23 jun 2021

“Megamétodo” permite avaliar vários contaminantes de uma só vez em alimentos

Considerado um “megamétodo”, nova metodologia para identificar e quantificar contaminantes químicos em alimentos, une diversos tipos de análises e é […]

Considerado um “megamétodo”, nova metodologia para identificar e quantificar contaminantes químicos em alimentos, une diversos tipos de análises e é capaz de identificar, ao mesmo tempo, um grande número de compostos exigidos pela legislação brasileira. A pesquisa internacional contou com a participação de pesquisador do IB-APTA (Instituto Biológico), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“Esse trabalho é a evolução de um método que revolucionou a área de análise de resíduos de contaminantes”, diz o pesquisador do IB, Sérgio Monteiro, que participou da pesquisa durante seu pós-doutorado no USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Ele explica que no laboratório onde atuou havia sido criada, há alguns anos, uma metodologia inovadora que possibilitava a análise de diversos tipos de resíduos em alimentos ao mesmo tempo.

megamétodo WuEChERSER contaminantes

A tecnologia, conhecida pela sigla QuEChERS (em inglês: rápido, fácil, barato, efetivo, robusto e seguro), já vem sendo utilizada amplamente desde 2003, quando foi desenvolvida pelos pesquisadores Michelangelo Anastassiades e Steven Lehotay. “Juntamente com Lehotay, que desenvolveu esse método, comecei a melhorá-lo”, conta Monteiro.

O pesquisador do IB explica que a análise de resíduos de contaminantes em alimentos envolve algumas fases: preparo da amostra, extração, purificação e a análise cromatográfica. No novo método que ajudou a desenvolver, a principal inovação é a automatização de parte destas etapas, com o uso de robôs, além do aperfeiçoamento de todo processo.

“No nosso caso, o método utiliza dois tipos de análises cromatográficas ao mesmo tempo, líquida e gasosa, os quais quantificam mais de 250 princípios ativos e, por isso, chamamos de megamétodo”, detalha Monteiro. De acordo com o especialista, isso permite que seja feita uma varredura bastante ampla, identificando vários resíduos químicos que possam estar presentes nos alimentos, desde pesticidas a drogas veterinárias e contaminantes ambientais.

“Conseguimos analisar tudo em um único método, o que, anteriormente, iria requerer diversas análises”, alega o especialista. “Isso diminui principalmente o tempo de análise e a mão-de-obra empregada até termos os resultados”, complementa.

Desenvolvido o método, o pesquisador do IB lembra que é preciso testá-lo para os diferentes tipos de alimentos (matrizes), a fim de comprovar sua eficiência para cada caso – a chamada validação. Em sua pesquisa, Monteiro trabalhou inicialmente com a carne bovina, levando em conta a importância que o mercado tem para o Brasil, 2° maior produtor mundial.

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Em seguida, ampliou a análise também para peixes. O objetivo, segundo Monteiro, era que o método abrangesse o máximo possível de compostos que fazem parte do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), solicitado internamente no país para controle de contaminantes em carne.

“Atualmente, temos que fazer vários tipos de análises para cobrir todos aqueles compostos que são exigidos”, agrega o pesquisador.

Os resultados obtidos foram bastante animadores, na opinião do pesquisador, e o QuEChERSER se mostrou eficaz para a análise de 85% dos 259 contaminantes testados – uma porcentagem significativa para metodologias do tipo multirresíduos. Com base na pesquisa, foram publicados dois artigos em revista científica internacional (acesse aqui e aqui, em inglês).

Como próximos passos, Monteiro diz que, em breve, devem ser publicados novos trabalhos, tratando da aplicação da metodologia a outros tipos de carnes.

Tecnologia para um alimento seguro

De acordo com o especialista, a análise de contaminantes em alimentos não é uma mera formalidade, mas algo que pode ter impacto direto na vida da população. “A análise de resíduos é importante principalmente para garantir que o alimento que você está consumindo é seguro, que os níveis de resíduos presentes estejam abaixo dos limites máximos de resíduos estabelecidos pelos órgãos fiscalizadores, nacionais e internacionais”, informa Monteiro.

No caso da carne bovina, elucida, é feita uma vistoria tanto para pesticidas – aplicados no combate a carrapatos, ingeridos através do milho na ração, ou até mesmo no pasto -, quanto para os antibióticos, que são ministrados para a saúde do animal. Além da saúde da população, esse tipo de análise é fundamental do ponto de vista econômico, em virtude das barreiras comerciais impostas à exportação de alimentos.

“Além de grande produtor, o Brasil é grande exportador de carne. Se os produtos exportados chegam com resíduos de contaminantes no país que importou, eles podem ser barrados e não conseguir entrar”, alerta Monteiro. Como consequência, são gerados entraves econômicos e acaba-se perdendo dinheiro, tanto por parte de quem está comercializando quanto pela não arrecadação de impostos, que deixam de retornar para a sociedade.

Como pontua o especialista, isso não é necessário apenas para a carne, mas para alimentos em geral. O Laboratório de Resíduos de Pesticidas do IB, onde Monteiro trabalha, realiza também análises destes contaminantes em frutas, verduras, legumes, cereais, leite e ovos (alimentos de origem vegetal e animal em geral), atendendo empresas, produtores rurais, exportadores e instituições acadêmicas.

O laboratório é acreditado para fazer as análises de resíduos de pesticidas pela norma NBR ISO/IEC 17025, que atesta que o serviço prestado é confiável, com reconhecimento internacional. “Estamos trabalhando para poder aumentar o nosso escopo, atendendo também as análises de antibióticos e contaminantes ambientais no monitoramento dos alimentos”, assegura o pesquisador.

Contando com equipe técnica altamente qualificada, em casos mais específicos, o Laboratório desenvolve ainda métodos de análise próprios visando atender as necessidades do cliente.

“Ainda não temos a tecnologia do QuEChERSER disponível no Brasil, mas estamos buscando, com o apoio do novo Secretário de Agricultura e Abastecimento, Itamar Borges, o qual visitou o laboratório há poucos dias, para que seja possível obter os equipamentos no futuro e utilizá-los em nossas pesquisas e prestação de serviços no IB”, finaliza Monteiro.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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