. Paulo Raffi apresentou ao aviNews Brasil informações sobre o que é a Compartimentação. Raffi atuou junto à Coordenação do Plano Nacional de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na elaboração do projeto e leis para a Compartimentação para Influenza Aviária e Doença de Newcastle da Avicultura Nacional.
Confira a seguir alguns trechos do material elaborado pelo Dr. Raffi:
O que é a Compartimentação
Significa que uma ou várias unidades produtivas com um sistema de gestão de Biosseguridade têm uma subpopulação animal comum com status sanitário diferenciado para doenças específicas que requerem levantamento, controle e medidas de biosseguridade voltadas para o comércio internacional. (OIE). No caso da avicultura, o objetivo é compartimentar para a Influenza Aviária e Doença de Newcastle.
O projeto visa dividir a população de aves em subpopulações com o objetivo de aumentar o controle sanitário das aves com aplicação mais rigorosa de normas de biosseguridade, análises de riscos frequentes e com um sistema de rastreabilidade. A vigilância é aplicada aos planteis internos e dos animais suscetíveis do entorno das unidades compartimentadas.
Confira abaixo, um quadro de um compartimento:
Quais os pré-requisitos do programa?
- O Serviço Veterinário Oficial do país deve ser eficiente e ter os meios para supervisionar e administrar o programa;
- Existência de um sistema eficaz de vigilância ativa e passiva, que engloba tanto o vírus de alta como o de baixa patogenicidade;
- Um sistema de identificação com o uso de registros de rastreabilidade, que permitam a identificação dos lotes de aves;
- Um sistema que permita a certificação oficial confiável a respeito do status sanitário dentro do compartimento e nos produtos que podem ser comercializados;
- Definição dos critérios gerais sobre as práticas de gestão e de produção, relacionados com a biosseguridade que se deve aplicar dentro do compartimento;
- Definição de planos de biosseguridade e de contingência pela empresa compartimentada, que devem ser revisados e atualizados periodicamente.
Quais os fatores de risco do programa?
No documento da OIE, intitulado "Lista de averiguação para a aplicação prática do compartimento para Influenza Aviária e Doença de Newcastle" são detalhados os critérios e procedimentos para a implementação de programas de compartimentação.
- O abastecimento de água;
- A proximidade de animais suscetíveis à Influenza Aviária e Doença de Newcastle;
- Pessoas – controle de acesso e entrada com banhos;
- Veículos – acesso e procedimentos de lavagem e desinfecção;
- Equipamentos – entrada de material;
- Resíduos – eliminação de cadáveres, esterco e dejetos;
- A maravalha de madeira ou outro material para a cama e forração do ninho;
- Vacinas e produtos biológicos;
- Material genético;
- Ovos férteis e resíduos;
- Pragas – controle dos roedores, artrópodes;
- Ração – abastecimento e fonte.
Para mais informações a respeito da compartimentação, acesse:
Da Redação