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A avicultura colombiana apresentou uma taxa composta de crescimento médio anual de 4,5% desde 2000, o que prova o grande trabalho realizado pelo setor avícola do país durante quase duas décadas. Além disso, essa indústria conseguiu colocar os produtos avícolas como a fonte de proteína animal mais importante da Colômbia, representando 50% do consumo do país.
O atual representante da FENAVI, Andrés Valencia, é economista formado pela Universidade dos Andes da Colômbia, com uma ampla trajetória em entidades associativas, temas sanitários e de abertura de mercados internacionais. Desde novembro de 2013 está presidente executivo da FENAVI. O conselho diretivo, segundo as normas internas, deve escolher um candidato que não tenha vínculos com o setor, por ter que representar os interesses de três áreas: genética animal, produtores de frango e ovos.
AviNews Na sua opinião, que diferença há entre você e seus antecessores no cargo?
Andrés Valencia O que temos feito nesses quatro anos é, sobretudo, ressaltar os números da importância do setor avícola. Digamos que, o que se lembra, é que na Colômbia não se conhecia em detalhes os números da produção, emprego, impacto que tem como proporção do Produto Interno Bruto agropecuário ou do Produto Interno Bruto do setor pecuário. De alguma forma, realçamos essa visibilidade e essa força do setor avícola, porque muita gente não sabe que a carne de frango é a mais produzida no país.
AN Que posição a avicultura ocupa dentro do setor agropecuário?
AV Nós quase dobramos a produção da carne bovina e somos cinco vezes maiores que a produção de carne suína. Quanto à produção de ovos é quase igual, em toneladas, à produção de carne bovina e, aproximadamente, o triplo da carne suína. Isso, do ponto de vista da política pública é chave e, particularmente, no governo da Colômbia, já que existe uma política pública muito focada na agricultura e a pecuária não fazia parte disso.
Nesse sentido, o que se observa é que, do ponto de vista da política pública, há uma enorme ênfase no cultivo do café, milho, arroz, cultivos transitórios ou permanentes e boa parte desses recursos são voltados para essas atividades, deixando de lado setores pecuários como: o frango, o suíno, a pesca e a aquicultura.
Nesse ponto, diríamos que no setor pecuário, quem sempre foi beneficiado é a pecuária, entenda-se como os bovinos. Por isso, existiu uma grande discriminação na condução das políticas públicas frente aos demais setores pecuários, diferentes da pecuária de gado e a leiteira. Por exemplo, a de leite tem uma política pública em que o preço é controlado e o governo, através do Ministério da Agricultura, regula o preço do leite. Além disso, existem incentivos para armazenamento de arroz, incentivos cambiais para as exportações de flores, existem incentivos de ajudas diretas aos cultivadores de café. Digamos que o setor avícola, como tal, não tem uma política pública que o apoie.
AN Considerando isso que o Sr. diz, que papel gostaria que o governo desempenhasse em relação ao setor avícola?
AV Nós não estamos esperando que o governo nos subsidie. Pelo contrario, resolvemos e temos dito isso abertamente, que o governo interceda o menos possível porque a intervenção estatal atrapalha. A enorme regulação obstrui, a quantidade de normativas dificulta a competitividade. Esse é um país que tem sérios problemas de competitividade, o custo país colombiano é muito alto e, por isso, a Colômbia ocupa os últimos lugares em matéria regulatória, de transparência, de liberdade econômica, porque existe um enorme marco regulatório.
Isso afeta, de alguma maneira, a atividade econômica porque a torna mais difícil, mais árido o terreno que precisa ser arado para poder fazer negócios nesse país. A isso deve-se somar a enorme carga tributária imposta às empresas que estão no campo.
Por isso digo que a melhor maneira de o governo ajudar é intervindo o menos possível, que baixe os impostos, ou que incentive os setores rurais de maneira mais decidida. Isso porque, hoje, os incentivos que existem são para o setor mineiro energético, particularmente para a exploração de petróleo. Existem incentivos importantes para a hotelaria e o turismo, além de algum ou outro incentivo para a indústria do ponto de vista em que há reduções de preços em bens de capital, matérias-primas e produtos que não são produzidos no país.
