Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil dezembro 2020
A alta demanda mundial por grãos e a valorização do dólar resultaram em um aumento significativo das exportações de grãos, dos custos de produção de ração e consequentemente do custo alimentar de aves.
Apesar do aumento nos preços de venda, o aumento do custo de alimentação vem demandando mais capital de giro por parte das empresas e comprometendo suas margens de lucro.
O alicerce de uma empresa é o resultado zootécnico e, com a crescente valorização dos grãos devemos ter muita atenção sobre o custo alimentar.
O custo alimentar é o resultado entre:
custo médio da ração X conversão alimentar.
Este índice representa a maior parcela dentre os custos de produção, podendo chegar de 70 a 80% do custo total de produção de frango vivo. Diante disto, ações que possam reduzir o custo alimentar impactam fortemente nos resultados financeiros do negócio melhorando as margens obtidas.
A comunicação entre estes setores é vital na busca de redução de custos.
Porém, a disponibilidade em certas regiões aumenta muito a viabilidade de seu uso, trazendo reduções de custos interessantes sem que se tenha perda de resultados zootécnicos.
Para a tomada de decisão é importante avaliar premissas como:
qualidade deste insumo;
possibilidade de armazenamento e utilização na fábrica de rações, além do seu preço.
Aditivos Tecnológicos
Outra forma de redução de custos de ração é a utilização de aditivos tecnológicos que melhoram a eficiência de utilização dos nutrientes presentes nas rações pelos animais.
As enzimas como fitase, carboidrase e protease já são largamente utilizadas trazendo um bom resultado custo-benefício. Alguns produtos possuem estudos mostrando a possibilidade de uso de altas dosagens trazendo reduções de custo ainda mais interessantes, além de outros benefícios.
Saúde Intestinal
Inflamações intestinais demandam uma grande quantidade de energia e nutrientes que seriam utilizados para ganho de peso. Portanto, a manutenção da saúde intestinal é de grande importância para que se consiga a melhor conversão alimentar com os mesmos níveis nutricionais fornecidos.
Uma variável de grande impacto sobre a saúde intestinal é a qualidade da matéria prima. Portanto, a análise da qualidade das matérias primas no recebimento, com padrões bem definidos, evita a entrada de agressores aos epitélios intestinais.
Esta ação reduz a ocorrência de inflamações e trânsito rápido intestinal que drenam nutrientes que seriam utilizados para o crescimento e prejudicam a absorção dos mesmos.
As ações do setor de controle de qualidade como barreira de entrada de matéria prima fora dos padrões, realizando análises como classificação de grãos, análises de micotoxinas, análises de Acidez, Índice de Peróxidos e Rancidez em produtos de origem animal e gorduras, tem um tremendo impacto na garantia da saúde intestinal.
Outros Aditivos
Além disto, existem outros aditivos que auxiliam na manutenção da saúde intestinal, promovendo melhoria na conversão alimentar, mas é de fundamental importância verificar a relação custo-benefício destes produtos, avaliando seus trabalhos científicos e, se possível, realizando testes in loco dos mesmos.
Este volume de informações nos garante segurança numa decisão, ou mesmo numa reação pela mudança de fornecedor, ou região de captação de alguma matéria prima, garantindo o fornecimento constante dos nutrientes para as aves.
Composição
Outra possibilidade é a segregação de ingredientes por composição, por exemplo:
segregar uma matéria prima em que se tenha uma variação normalmente maior,
armazenando por faixas de composição em diferentes silos.
Com isto é possível montar uma matriz nutricional para cada silo.
Como exemplo podemos segregar diferentes farinhas de carne como:
baixa e alta proteína
Isto faz com que a variação dentro de uma classe seja reduzida e a matriz nutricional seja ainda mais precisa, possibilitando reduções das margens de segurança utilizadas na nutrição. Estas ações mantém os níveis nutricionais reais na ração mais estáveis reduzindo perdas.
Níveis nutricionais
Os níveis nutricionais utilizados influenciam tanto no custo da ração quanto na conversão alimentar. Desta forma, estão diretamente relacionados ao custo alimentar.
O nutricionista deve buscar sempre a ração que dê o melhor custo alimentar e maior lucro. Porém, este ponto de equilíbrio é dinâmico.
Com as variações de preço de matéria prima, às vezes é melhor investir um pouco mais na ração para que o ganho em desempenho seja maior. Já outras vezes o melhor é perder um pouco em desempenho e ter uma economia maior no custo de ração.
Não há um padrão e cada empresa possui suas particularidades e diferentes respostas às mudanças, visto que o resultado zootécnico também é fortemente influenciado por características específicas como:
Por isto, o indicado é a realização de testes e avaliação do custo final de produção para auxiliar na tomada de decisão
Há programas de modelagem animal no mercado que, abastecidos com as informações da empresa, possibilitam simular mudanças nos programas de nutrição e estimam um provável resultado, auxiliando na tomada de decisão ou direcionando os testes a serem realizados.
Alguns destes programas possibilitam a formulação com base em lucro máximo, necessitando que seja alimentado também com dados de frigorífico e preços de venda.
As perspectivas para o próximo ano são de que os custos de ração continuem altos. Assim como em outras áreas de produção, na nutrição toda a atenção deve ser direcionada a possíveis reduções de custo.
A redução do custo alimentar, principal custo na produção de frango de corte, deve ser mantida sempre no nosso foco e radar.
Seja pela:
melhorando a qualidade da mesma, ou
melhorando a saúde intestinal, ou
ajustando níveis nutricionais,
o constante estudo e exercício de possíveis mudanças podem trazer bons resultados às empresas, seja reduzindo o custo da dieta e ou melhorando os resultados zootécnicos do plantel.