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Expectativas para Avicultura e Suinocultura são de acomodação de custos, crescimento de produção e de exportações

Escrito por: Priscila Beck
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Carlos Cogo

As expectativas para o setor de aves e suínos são de acomodação dos custos de produção e crescimento, tanto na produção, como nas exportações, segundo avaliação do consultor Carlos Cogo. As perspectivas foram passadas pelo Especialista em Análise de Mercados, no último dia 18/5, durante Live no Instagram da aviNews Brasil.

Segundo ele, nos últimos 12 meses, produzir frango vivo ficou cerca de 23,4% mais caro, enquanto a produção de suínos vivos encareceu 27,4%. Entre 75% e 78% dos custos de produção de aves e suínos são representados pela ração, cuja composição é 70% milho.

Responsável pelo recorde histórico das exportações do agronegócio brasileiro no mês de abril, a soja apresentou um crescimento de 33% no volume exportado entre janeiro e abril. Já foram negociados 77% da safra brasileira de 2020 do grão e 38% da safra 2021, o que significa oferta extremamente apertada no mercado brasileiro.

Quanto ao milho, cujos preços atingiram níveis recordes no primeiro trimestre de 2020, começa a sobrar no mercado. Nos Estados Unidos, maior exportador mundial do grão, entre 40% e 43% do milho são destinados à produção do etanol, que perde competitividade ante os baixos preços do petróleo. Além disso, as projeções são de safra recorde no país norte-americano em 2020/2021.

“Como já ocorreu em 2016, quando o milho brasileiro deixou de ser competitivo porque houve uma quebra na safra, hoje nós estamos caros em dólares de novo porque o nosso preço interior chegou a patamares muito altos”, salientou Cogo. “A gente pode realmente pensar num patamar de maior estabilidade no preço do milho, com chance de uma curva de queda gradual adentrando o segundo semestre de 2020 e persistindo por 2021”, completou.

As perspectivas foram passadas por Carlos Cogo, no último dia 18/5, durante Live no Instagram da aviNews Brasil

Produção e Exportação

As projeções da Cogo Inteligência em Agronegócio são de aumento entre 4% e 5% para a produção de carne de frango e entre 6% e 7% para as exportações (4,5 milhões de toneladas). Para a carne suína, as projeções da empresa de consultoria são de crescimento entre 4% e 5% para a produção e cerca de 15% para as exportações (cerca de 1 milhão de toneladas).

“Na carne suína, que já vem num ritmo muito acelerado, seria um recorde histórico”, salientou Carlos Cogo. O especialista lembrou que, no primeiro quadrimestre de 2020, quando diversos problemas logísticos se apresentaram no mundo todo devido à pandemia da COVID-19, as exportações brasileiras dessas proteínas já foram muito bem.

“Nós estamos exatamente no momento de retomada das atividades econômicas, ainda que de forma lenta e gradual, e já é suficiente para vermos um ritmo mais acelerado das exportações”, afirmou Cogo. “Imagina nos próximos dois quadrimestres, quando as coisas estarão bem mais descomplicadas em termos de logística”, ponderou.

O consultor lembrou ainda que a China, que abateu pelo menos 300 milhões de cabeças de suínos pela Peste Suína Africana, ainda está envolvida com esta enfermidade, assim como a Gripe Aviária e os resquícios da COVID-19, que atrapalhou os planos de restituição da indústria e das granjas. “É fato que não há um horizonte de que a China contorne esse problema de escassez de proteína no mercado interno”, observou Cogo.

Plano Safra

Perguntado sobre a recuperação do mercado internado, Carlos Cogo salientou que será um conquista gradual e exigirá paciência. Porém, os ganhos mais velozes no mercado externo tornarão o Brasil líder no mercado global de proteínas em termos absolutos.

O consultor apontou o agronegócio como uma grande oportunidade de alavancar a economia do País pós pandemia da COVID-29. Ele lembrou a atual previsão para o VBP (Valor Bruto de Produção) da Agropecuária é de crescimento entre 8% e 9%, o que se traduz em R$700 bilhões a valores deflacionados.

Segundo ele, hoje o juro pago pelo agricultor e pecuarista brasileiros está muito superior à taxa Selic. Isso se deve ao fato de que quando o último Plano Safra foi aprovado, a taxa Selic estava em 6,5% e hoje está em 3%, com viés de cair mais.

“É uma briga justa da Ministra (Tereza Cristina) pela queda na taxa de juros e aumento no volume de recursos no Plano Safra”, salientou. “Se o governo colocar mais US$5 bilhões para subvenção da taxa de juros no Plano Safra, ele consegue lançar um grande número de produtores, transforma em custeio, os investimentos em maquinário agrícola, implementos, insumos, recuperação de pastagens e pode ter certeza absoluta de que vai colher volumes dez, 20, até 30 vezes maiores do que aquele que ele vai aplicar”, salientou.

Segundo o pesquisador, enquanto o Brasil subsidia o equivalente a 3% do faturamento bruto da agropecuária, os chineses subsidiam o equivalente a 31% e os norte-americanos, o equivalente a 18%. “A gente está falando de US$5 bilhões para levantar o agronegócio e ter um número absolutamente enorme de crescimento ainda para 2020”, concluiu.

Confira a seguir a íntegra da entrevista:

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