05 mar 2020

China importou 59% mais carne de frango brasileira em 2020

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Respondendo por 17,5% do total das exportações brasileiras no primeiro bimestre, a China importou 115,4 mil toneladas, volume 59% superior ao realizado entre janeiro e fevereiro de 2019. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (5/3) pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Segundo a entidade, somando os dados de janeiro e fevereiro, o volume embarcado alcançou 672,2 mil toneladas, número 12,3% maior em relação ao efetivado no primeiro bimestre de 2019, com 598,4 mil toneladas.  Em receita, a alta chega a 10,5%, com US$ 1,082 bilhão em 2020, contra US$ 980,4 milhões efetivadas no ano passado.

No mês de fevereiro, 348,4 mil toneladas de carne de frango brasileira foram exportadas. O número é 10% superior aos embarques efetivados no segundo mês do ano passado, quando foram exportadas 316,7 mil toneladas.

As exportações de fevereiro geraram receita de US$ 553,8 milhões, resultado 5,2% maior em relação aos US$ 526,4 milhões realizadas no mesmo período de 2019.

“Assim como ocorreu com as exportações de suínos, a extensão do Ano Novo Chinês e as questões logísticas geradas na retenção do coronavírus não reduziram a demanda chinesa por carne de frango do Brasil", analisa Francisco Turra, presidente da ABPA.

Segundo a ABPA, os impactos na Peste Suína Africana continuam a ditar o comportamento do mercado de proteína animal. De qualquer forma, segundo o diretor executivo da entidade, Ricardo Santin, a epidemia de coronavírus pode fazer com o que crescimento projetado para a produção de proteína de frango na China não seja alcançado.

Em entrevista à aviNews Brasil, Ricardo Santin fala sobre os possíveis impactos do acordo EUA-China sobre o mercado brasileiro de proteínas, custos de produção, entre outros pontos importantes para o setor. Confira!

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Ricardo Santin é diretor executivo da ABPA

aviNews Brasil - De que forma o acordo EUA-China afeta o negócio de exportações de carnes de frango e suína brasileiras àquele país? Os preços podem ser afetados?

Ricardo Santin - Os Estados Unidos ganham competitividade com o acordo, mas não é esperado grande impacto nas exportações brasileiras de carne de frango e de carne suína para a China.

Ante qualquer eventual vantagem oferecida, há uma enorme lacuna no mercado chinês de proteína animal, resultado da eliminação de animais com a crise sanitária de Peste Suína Africana. 

Muitas matrizes foram abatidas e há um longo ciclo até que a situação se restabeleça.  Ao mesmo tempo, mesmo que todo o trade internacional fosse direcionado à China, demoraria ao menos dois anos para recompor as perdas daquele mercado. Em outras palavras, o mercado deverá seguir pressionado, com espaço para Brasil, EUA, União Europeia e demais fornecedores.

aviNews Brasil - Quais as atuais expectativas relacionadas à velocidade de recuperação da produção chinesa de carne suína e aumento da produção de carne de frango? Afinal, o país enfrenta focos de Influenza Aviária, além da epidemia de coronavírus.

Coronavírus exportações

Ricardo Santin - No início deste ano, indicadores apontavam para uma forte alta na produção chinesa de carne de frango.  O quadro, entretanto, apresentou complicações com a epidemia de coronavirus em humanos e Influenza Aviária.  Segundo o noticiário internacional, as ações de mitigação da epidemia geraram entraves logísticos que podem ter comprometido parte da produção avícola do país. 

Neste contexto, há a possibilidade de não se atingir o crescimento projetado para a produção daquele mercado. 

Já no caso do setor de suínos, com os impactos em matrizes produtoras por focos de Peste Suína Africana, o ciclo de recuperação é ainda mais longo.  Instituições como o Rabobank apontaram um quadro mínimo de três anos até o restabelecimento do mercado.  Há quem aponte até cinco anos.  É um prazo de difícil previsão, mas que deve perdurar, ao menos, até o fim do próximo ano.

aviNews Brasil - O coronavírus pode acabar sendo uma oportunidade às exportações de carnes do Brasil? Em termos logísticos, os problemas nos portos chineses por conta do coronavírus estão afetando cargas de carnes brasileiras?

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Ricardo Santin - O coronavírus gerou, até aqui, atraso no desembaraço de cargas em portos chineses.  Este é o único efeito notado por algumas empresas exportadoras. As negociações não pararam e os números das exportações de janeiro e fevereiro mostram que o comércio de carne de frango e de suínos para a China segue aquecido para o Brasil, com fortes elevações.  Já no curto prazo, acreditamos na normalização deste fluxo de exportações.

Não está claro que o coronavírus será, de fato, um impulsionador de demanda por proteínas a adicionar, de forma significativa, impactos sobre o efeito já gerado pelo PSA.  É preciso verificar a extensão dos impactos dos entraves à produção chinesa.

aviNews Brasil - A nova estimativa da CONAB elevou a safra 2019/20 de grãos para 248 milhões de toneladas, 2,5% maior que a anterior. A área chega a 64,2 milhões de hectares (1,5% maior) e produtividade média ficou 1% maior, em 3.864 kg/ha. O milho deve ficar em 98,7 milhões de toneladas, 1,3% menor que a última safra. Espera-se redução de 3% na segunda safra, devido aos riscos climáticos. Quais as expectativas do setor quanto aos custos de alimentação animal?

Ricardo Santin - Há algum tempo o setor de proteína animal brasileiro deixou de projetar seus custos com base em preços baixos para milho e soja.

A competição pelos insumos com o mercado internacional é notável, e pressiona os custos. Como contramedida, o setor desenvolveu estratégias para ampliar sua capacidade de suprir a própria demanda por meio da importação de insumos de nações produtoras como Argentina, Paraguai e Estados Unidos.  Ao mesmo tempo, por meio do Grupo de Trabalho do Milho (GT do Milho) da ABPA, o setor produtivo vem desenvolvendo estudos em busca de estratégias para suprir a demanda dos estados mais suscetíveis à estas oscilações através da sugestão de políticas públicas.

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