Para o caso do setor agro, se preguntar a um produtor de arroz e leite, o que gostaria é assegurar o subsídio e, ao contrário, o setor avícola quer a menor intervenção estatal e que nos garantissem o maior acesso às matérias-primas.
AN Quanto às matérias-primas usadas na indústria avícola, estas são nacionais o importadas?
AV Para o setor avícola colombiano, 100% das matérias-primas são importadas como o milho, soja e farelo de soja. Aqui na Colômbia, a produção do milho amarelo praticamente estagnou no milhão de toneladas, destinado ao consumo humano – aqui nós, os colombianos, consumimos as arepas (pães) de milho amarelo ou branco. Além disso, essa produção de milho amarelo é pouco competitiva, sendo que o rendimento por hectare deve estar na ordem de 3,5 a 4 toneladas, podendo chegar às vezes a níveis mais altos, porém a produtividade é muito baixa. Desde 1990 a produtividade continua sendo a mesma, já que não é competitiva.
Os produtores avícolas não vão comprar um milho que vá custar entre 25% e 30% mais que o milho importado, já que, primeiro, está a rentabilidade do próprio negócio avícola. A avicultura dobrou ou triplicou entre os últimos 30 e 40 anos. E o cultivo de milho jamais cresceu à mesma taxa que devia crescer para atender as necessidades para abastecer o setor avícola. Então, temos uma insuficiência de milho amarelo de 100% para a produção de alimento balanceado.
AN Então, qual é o nível de importação das matérias-primas para o setor avícola?
AV Entre milho amarelo, soja e farelo de soja, a Colômbia está importando aproximadamente 7 milhões de toneladas desses três produtos, dos quais 70% estão destinados ao setor avícola. A Colômbia fechou um TLC com os EUA nesta área e, afortunadamente, o farelo de soja e a soja, hoje em dia, são livres de impostos. Enquanto para o milho amarelo, existe uma administração do comércio porque temos um contingente tarifário que, para esse ano, deve ser da ordem dos 2,6 milhões de toneladas que ainda continua sendo insuficiente. Uma vez esgotada a cota é preciso pagar uma taxa que, para este ano, deve estar próxima de 10,4%.
Por isso, de todas as formas, existe uma tarifa que precisa continuar sendo paga e não se pode trazer milho de outros países, porque o acordo negociado com o Mercosul não inclui o desmonte de um sistema que se chama banda de preços online para uma quantidade de produtos agropecuários. Por exemplo, há um ano, se quiséssemos ter trazido milho amarelo da Argentina e Brasil, teríamos que pagar uma taxa de 60%. Hoje, com o aumento dos preços do milho e da soja, particularmente do milho, a taxa para o Mercosul está em torno de 11%. Então, o que vamos ver hoje é um possível desvio do comércio para trazer milho do Mercosul, em vez dos EUA e isso nos tranquiliza. No entanto, quando voltam a baixar os preços volta a encarecer o milho do Mercosul e sobem os impostos a essas taxas.
Digamos que estamos em uma etapa onde o milho está praticamente livre de impostos na Colômbia e isso tem ajudado a fazer com que os custos de produção sejam mais baratos antes de ter assinado o TLC (o TLC entrou em vigor em 2012, porém a negociação se encerrou em 2004).
AN De acordo com você, com o governo de Donald Trump haverá alguma mudança?
AV Esperamos que não. Especificamos que neste momento, se olharmos os números, em perspectiva do que foi o TLC com os EUA, favoreceu mais aos agricultores norte-americanos. A Colômbia é o terceiro, ou quarto país mais importante para o milho amarelo americano, sendo o segundo importador de milho das américas, depois do México, já que no ano passado a Colômbia importou 4,700 milhões de milho amarelo.
AN O que podes nos dizer sobre o efeito do TLC na indústria de frangos?
