05 abr 2023

Disponibilidade de grãos e carne cultivada abrem debates do 23º SBSA

A indústria de alimentação animal é a maior consumidora de grãos de milho e farelo de soja, um elo da […]

A indústria de alimentação animal é a maior consumidora de grãos de milho e farelo de soja, um elo da cadeia produtiva de proteína animal, modulada pela demanda doméstica e global. E a demanda mundial deve aumentar nas próximas décadas. Em 2050 a previsão é de que haja 10 milhões de pessoas no planeta e espera-se que o Brasil mantenha o abastecimento mundial de alimentos. Isso demandará mais insumos e matérias-primas para a produção animal.

A avaliação é do CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações)Ariovaldo Zani, que abriu a programação de palestras do 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA). Ele explanou sobre “Disponibilidade de grãos e alternativos”, durante o Bloco Mercado.

O Simpósio iniciou nesta terça-feira (4) e segue até quinta-feira (6), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC). Promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o Simpósio é realizado em formato híbrido, presencial para brasileiros e virtual para estrangeiros e brasileiros. Concomitantemente, acontecem presencialmente a 14ª Brasil Sul Poultry Fair e a Granja do Futuro.

O milho e a soja são os dois grãos básicos da avicultura, mas as oscilações na produção e a dinâmica de preços têm impactado a cadeia produtiva de aves. Buscando soluções, discute-se o uso de cereais alternativos na formulação de rações. Além disso, os consumidores têm novas exigências, como preservação do meio ambiente, bem-estar animal e produtos seguros para consumo, fatores que são inflacionários para a produção, já que exigem investimentos da indústria.

            Zani destacou que além de abastecer o mercado interno, o milho e a soja são commodities exportadas e cujo preço varia de acordo com o câmbio. Outra questão abordada por ele é a produção de energias renováveis com os grãos, o que, de certa forma, compete com a produção animal no que se refere à disponibilidade de insumos.

“Se levarmos em consideração os números atuais, a partir de 2024 deve haver um déficit em farelo de soja. Por isso, temos que fomentar, na medida do possível, a produção de outras culturas, como cereais de inverno. Temos conhecimento e área para produção”, destacou o palestrante.

            O presidente do Sindirações comentou que o trigo, o triguilho, a cevada e o centeio são encarados como alternativos. “Porém, são verdadeiros cereais como o milho, muito embora geralmente exijam adição de gordura vegetal”, frisou. Zani destacou alguns aspectos que devem ser considerados ao se levar em consideração aumentar a produção desses cereais. Um deles é o layout das fábricas de rações, que é configurado para uso do milho no tocante ao recebimento, classificação, armazenagem, dosagem, moagem etc.

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“A infraestrutura adequada para processamento e armazenamento é fator crítico de sucesso para a manutenção de qualidade, inclusive o tempo de armazenamento afeta sobremaneira o valor nutricional do trigo”, alertou, ao acrescentar que se deve levar em consideração também o valor nutricional e econômico dos cereais, entre eles digestibilidade, adequado processamento e impactos no processo de produção e na performance animal.

            “Tanto o agricultor que produz os grãos quanto a pecuária que consome precisam continuar discutindo o tema, estar alerta e planejar. É preciso entender para onde está correndo a indústria de proteína animal para saber que rumo seguir”, concluiu Zani.

CARNE CULTIVADA

A segunda palestra do primeiro dia do 23º SBSA foi com a médica veterinária Ana Paula Almeida Bastos, que explanou sobre o tema “Inovações no setor de carnes sintéticas: É o futuro?”. Ana é doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, tem pós-doutorado na Universidade de São Paulo e Universidade de Brasília e é pesquisadora de Imunologia da Embrapa Suínos e Aves desde 2014.

Ela apresentou informações sobre o que é de fato a tecnologia da carne cultivada, onde está inserida, em que nível de maturação tecnológica se encontra o Brasil e o mundo e qual seria o potencial consumidor dela. Também desmistificou alguns mitos, como: a carne cultivada veio para substituir a carne convencional. De acordo com Ana, trata-se de um produto a mais que vem para o mercado, que o consumidor pode escolher e um produto que não é para veganos, vegetarianos, mas para quem consome proteína animal.

            A palestrante explicou que a carne cultivada faz parte de um grupo de proteínas alternativas. “Você coleta a célula de animais vivos e também é possível coletar por meio de ovos férteis. Essas células são cultivadas num ambiente laboratorial, controlado, inerte, o que diminui bastante o risco de contaminação microbiológica. A partir dessa tecnologia do cultivo de células animais é que se obtém um produto final”.

            De acordo com a médica veterinária, a tecnologia não é nova, pois já se falava da possibilidade de carne cultivada em 1930. Atualmente, as pesquisas avançam em todo o mundo. O primeiro hambúrguer de carne sintética foi produzido em 2013 e, desde lá, gigantes da agroindústria estão de olho nesse segmento, sendo que alguns países já liberaram a carne produzida em laboratório para consumo humano.

As possibilidades de formulações de novos produtos são diversas porque não, necessariamente, a carne cultivada tem que mimetizar ou produzir de forma análoga a algo que existe. “Isso dá possibilidade de criar produtos novos. Nada impede de criar um produto com células de frango e de bovinos, por exemplo. Então, o interessante desse produto é que você pode trazer novos sabores e algo diferente do que existe”, finalizou Ana.

Fonte: Assessoria de Imprensa

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