A enterite necrótica é uma doençaamplamente difundida e economicamente significativa, ocasionada pela proliferação da bactéria Clostridium perfringens, associada e desencadeada por protozoários do gênero Eimeria, que preliminarmente causam acoccidiose (Figura 1). Esta doença é disseminada em todo o mundo e o mercado de produção animal gasta milhões de dólares por ano para controlá-la. Modernas ferramentas relacionadas à biologia molecular e imunologia têm sido utilizadas para ampliar o conhecimento sobre esses patógenos e suas consequências, na tentativa de desenvolver meios cada vez mais eficientes para controlar a coccidiose e como consequência a enterite necrótica.
Figura 1. Ciclo da coccidiose e enterite necrótica
Os danos causados pela coccidiose e enterite necrótica ao organismo são conhecidos, e pesquisas recentes mostram que diversas alterações intermediárias ao metabolismo de aminoácidos e energia também ocorrem, o que reforça a importância no controle da doença.
A microbiota intestinal dos animaisalém de modular vários processos fisiológicos, incluindo uma resposta imune protetora, nutrição, metabolismo, e exclusão de patógenos, pode alterar a fisiopatologia de doenças parasitárias conferindo resistência ou promover infecções parasitárias entéricas. As bactérias naturais do intestino atuam como adjuvantes moleculares que fornecem imunoestimulação indireta ajudando o organismo a se defender das infecções parasitárias.
Um estudo recente realizado por Huang et. al (2018), reportou que a infecção por Eimeira aumentou significativamente a quantidade de bactérias patogênicas e reduziu Lactobacillus e Ruminococcus, que são consideradas benéficas para o organismo.
Considerando que frangos de corte possuem um rápido ciclo de criação, a atenção para o risco de infecções deve ser multiplicada e a prática de medidas preventivas se torna uma ferramenta indispensável, uma vez que a coccidiose pode ocorrer a qualquer momento e, caso não controlada adequadamente, resultar em grandes prejuízos na produção.
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No mercado atual existem métodos de prevenção como as vacinas (atenuadas e virulentas) e os anticoccidianos na ração, que possuem atividade antibacteriana (sintéticos e ionóforos glicosídeos) ou não bacteriana (ionóforos mono e divalentes). No entanto, o uso destes anticoccidianos ionóforos na produção animal têm sido questionada e sua restrição já é realidade em alguns mercados. Desta forma, é indispensável um plano rigoroso de manejo, sanidade e nutrição, associado à compostos alternativos suplementados às dietas que visem à melhora da integridade intestinal e modulação de respostas do sistema imune, o que fará com que os animais respondam melhor à proliferação da Eimeira.
O ImmunoWall® é uma das soluções que pode ajudar no programa de controle de patógenos, uma vez que é uma solução natural que ajuda na redução da contaminação e prevenção do problema. Fundamentado neste conceito, o ImmunoWall®se sobressai aos demais produtos por ser um composto de densa parede celular de Saccharomyces cerevisiae com altas concentrações de β-Glucanas e MOS, resultando em um aditivo com garantia de resultados e ótimo custo/benefício (Figura 2).
O MOS é capaz de aglutinar bactérias patogênicas como E. coli e Salmonella, impedindo a colonização e proliferação destas populações no intestino. As β-Glucanas agem estimulando a produção e a atividade dos macrófagos, que são células de defesa de importante papel no sistema imunológico, capazes de fagocitar e destruir os microrganismos. Assim, a suplementação de ImmunoWall® assegura que as aves mantenham o equilíbrio da microbiota intestinal e melhorem as respostas do sistema imune, resultando na diminuição da contaminação e da translocação das bactérias patogênicas à outros órgãos do corpo.
Figura 2. Modos de ação do ImmunoWall®
Um estudo (dados não publicados) realizado no Southern Poultry Research (Athens, GA, EUA) pelo Prof. Dr. Charles Hofacre em 2013, foi conduzido com pintinhos de 1 dia de idade (início tratamentos dietéticos) que foram contaminados aos 14 dias com 5.000 oocistos de Eimeria maxima e aos 19, 20 e 21 dias de idade com 1x108 UFC de Clostridium perfringens por ave. Nenhum coccidiostático foi utilizado na ração e não foi administrada vacina contra coccidiose. Os resultados mostraram a eficácia na redução do escore de lesão intestinal e mortalidade nos grupos suplementados com ImmunoWall® (0,5 kg/ton até 28 dias do experimento). O grupo com as aves desafiadas e não tratadas com nenhum aditivo ou AGP, tiveram uma mortalidade de 44% e um escore de lesão de 0,575. As aves tratadas com Virginamicina (20 g/ton) tiveram uma redução de 68% em mortalidade e 35% no escore de lesão em relação ao grupo controle; já o grupo suplementado com ImmunoWall®, apresentou uma redução de 75% em mortalidade e 15% em escore de lesão (Tabela 1).