AV Como parte do TLC com os EUA, negociou-se o frango, onde liberou-se algumas partes do frango: peito e asas sem impostos; frango inteiro com uma redução linear em 10 anos; quartos traseiros – coxas, pernas e pernil com um contingente tarifário com uma quota que cresce 5% a cada ano para os exportadores norte-americanos (pagam O até cumprir 30.000, quando se atende toda a quota, terão que pagar uma tarifa onerosa, que faz com que as importações dos quartos traseiros estejam bastante controladas). Do total da venta de frango da Colômbia, apenas 4% correspondem a importações de frango.
AN Quais os principais desafios enfrentados pela FENAVI?
AV Recentemente foi finalizada a eleição presidencial. Estamos muito atentos com a postura do novo Presidente da República eleito (Iván Duque Marquéz). Isso vai abranger muito do que ocorra com vários setores econômicos do país. De maneira que, um grande desafio para nós é atuar para que o novo governo mantenha uma política de apoio ao setor agropecuário, especialmente com o setor avícola, considerando que somos os grandes fornecedores da proteína animal do país.
Necessitamos que sejam respeitadas as regras do jogo que vimos trabalhando há anos. Por exemplo, na Colômbia, a carne de frango e os ovos não têm IVA (Imposto ao Valor Agregado) e, digamos que o IVA das matérias-primas como o milho, soja e farelo de soja, a autoridade tributária nos devolve, pela categoria de bem isento que temos, ou seja, não é transferível ao consumidor final.
Então, essa regra do jogo é fundamental, porque permitiu, primeiro, oferecer um produto sem IVA a um preço econômico e, em segundo lugar, facilitou muito a formalização da avicultura no país. Devido a isso, ao ter o direito à devolução do IVA, a autoridade tributária exige algumas contabilidades, contas muito claras das empresas, com máximo detalhe das transações que têm IVA, para poder reconhecer esses IVAs depois. Isso tem permitido que haja uma maior formalização do setor avícola, que talvez seja o mais formal dentro do setor agropecuário.
AN Qual foi o crescimento do setor avícola anual?
AV A taxa composta de crescimento médio anual foi de 4,5% desde o ano 2000. No ano passado crescemos 6,4%, somando frangos e ovo. Isso significa um crescimento da produção de frango e ovo de 5,7% e 7,7%, respectivamente. A cada ano, a avicultura está crescendo, rompendo um novo recorde em produção de ovos e frango. Portanto, os consumos per capita também registram recorde. O ano passado, fechamos com um consumo per capita de ovos de 279 unidades por pessoa e, para o consumo da carne, 32,8 kg por pessoa.
Então, isso faz com que seja uma alternativa importante nutricional para os colombianos, já que o consumo per capita das outras carnes são: carne de boi (16 quilos), suínos (8,5 quilos) e pescado (entre 7 e 8 quilos). Cabe destacar que o grande fornecedor de proteína animal é a avicultura, com mais ou menos 50%. É importante lembrar que o consumo de proteína é muito baixo. Esse é um país que tem uma receita per capita mediana baixa. Para dizê-lo de outra forma, ainda há uma população na linha da pobreza, existe uma classe média que apenas está crescendo e isso faz com que sejamos uma espécie de setor contra-cíclico num momento de economia difícil, como foi 2017. Quando o país cresceu apenas 1,8%, a demanda de frango e ovo cresceu 6,4%, ou seja, as pessoas voltaram a consumir essa proteína.
AN Quanto à produção, que volume é destinado ao mercado interno e ao externo?
AV Na Colômbia, toda a produção de frango é destinada ao consumo interno. Neste momento não há exportação, porque temos a Doença de Newcastle. Portanto, temos que erradicar a Doença de Newcastle, já que enquanto esteja circulando pela Colômbia, teremos restrições comerciais.
AN Que quantidade da produção de ovos é destinada a ovoprodutos?
AV Na Colômbia, 2% são destinados à produção de ovoprodutos. Nós acreditamos que vá haver um crescimento acelerado dessa produção, já que entraram novos atores. Além disso, é preciso incentivar uma cultura de utilizar o ovo pasteurizado, por exemplo, nas padarias onde se prefere o ovo na casca, ao pasteurizado, também por uma questão tributária onde o ovo pasteurizado paga 19% de IVA, enquanto o na casca não tem IVA.
