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Eficiência no Processamento de Carne de Frango

Escrito por: Khauston Augusto Pereira Alves - Universidade Cesumar, Maringá, PR, Brasil. , Lucas Bocchini Rodrigues Alves - Departamento de Patologia, Reprodução e Saúde Única - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, SP, Brasil (Unesp-FCAV). , Marcela da Silva Rubio - Departamento de Patologia Veterinária - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, SP, Brasil (Unesp-FCAV); , Marita Vedovelli Cardozo - Departamento de Patologia Veterinária - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, SP, Brasil (Unesp-FCAV); , Ricardo Cavani - Departamento de Patologia Veterinária - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, SP, Brasil (Unesp-FCAV);
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Eficiência processamento OEE
Eficiência processamento OEE

Eficiência no Processamento de Carne de Frango

Os avanços tecnológicos, a dinâmica variável do mercado e a alta competitividade entre as corporações tem estimulado as organizações a melhorarem continuamente seus processos para a sustentabilidade do negócio.

Dessa forma, a gestão da eficiência dos processos produtivos permite a identificação e a resolução dos problemas para eliminar perdas e desperdícios (RAPOSO, 2011).

Um dos indicadores mais utilizados nas indústrias para a avaliação de eficiência (o mapeamento das perdas produtivas e a identificação de oportunidades de melhoria) é conhecido como Eficiência Geral do Equipamento (OEE – Overall Equipment Effectiveness) (AMINUDDIN et al., 2015).

Também conhecido como Eficiência Total do Equipamento ou Máquina, o OEE foi criado pelo engenheiro Japonês Seiichi Nakagima em 1982 e é uma das principais partes do TPM (Manutenção Produtiva Total).

A aplicação da metodologia do OEE desempenha a função de um indicador de desempenho global, envolvendo 3 fatores que impactam na produtividade de um processo (VINHA; MOTA, 2014):

DISPONIBILIDADE

Neste fator estão refletidos os fenômenos que afetam a disponibilidade dos equipamentos e, consequentemente, interrompem uma linha de produção. Em geral, contempla-se:

Os principais motivos que impactam o fator de disponibilidade nos abatedouros são:

Falhas operacionais de processo

Falta de recursos para viabilizar as linhas de produção, tais como faltas de insumos e matéria-prima e

Quebras de equipamentos

Hansen (2006) descreve que muitos dos custos de produção estão ligados às perdas no processo. Com isso, o OEE auxilia na identificação destas despesas que muitas das vezes estão ocultas.

Em 2020 e 2021, a indústria deixou de abater uma média aproximada de 76 milhões de aves por ano devido às paradas de produção relacionadas à disponibilidade (Figura 1).

Figura 1. Paradas de abate por indisponibilidade nos anos de 2020 e 2021.

De acordo com Reyes (2021), a maior parte das falhas operacionais nas organizações estão fortemente relacionadas aos fatores ambientais e também à ausência, ou incompreensão dos procedimentos formalizados na organização, como é proposto pela teoria da Gestão da Qualidade Total.

Dessa forma, as empresas devem se atentar ao desenvolvimento das pessoas envolvidas no processo para que as mesmas atinjam maturidade suficiente para gerir as atividades e acompanhar o crescimento do negócio.

Na falta de recursos, a matéria-prima é um dos fatores que mais impactam na eficiência. Esse fato se deve a uma menor capacidade de alojamento de aves no campo, do que a capacidade de abate que hoje as fábricas possuem.

Eficiência no Processamento de Carne de Frango

Segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a agroindústria está em constante avanço tecnológico, o que muito contribui para o desenvolvimento do ramo, mas demanda investimentos e readequações constantes nos aviários, limitando os produtores a adequarem suas estruturas para atender a demanda industrial.

Principais motivos de paradas de processo por quebras de equipamento em 2020 e 2021:

Nóreas representaram 27%

Túnel de congelamento contínuo representou 12%

Transferidor de aves e esteiras transportadoras representaram 11%

Figura 2. Perdas por paradas de abate devido a quebras de equipamentos entre 2020 e 2021.

O aperfeiçoamento da gestão da manutenção permite também um aumento na eficiência operacional uma vez que a baixa performance dos equipamentos piora a qualidade do produto e reduz a produtividade.

Definir consistentemente as estratégias de manutenção, aumenta a confiabilidade das máquinas e também, por consequência, a disponibilidade (GONÇALVES JR; RIBEIRO e FRANCO, 2015).

DESEMPENHO

Toda linha de manufatura possui uma capacidade máxima que está relacionada ao tempo do que é produzido na linha.

O índice de desempenho nada mais é que a porcentagem da velocidade de produção atual em relação à velocidade com que os equipamentos do processo foram projetados.

Principais perdas que afetam o desempenho envolvem, principalmente:

Reduções de velocidade de abate por problemas de qualidade de carcaças,
Reduções por ausência de pessoas no processo por afastamento de colaboradores com sintomas de COVID-19, e as pessoas do grupo de risco.

Eficiência no Processamento de Carne de Frango

Em 2020, estima-se que as ineficiências de abate por desempenho representaram uma perda produtiva de cerca de 40 milhões de aves. Já em 2021, totalizou cerca 24 milhões de aves até o fechamento do terceiro trimestre.

Figura 3. Impactos de paradas de abate no desempenho entre 2020 e 2021.

Os problemas com qualidade de carcaças estão relacionados ao manejo inadequado das aves vivas durante todo o processo agropecuário, incluindo o transporte e as etapas de pré-abate na indústria (Costa & Chiquitelli Neto, 2003).

