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De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, entende-se por inocuidade dos alimentos a sua qualidade em termos microbiológicos, físicos, químicos e sensoriais.
A exigência por qualidade – traduzida em barreiras sanitárias cada vez mais rigorosas não só no Oriente Médio, mas em outros continentes – aumenta, na mesma medida em que se intensificam as exportações de alimentos entre os países.
Nenhuma nação deseja importar um alimento que não seja seguro e que coloque sua população em risco.
É justamente esta exigência que vem colocando o alimento Halal – permitido para o consumo por muçulmanos – em destaque. Se antes se tratava, exclusivamente, de um critério religioso, atualmente, é um atestado de segurança para os alimentos em geral.
Entendendo o Halal
Na prática, um alimento é considerado Halal quando, em todo o seu processo produtivo, contou com matérias-primas, processos, mão de obra e embalagens que não trazem qualquer prejuízo à saúde das pessoas.
Para obter a certificação Halal, um produto precisa seguir algumas etapas;
Durante estes três processos, são verificadas as matérias-primas e auxiliares de processo utilizados na fabricação do produto.
Algumas matérias-primas e insumos não são permitidos pela lei islâmica como, por exemplo:
bebidas alcoólicas;
insetos;
sangue;
derivados de seres humanos;
carne e derivados de animais que não são provenientes do abate Halal.
Também não pode receber o certificado um produto que afeta a saúde humana, prejudica o solo e compromete os recursos naturais, ou que utiliza, por exemplo, mão de obra escrava ou infantil em seu processamento.
É igualmente importante, para obter a certificação Halal, o fato de a empresa destinar parte de seus lucros para promover benefícios sociais e ao meio ambiente.
Passadas estas etapas, um Comitê de Certificação avalia todas as informações coletadas e as analisa com bastante rigor.
Servem de base:
Só após a aprovação do Comitê é que o certificado é emitido.
O abate Halal
Conforme citado anteriormente, em se tratando de proteína animal, o processo de certificação Halal exige que o abate seja feito de forma especial.
A frase “Em nome de Deus, Deus é maior! (Bismillah Allahu Akbar)” tem de ser invocada durante o abate. É uma maneira de agradecer pelo alimento enviado por Deus, pedindo perdão, já que os animais são sacrificados para garantir o sustento alimentar do ser humano e não por diversão ou sadismo.
O abate Halal deve ser feito de forma rápida, para que o animal não sofra. Com a degola no sistema Halal, o fluxo de sangue que iria para o cérebro é interrompido imediatamente, causando a morte instantânea o que diminui significativamente a liberação de toxinas na corrente sanguínea, que altera a cor e a consistência da carne.
Quem quiser exportar alimentos para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Omã, Catar, Kwuait e Iêmen – sete, dos quinze países do Oriente Médio – precisa atender aos requisitos do GSO (Gulf Standard Organization), órgão reconhecido por autoridades religiosas islâmicas mundiais que definiu os critérios técnicos e sanitários que um produto deve cumprir para ser comercializado nestas nações. Quem conduz o processo de acreditação da certificação Halal nestes países é o GAC, Centro de Acreditação do Golfo.
As normas que regulamentam os produtos Halal são a GSO 2055-1/2015 e a GSO 993/2015. Este conjunto de regras traz orientações específicas para proteína animal (GSO/CAC/RCP58, Code of higienic practice for meat) e outras relativas à higiene com os alimentos (GSO 1694, General Principles of food).
De acordo com dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, o Brasil é o terceiro maior parceiro comercial dos países árabes, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Somente no ano passado, o bloco comprou mais de US$ 12,2 bilhões de produtos brasileiros, uma alta de 6,3% em relação a 2018. A pauta de exportações foi liderada por frango, açúcar, minério de ferro, carne bovina e grãos.
Frango Halal
O Brasil segue como líder mundial quando o assunto é frango Halal. Em 2019, as vendas de frango subiram 6,41%, atingindo a cifra de US$ 2,378 bilhões. Já a carne bovina gerou US$ 1,168 bilhão, alta de 2,65%.
O mercado islâmico reúne, atualmente, quase 2 bilhões de pessoas. Mas se considerarmos que o alimento Halal vem despertando o interesse daqueles que procuram alimentos seguros, podemos afirmar que este contingente de consumidores pode ser ainda maior.
Bom para o Brasil que pode turbinar sua economia e gerar mais empregos no segmento Halal. Bom para os consumidores que inseriram em sua vida o conceito de saudabilidade: pessoas que buscam alimentos saudáveis para viver com mais saúde e qualidade de vida.