AN Qual foi o crescimento da produção avícola nos últimos 7 anos (2010-2017)?
AN Como vem se comportando o consumo per capita de ovos nos últimos 7 anos (2010-2017)?
AN Qual foi a estratégia da FENAVI para incentivar o consumo de ovos e frango?
AV Tudo parte da base de que nós temos um fundo que é alimentado por um imposto pago pelos avicultores, o que se conhece na Colômbia como um fundo para-fiscal. Esses são fundos criados por leis do congresso onde, quase todo setor agropecuário tem seu próprio fundo para-fiscal.
Esse fundo, este ano, entre poupanças, dividendos, juros para certificados de depósitos a prazo, investimentos de longo prazo, mais o próprio aporte dos avicultores, deve ter um orçamento de aproximadamente 9 a 10 milhões de dólares. Apenas a coleta da quota para-fiscal, independentemente dos rendimentos e outros ganhos, é de cerca de 6 e 6,5 milhões de dólares. Esse dinheiro, em proporção ao arrecadado das terceiras partes, vem dos produtores de frangos de corte e, uma terceira parte, dos produtores de ovos, já que no ano passado foram alojados 765 milhões de pintos de corte e 45 milhões de aves poedeiras. Por isso, é menor como proporção do preço, o imposto que pagam (depende da quantidade de aves alojadas).
Esse dinheiro é destinado a três programas transversais aos dois setores: Programa Sanitário, Programa Ambiental e Programa Econômico. Essa é a primeira distribuição do recurso, que é feito entre esses três programas. Os recursos que ficam, são divididos em dois terços para frangos e, um terço para ovos. E a lei diz que deve-se investir na promoção do consumo para frango e ovos. Cada subsetor tem sua própria campanha e sua própria estratégia de publicidade. Porque esta é uma organização onde os produtores intervém muito. Por isso, existe um comitê nacional para frango e para ovo, comitê nacional de marketing para frango e para ovo, junta do fundo nacional avícola e uma junta diretiva da federação. Logo há um acordo institucional, onde os avicultores participam na tomada de decisões sobre o que vão fazer com seu próprio dinheiro, enquanto nós apenas o administramos.
Cada um define sua própria política de difusão de consumo. Ao ter, o frango, maior recurso, tem maior possibilidade de promover melhor seus produtos, que a campanha publicitária seja mais lembrada e mais frequente em todos os meios; televisão, rádio, digitais, escrito etc. Além disso, existem ativações com os consumidores, fazemos dois festivais de frango por ano, ou seja, pegamos os vendedores de carnes, vamos aos bairros onde estão as lojas que vendem carne de frango, aos supermercados e fazemos concursos via rádio já que temos uma aliança com uma emissora, a RCN. Então, fazemos uma divulgação dessas campanhas. Vamos às escolas com um programa que se chama “Frango na Escola” e ensinamos às crianças as vantagens nutricionais do frango, damos brindes e receitas para que entreguem a seus pais. Também existe uma aliança com a Associação Colombiana de Endocrinologia para que nos ajude a desmistificar os mitos sobre o frango.
A campanha do ovo é uma ação espelho, de menor dimensão, pelo recurso, onde temos o “Dia Mundial do Ovo” em outubro, fazemos uma ativação. Além disso, temos alguns comerciais em televisão – a campanha do ovo este ano está muito vinculada ao esporte, não só ao futebol, como ao ciclismo e atletismo, pensando muito em nossas estrelas desportivas, já que a Colômbia classificou para o mundial, temos ciclista de categoria mundial no circuito internacional, há medalhistas olímpicos de ouro no atletismo. É um pouco o mesmo, porém, de menor alcance, considerando que o recurso é mais moderado.
AN O que representou o reconhecimento do Golden Egg Award da IEC, International Egg Commission, pelas campanhas de fomento ao consumo do ovo?
