Efeito do probiótico GalliPro® MS na redução de pododermatite em frango de corte 

O consumo de patas/pés de frango é uma prática gastronômica popular e faz parte da cultura de alguns países da Ásia.

Além de ser considerado uma iguaria na culinária as patas de frango são valorizadas por sua riqueza em colágeno, que é considerado benéfico para a saúde da pele e das articulações de seus consumidores.

A crescente demanda asiática impulsiona a produção e exportação do produto, inclusive no Brasil. No entanto, a incidência de pododermatite, ou calo de pata, surge como o principal obstáculo para a exportação.

 A gravidade das lesões pode resultar em desvalorização ou mesmo no descarte integral do produto, destacando a urgência na identificação e prevenção das causas dessa condição. 

A pododermatite em frango de corte foi inicialmente registrada na década de 1980 (Amer, 2020), e manifesta-se com inflamação no coxim plantar, afetando os coxins digitais das aves (COOPER; HARRISON, 1999; SAIF, 2005).

Em situações mais graves, podem surgir úlceras profundas, abscessos e espessamento de tecidos, impactando no ganho de peso devido à redução do consumo de ração causada pela dor (SHEPHERD; FAIRCHILD, 2010).

Os índices de pododermatite em frangos de corte variam entre 15% e 81% (LIMA et al., 2013). Importante destacar que as causas são multifatoriais, abrangendo fatores como:

• Práticas de manejo,
• Genética das aves,
• Condições ambientais,
• Umidade na cama do aviário,
• Estresse,
• Supressão imunológica,
• Possíveis traumas e
• Deficiências nutricionais (HARNS et al., 1977; GREENE et al., 1985; MARTRENCHAR et al., 1997; NUNES et , 2013).

A presença de amônia (NH3) também exerce considerável influência nos níveis de pododermatite.

O NH3 é produzido como resultado da decomposição bacteriana de compostos ricos em nitrogênio, como proteínas e ácido úrico, e sob condições ideais de temperatura, umidade e pH, torna-se volátil (LAVERGNE et al., 2006).

Níveis de amônia (NH3) de até 10 ppm pode prejudicar o desempenho e a imunidade das aves, tornando-as mais suscetíveis a infecções respiratórias (KESTIN; SORENSEN, 1999; BILGILI et al., 2009).

Contudo, quando os níveis de amônia ultrapassam os 10 ppm, causam irritação grave no trato respiratório e na pele das aves,  resultando em pododermatite, queimaduras no jarrete e lesões no peito (MARTRENCHAR et al., 2002). 

Segundo Catalan et al. (2014), a densidade de aves alojadas é outro fator importante para o surgimento do problema, indicando que quanto maior o número de aves por metro quadrado, maior é o percentual de ocorrência de pododermatite. 

Isso ocorre devido ao aumento da excreção de urina e fezes e à maior pressão sobre a cama, o que pode compactá-la e deixá-la úmida (MENZIES et al., 1997; DAWKINS et al., 2004; DOZIER et al., 2005).

Recentemente a Chr. Hansen em parceria com o Departamento de Produção Animal e Medicina Veterinária Preventiva da FMVZ/UNESP demostrou através de um experimento que a utilização do probiótico GalliPro®MS gerou um efeito benéfico na redução dos índices de pododermatite em frangos de corte.

O estudo em questão analisou o efeito de quatro diferentes tratamentos em frangos de corte.

• T1 recebeu um promotor de crescimento,
• T2 foi suplementado com o probiótico GalliPro®MS,
• T3 recebeu o probiótico B e
• T4 foi designado controle negativo, recebendo apenas a ração.

Os resultados da tabela 1 indicam que 36,51% das aves suplementadas com GalliPro®MS não apresentaram nenhuma lesão de pododermatite, representando uma diferença de 15,27% em relação ao grupo que obteve o segundo melhor resultado.

Também ficou evidente que o grupo suplementado com GalliPro®MS apresentou menor incidência de casos graves de pododermatite (33,33%, escore 2) em comparação com os demais grupos.

Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento do calo de pata mencionados anteriormente, destaca-se a amônia, que favorece o surgimento da lesão, além de causar irritação no trato respiratório e na pele, conforme descrito por Broom & Reefmann (2005) e Martrenchar et al. (2002).

No mesmo em discussão, os teores de amônio (NH4+) e N (nitrogênio) também foram mensurados de acordo com o gráfico a 1 e 2.

O grupo tratado com GalliPro^® MS apresentou menores níveis de amônio (NH4+) e nitrogênio (N).

De acordo com Kaoud (2013) o ácido úrico e o nitrogênio nas excretas das aves são convertidos em amônio pelos microrganismos da cama. O amônio, em condições de umidade e temperatura será convertida em amônia (NH3).

O GalliPro^® MS é uma associação probiótica de duas cepas, sendo um Bacillus subtilis e um Bacillus licheniformes que atuam de forma sinérgica no trato gastrintestinal da ave. Dentre as características do produto e a relação de benéficos, vale destacar a capacidade de produzir enzimas.

Por fim, podemos concluir que o GalliPro^® MS exerceu efeito significativo na redução na redução dos índices de calo de pata em frangos de corte.