Economicamente, essas reduções de velocidade geram perdas de abate, visto que a fábrica passa a operar abaixo de sua capacidade máxima.

De acordo com comunicado divulgado pelas Academias Francesas de Medicina Veterinária e de Medicina, surtos de COVID-19 desde o início da pandemia em 2020 foram registrados entre os trabalhadores de frigoríficos, especialmente aves e suínos de vários países, incluindo:

França, Alemanha, Holanda, Irlanda, Austrália, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Brasil.

A qualidade da carcaça é fator determinante para os índices de condenações pelo serviço de inspeção no abatedouro e, em casos de má qualidade, as linhas de abate podem ser reduzidas para possibilitar o processamento adequado das mesmas.

Com o avanço dos casos de COVID-19 entre os trabalhadores de frigoríficos brasileiros, os Ministérios da Economia (ME), Saúde (MS), e Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicaram o manual “Orientações Gerais para Frigoríficos em razão da Pandemia da COVID-19”, contendo uma série de medidas aos empregadores e aos trabalhadores a fim de prevenir e diminuir a transmissão do vírus SARS-CoV-2 nos ambientes de trabalho.

O objetivo é manter:

Normalidade do abastecimento de alimentos seguros à população

Empregos

Atividade econômica do setor

Após aplicação das orientações ministeriais nas fábricas e também com o aumento da vacinação contra COVID-19 no Brasil, o percentual de ineficiência produtiva por esse motivo reduziu de 37,5% em 2020 para 3,4% em 2021.

QUALIDADE

Os produtos gerados nas indústrias seguem vários parâmetros e padrões previamente definidos pela empresa e clientes. Se, por algum motivo não atingirem tais padrões esperados, são considerados como perdas ou refugos.

Dessa forma, os problemas de qualidade estão relacionados a reduções produtivas para atender os padrões de produtos.

Eficiência no Processamento de Carne de Frango

Em 2020, as perdas por motivos de qualidade impactaram em 2,8% na produção, reduzindo cerca de 3 milhões de aves no ano.

em 2021, atingiu o índice de 4% com uma perda de volume estimada em 5 milhões de aves até o fechamento do último trimestre.

Em geral, esses impactos estão associados às perdas de produção por má qualidade de embalagens e insumos, o que exige retrabalhos para atender os padrões.

COMO CALCULAR O OEE?

Hansen (2006) afirma que atingir índices de Disponibilidade, Qualidade e Desempenho de 90%, 95% e 99%, respectivamente, permite-se obter um bom valor para fabricação típica de 85% (Figura 4). Se estes valores estiverem em equilíbrio, a organização apresenta bom rendimento.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de abate de aves no Brasil teve aumento de 1,2% ao comparar os dados obtidos no segundo trimestre de 2020 e de 2021.

Um dos motivos desse aumento está relacionado ao melhora dos índices de eficiência nos abatedouros.

Figura 4. Relação entre os índices de Disponibilidade, Qualidade e Desempenho para atingir valor mínimo ideal de 85% de OEE.

Na Figura 5 foram compilados os índices de OEE entre os anos de 2020 e 2021, relativos a 30 abatedouros de aves, distribuídos em 9 diferentes estados brasileiros. Os processos avaliados tiveram evolução de 1,7% do ano passado para o atual.

Figura 5. Evolução da eficiência produtiva de 30 abatedouros de aves.

Apesar do notório crescimento produtivo, as indústrias ainda enfrentam grandes desafios que prejudicam as entregas de produção.

Na Figura 6 foram compilados os resultados percentuais de paradas de produção entre os anos de 2020 e 2021 e mostram o impacto de cada fator na eficiência de produção.

Figura 6. Impactos do Desempenho, Disponibilidade e Qualidade no OEE de 30 abatedouros de aves nos anos de 2020 e 2021.

As paradas de produção relacionadas à disponibilidade compreendem cerca de 73% dos casos em 2021, seguido por motivos de desempenho (26% do tempo parado) e, por último, 1% referentes a problemas de qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com projeções do MAPA, o consumo mundial de carne de frango deve ter um aumento de 27,6% até o ano de 2030.

Com esse cenário próspero, aumentam os desafios da agroindústria para se preparar e atender essa demanda de consumo.

Portanto, a boa eficiência de produção será determinante para a sustentabilidade do negócio.
Certamente, as indústrias que hoje utilizam o OEE como indicador de performance de produção terão maiores condições de identificar suas fragilidades e serão mais assertivas nas ações estratégicas, para eliminar as causas de interrupções de processos e gargalos de produção.

Além de tudo, outros benefícios podem ser oferecidos:

Ganho de 1% no OEE pode representar aumento de 3% a 7% no resultado financeiro;

Aumento de uso dos ativos instalados;

Melhor gestão de custos operacionais;

Eficiência no Processamento de Carne de Frango

Aumento na confiabilidade da fábrica;

Redução dos custos de manutenção;

Melhores índices de qualidade de produto;

Redução de desperdícios, refugos e retrabalhos.

Durante o processo de produção sempre haverá alguma restrição e o OEE deve ser aplicado nos gargalos que afetam a linha de manufatura.

Desta forma, sua aplicação é benéfica para todas as etapas do processo e isso só reforça a importância da gestão deste indicador na rotina para identificar oportunidades de redução de perdas nos abatedouros.

Referências sob consulta junto aos autores.

 

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