AV É um reconhecimento às campanhas feitas pela FENAVI durante quase 25 anos. Nós temos uma instituição única na América Latina, senão no mundo. Na América Latina não há nenhuma entidade avícola ou agropecuária que tenha um fundo para-fiscal. Na Colômbia o têm os cafeicultores e outros setores. Não fossem estes fundos, não contaríamos com os recursos, porque a política pública agropecuária colombiana, apesar de ter dedicado boa parte de sua gestão para apoiar a agricultura de todas as maneiras, esse recurso não foi suficiente. Isso tem feito com que os próprios setores agropecuários busquem formas de serem donos de sua própria política pública. O foco da FENAVI, não foi apenas o consumo, como também o aspecto sanitário e, agora, o ambiental.
A campanha do ovo, em particular, apresentou resultados tangíveis. Em 2010, 25% dos colombianos consumiam um ovo diário e hoje chegamos à taxa de 50% que consomem essa quantidade. Nos falta conquistar a outra parte da população. Isso comprova que a campanha ajudou muito a incentivar o consumo e, por isso, recebemos esse reconhecimento da International Egg Commission.
AN Qual é o valor do setor avícola na Colômbia?
AV Conjuntamente com o DANE (Departamento Administrativo Nacional de Estatística) foi avaliado o valor da avicultura na Colômbia em 6.250 milhões de dólares contabilizando frangos, ovos e com os animais vivos na granja. Isso faz com que o setor avícola seja, talvez, o de maior valor dentro do setor agropecuário colombiano. Vale mais que uma colheita cafeicultora, as flores, a banana, o açúcar, o gado, o suíno, o leite. Por ser um setor de enormes dimensões, quando se fala de 760 milhões de aves engordadas em um ano, mais 45 milhões de aves poedeiras, mais 13 mil 800 milhões de unidades de ovos, mais 1 milhão 560 mil toneladas de carne de frango, isso soma muito. Para ficar em apenas um valor, somente a produção de ovo alcança US$1.200 milhões.
AN Quanto ao ordenamento territorial, como está distribuída a produção avícola?
AV A Colômbia é um país que tem 1.100 municípios e há avicultura pequena, média e grande em 400 deles. Existem três grandes áreas produtoras: Santander; a outra está no centro do país, no departamento de Cundinamarca e a região do Tolima e Huila (em plena cordilheira); e a última seria a região sul ocidente, que inclui o departamento do Valle e o norte do departamento do Cauca (regiões vizinhas). Nessas três regiões está 75% da avicultura e os outro 25% estão repartidos em, aproximadamente 10% a 12% em Antioquia, e o restante no que se conhece como o Eje Cafetero e a Costa Atlántica.
AN Quantos produtores pertencem à FENAVI?
AV Na Colômbia há aproximadamente 150 empresas pertencente à FENAVI, representando aproximadamente 70% do alojamento do setor avícola colombiano. Isso significa que o nível de representatividade é alto.
AN Com relação a preço, como foi o comportamento dos preços anuais?
AV Atualmente temos uma inflação negativa, os preços do ovo baixaram 4,5% nos 12 meses e, no frango, o preço deve estar caindo 1% anual. Ou seja, os preços estão em baixa.
AN Qual foi a inflação total na Colômbia e como ela afetou o setor avícola?
AV No ano de 2016 tivemos uma inflação alta, em 2017 a inflação baixou e, em 2018, finalmente foi colocada dentro da meta do Banco da República. Hoje em dia, a Colômbia tem uma inflação que está abaixo de 4% anual. No entanto, tivemos uma inflação muito forte em consequência da desvalorização que tivemos nos anos 2014 e 2015. Isso fez com que a inflação dos alimentos disparasse. Por isso, a inflação também afetou a carne de frango e ovo, dependentes de matérias-primas importadas e também subiram seus preços.
Por exemplo, a inflação de março de 2018 é de 3,14% anualizada para doze meses e, há um ano, em março, a inflação era de 4,69%. Como expliquei, em 2016 tivemos uma inflação que a essas alturas era próxima de 9% por conta da desvalorização, que afetou muito fortemente nosso setor, porque os custos aumentaram para quase 45% em um semestre e, além disso, coincidiu com o esgotamento contingente do milho sem imposto, ou seja, tínhamos que pagar uma tarifa de 14%, afetando muito a rentabilidade. Porém, em 2015, a inflação fechou em (6,77%), em 2016 (5,75%) e 2017 (4,09%).