Tabela 1. Escore de enterite necrótica e mortalidade de frangos desafiados com Eimeria máxima e Clostridium perfringens.
Resultados de escore de enterite necrótica (NE) aos 21 dias (a pontuação foi baseada em um escore de 0 a 3, com 0 sendo normal e 3 sendo o mais grave). A mortalidade foi verificada aos 28 dias de idade. 1AGP: Aves infectadas, 20 g/t de Virginiamicina. 2IMW: Aves infectadas, 0,5 kg/t de ImmunoWall®. Exceto para o Tratamento 1, todas as aves foram desafiadas com ~5.000 oocistos de Eimeria maxima aos 14 dias e com 1x108 UFC por ave de Clostridium perfringens aos 19, 20 e 21 dias. Pesquisa conduzida na Southern Poultry Research, Athens, GA, EUA
Outro estudo recentemente realizado por Beirão et al. (2018), analisou o efeito do ImmunoWall® sobre a integridade intestinal de frangos de corte. Aos dois dias de idade as aves foram submetidas a um desafio com Salmonella Enteritidis via oral na dosagem de 108 UFC por ave e foram alimentadas com dietas suplementadas com ImmunoWall® (0,5 kg/ton). Os resultados mostraram que aos quatro dias (dois dias pós-infecção) ImmunoWall® reduziu a passagem do marcador para o sangue no grupo desafiado, indicando que o produto melhorou a integridade intestinal.
Gráfico 2. Permeabilidade intestinal de frangos desafiados com Salmonella Enteritidis aos 4 dias de idade.
Tratamentos: Controle+SE: Controle, com desafio; IMW: Sem desafio, tratados com 0,5 kg/ton ImmunoWall®; Controle: Controle, sem desafio; IMW+SE: com desafio, tratados com 0,5 kg/ton ImmunoWall®. Avaliação da integridade (permeabilidade) intestinal. Valores mais altos indicam maior permeabilidade, o que é indicativo de menor integridade da mucosa. Relevância estatística está indicada por letras diferentes sobre cada grupo. Diferenças indicadas foram calculadas por análise de variância de uma via (one-way ANOVA) com teste de comparações múltiplas de Tukey (P < 0,05).
A microbiota intestinal é importante para a homeostase intestinal e as respostas do hospedeiro aos patógenos entéricos, e a compreensão de como as bactérias respondem à infecção deve ampliar nossa visão das doenças infecciosas. A análise do microbioma foi realizada em um estudo e os resultados mostraram que a suplementação com ImmunoWall® alterou a população da microbiota. Aos 14 e 21 dias de idade dos frangos foram encontrados gêneros marcantes, dentre eles o Ruminococccus torques e Lactobacillus. O Ruminococccus torques possui função mucolítica e está correlacionado com melhor produtividade em frangos (TOROK et al., 2011). O Lactobacillus possui dentre suas funções a produção de ácidos graxos de cadeia curta e bacteriocinas que impedem o crescimento de patógenos. Como citado anteriormente, a infecção por Eimeria reduz a quantidade de ambos os gêneros, o que reforça o uso de ImmunoWall® como uma solução preventiva e benéfica no controle da coccidiose.
Assim sendo, quanto mais eficiente um plano de controle para coccidiose, melhor a qualidade entérica, equilíbrio da microbiota e resposta imune. ImmunoWall®, além de ser um aditivo natural, é uma solução viável para melhorar a saúde intestinal e a segurança alimentar em baixas dosagens, resultando em um excelente custo/benefício.
Referências
BEIRÃO B. C. B., BONATO M. A., BORGES L. L., BARBALHO R. L. C. Yeast cell wall immunomodulatory and intestinal integrity effects on broilers challenged with Salmonella Enteritidis. In: 2018 PSA Annual Meeting. San Antonio-Texas, USA. Proceedings…. 2018.
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HOFACRE C., B.S. LUMPKINS;, G.F. MATHIS; LOHRMANN. Efeito do ImmunoWall® e Hilyses sobre o desempenho e lesões do trato gastrointestinal de aves infectadas por Eimeria spp. e Clostridium perfringens. Dados não publicados.
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LILLEHOJ H. S., LILLEHOJ E. P. Avian coccidiosis. A review of acquired intestinal immunity and vaccination strategies. Avian Dis. 44: 408-425. 2000.
TOROK, V.A., et al. Identification and Characterization of Potential Performance-Related Gut Microbiotas in Broiler Chickens across Various Feeding Trials. Appl. Environ. Microbiol. 77, 5868–5878. 2011.
ZHOUC.X., et al. Metabolomic profiling of mice serum during toxoplasmosis progression using liquid chromatography-mass spectrometry. Sci Rep 6:19557. 2016.