Nutrição
Conbrasul 2025: tecnologia já prevê falhas na granja antes que elas aconteçam, diz especialista
A convergência entre sensores, inteligência artificial e análise de dados já permite que granjas de postura atuem preventivamente diante de possíveis falhas na produção. A afirmação foi feita durante o painel Indústria e Qualidade de Ovos em Evolução, na Conbrasul 2025, por Thiago Lima D’Andrea.
A convergência entre sensores, inteligência artificial e análise de dados já permite que granjas de postura atuem preventivamente diante de possíveis falhas na produção. A afirmação foi feita durante o painel Indústria e Qualidade de Ovos em Evolução, na Conbrasul 2025, por Thiago Lima D’Andrea.
Segundo ele, a Postura 4.0 já é realidade em muitas granjas brasileiras e permite um novo nível de precisão no monitoramento e no controle produtivo. “Com os sistemas atuais, conseguimos coletar e interpretar dados de sensores em tempo real. Isso permite que sistemas automatizados emitam alertas antes que um problema se materialize. Em vez de reagir ao erro, a tecnologia nos permite antecipá-lo”, explicou o palestrante.
Thiago citou como exemplo a utilização de câmeras equipadas com algoritmos de machine learning para contagem de ovos e detecção de trincas na casca. Em outro caso, mencionou um robô automatizado que realiza a limpeza do aviário e coleta de dados durante o processo, com precisão em pontos de difícil acesso.
Além de sensores, os sistemas incorporam plataformas de gestão em nuvem que cruzam dados ambientais, de ambiência e produtividade com históricos de desempenho. “Não se trata apenas de automação, mas de uma inteligência que aprende com os dados e orienta a tomada de decisão”, reforçou.
A nutrição também foi abordada como fator-chave para antecipação de falhas, especialmente diante do risco invisível representado pelas micotoxinas. Javier Vieira apresentou um caso de campo em que a contaminação da dieta levou à queda brusca de desempenho após a 49ª semana de idade, exigindo dez semanas de recuperação para que o lote retomasse os índices anteriores.
“Esse tipo de desafio silencioso mostra o quanto a vigilância sobre a qualidade da matéria-prima é decisiva”, alertou.
Vieira destacou ainda o impacto da formulação baseada no conceito de proteína ideal — com suplementação de aminoácidos essenciais e redução do teor de proteína bruta — tanto no custo quanto na ambiência do aviário. Em um plantel de 100 mil aves, a economia mensal com ração pode chegar a R$ 13 mil, além de contribuir para a redução na excreção de nitrogênio e menor pressão ambiental.
O uso de enzimas e aditivos, segundo ele, deve ser planejado em protocolos integrados, que considerem saúde intestinal, desempenho zootécnico e diferenciação do produto final. “Com a nutrição bem estruturada, conseguimos não só manter a saúde do plantel, mas acessar mercados com maior valor agregado”, afirmou.
Encerrando o painel, Otávio Rech, especialista em nutrição de monogástricos trouxe dados que demonstram o papel da genética como alavanca da produtividade. Um dos casos apresentados envolveu um lote com 367 ovos produzidos em 100 semanas, mantendo picos próximos de 100% e boa qualidade de casca.
A evolução do melhoramento genético, segundo ele, permitiu não apenas aumentar a persistência da postura, mas melhorar a resistência de casca inclusive nas fases mais tardias do ciclo produtivo. Rech também reforçou o papel da genética na redução do uso de antibióticos e na adaptação das aves a diferentes sistemas produtivos.
“A genética cumpre seu papel quando entrega aves que produzem mais, com menos recursos, menos mortalidade e mais adaptabilidade ao que o mercado exige”, resumiu.
O painel, coordenado por Nathalie Zanetti, médica-veterinária da Naturovos, evidenciou que a produção de ovos vive uma fase de transformação guiada por dados, previsibilidade e estratégias integradas. Não se trata mais de reagir a perdas, mas de impedir que elas aconteçam.
aviNews Brasil na Conbrasul 2025 – leia também: Vírus da Influenza Aviária no RS é “basicamente igual” ao da Argentina, aponta MAPA