AN Que variáveis afetam os custos da produção do frango?
AV Nos afeta o preço do dólar e o dos grãos. A inflação não nos afeta porque não somos consumidores da cesta básica. Transferimos à cesta básica, de fato, as quedas nos preços do frango e ovo e a oferta, de alguma maneira, amortizou o maior aumento nos preços dos alimentos. No dólar temos um processo de ligeira valorização neste momento. A taxa de câmbio está na ordem dos 2.800 pesos por dólar e há um ano estava acima de 3.000 pesos por dólar. Isso permitiu que o dólar esteja mais barato, o que não implica que as matérias-primas estejam mais baratas porque o preço do milho amarelo está aumentando, já que está vinculado ao petróleo e a soja vem aumentando por rumores de seca no Brasil e Argentina.
AN Qual visão do sistema livre de gaiolas?
AV Está começando a ser um tema. Na FENAVI nós temos afiliados que são livre de gaiola, afiliados que estão em gaiola, afiliados que estão em pastoreio. Existem empresas que têm os três sistemas de produção, empresas muito grandes que têm aves em piso e outras muito grandes que têm aves em gaiolas.
Não exclusivamente, se há um tema relacionado ao espaço ou às liberdades, porque nos três sistemas há méritos suficientes para que a ave esteja nas melhores condições possíveis e é apressado satanizar um sistema de produção sobre outro, Nisto nós somos muito claros.
AN Com que finalidade foi criada a ferramenta Maps?
AV Esse é um sistema de informação geográfica que fizemos a partir de um mapa que construímos em conjunto com o Ministério da Agricultura, com o objetivo de saber quais eram as regiões mais apropriadas para que a avicultura pudesse se estabelecer. Não apenas as regiões onde já estão situadas as granjas, como futuramente, regiões potenciais. Porque é preciso realizar uma recolocação de algumas áreas produtivas para outros lugares. Digamos que esse mapa é um sistema de informação geográfica que apresenta, por região e por departamento, quantas granjas há; se são de frangos e ovos e variáveis socio-econômicas.
AN Como está coexistindo a avicultura com o meio ambiente?
AV Aqui criamos uma direção ambiental, é um tema que cada vez é mais desafiados para o setor. Porque é um setor que gera odores característicos e isso, muita gente não entende, nem compreende. Especialmente, naquelas regiões urbanas que se vêm aproximando das regiões rurais – que o campo tem que cheirar a campo. Aí estamos em uma permanente interação com as comunidades e as autoridades ambientais para que eles entendam que estas indústrias emitem odores característicos e que chegaram primeiro que muitas áreas de expansão urbana nas zonas rurais.
Por isso é preciso preservar e respeitar os direitos adquiridos dessas granjas que estão a mais de 40 e 50 anos ali. Que evidentemente a avicultura vem fazendo aquisições em equipamentos e investimentos para mitigar os odores e, além disso, há alguns incentivos tributários que já existem para que esses investimentos de caráter ambiental tenham seus descontos tributários, especialmente no imposto de renda. Então, é um tópico que está pleno na nossa agenda, que é de muito trabalho, muita intensidade e de toda prioridade para nós.
AN Quais as expectativas para a avicultura nos anos vindouros?
AN Está próximo o Congresso Nacional Avícola da Colômbia, o que poderia nos adiantar?
AV Sim, teremos nosso Congresso Nacional Avícola de 5 a 7 de setembro de 2018, em Bucaramanga. Esta é uma das grandes regiões produtoras avícolas. Oferecemos uma agenda técnica e empresarial e esperamos que participe o novo presidente eleito da Colômbia. Para esse evento, se prevê a participação de cerca de 2.000 pessoas com uma exposição comercial de 150 estandes e, além disso, contaremos com o apoio especial da embaixada da Holanda, que estará presente com uma área laranja, como eles a denominaram – onde vão participar pequenos e médios fornecedores holandeses para a indústria avícola. Então vai ser um bom cenário para colocar-se em dia com o que está acontecendo com a avicultura colombiana.